sábado, 25 de julho de 2015

QUIMERAS

            Nunca em muito tempo revi que as formas de ignorância são relativas, a que não possamos evitar que estar nas letras seja a última palavra. O modal febril das metas do jornalismo subverte o próprio conceito, a que seja utilizar a palavra mais certa: inverte conceitos, estes no plural, no sentido estrito, qual seja, o de vermos uma praia e suas chuvas, da água que verte, dos rios pequenos e incólumes nas vertentes das montanhas, a que agradecemos – desde já – o acompanhamento solene da Natureza. Se a fonte de sabermos de uma vereda marinha, de como manejar um bom barco, de como nadarmos em mares com pedras que rasgam com suas cascas de ostras um joelho, de como andamos por sobre o lodo, acompanhados, mesmo que sozinhos frente a essa maravilha, com o voo de pássaros, essa questão passa certamente por uma adaptação bem realizada. A vida de um homem pode se tornar o cenário infinito de uma relação em que supostamente pertenceria a geração dos quarentões, posto terem vivenciado estes a infância de rua, nos intervalos de estudos, qual seja, um país que fosse ideal, sem a semântica altamente conturbadora em que a brincadeira já vem pronta hoje com os seus botões, e a sistemática onda computacional gera na criatividade apenas atos reflexos, ou inteligências geradas por outrem. Apenas um fato exposto, posto que, não necessariamente todos os países passem por isso, mas na questão de países do primeiro mundo o sedentarismo toma forma volumétrica, e a saída passa a ser os mecanicismos de uma academia, de uma piscina fechada, ao que, nos parece agora, tenhamos momentos de lucidez para nos encontrarmos em nós mesmos a rever conceitos estritamente na praticidade dos atos, na atitude em si, em que o ensinamento da história de uma cidade possa remeter ao que era uma aldeia, e possamos revisar nossa forma de vida, nossa questão existencial... Em tudo isso passa por nossas vidas a necessidade estruturante de pensarmos a cidade em não nos fecharmos em condomínios que segregam populações, mas melhorar a qualidade de vida de todos, criando condições melhores a partir da limitação das lides de ganância. Em outras palavras, que se plantem árvores, que repensemos educações ambientais em suas vivências lúdicas, ou que as tornemos assim, quase um bom jogar, que se oriente o esporte, e que se combata a agressividade humana, o stress, antes com o diálogo e, se não for possível, com a denúncia. Que lutemos por justiça social, e a educação se torna muito importante nesse campo: essencial.
            Saber-se pintor, arquiteto, pensador, jornalista, escrivão, chargista, caricaturista, desenhista de HQ, por vezes, por excesso de estudos, é saber-se não se ser... Estamos polarizando a sociedade em especialidades, em rotinas fechadas. Isso abre espaço a um Estado meio assustador, meio que devorador e totalitário. Na contra parte, existe uma ampla possibilidade de participarmos de um contexto editorial maravilhoso através do mesmo sistema informacional em que situamos a instrumentalização da máquina. É através dela que podemos emitir ideias, informarmo-nos em boas fontes, criarmos um jornal virtual, trabalharmos em criações gráficas, copiarmos de outros países algumas soluções tecnológicas, mas sempre preparados para que tudo não se torne a coisa de per si; a questão é de um pressuposto em que, saibamos, teremos de sair da casca e navegar igualmente pelas ruas e reportar algo de grave, sermos solidários com aqueles que abrem essa possibilidade e agirmos com neutralidade àqueles que nos remetam a um mundo em que eles possam viver em si, o mundo deles, não o nosso... Se a sociedade prega um sistema de informações valiosas, quão valioso é o sistema? A casca do caramujo pode ser maior do que grandes estruturas, a questão é apenas qual a dimensão delas. Não é tão simples, caros amigos, de tratar-se do olho por olho, dente por dente, ou quem com o ferro fere com o ferro será ferido, mas sim do dejeto na praia, da hipocrisia, do preconceito ou da fabricação de um surto psicótico, dos medos ocultos, das síndromes de pânicos existentes por razões concretas. A questão é que, antes de ferirem com os ferros, muitos dos ferimentos sutilmente cruéis são tramados dentro de uma normalidade que torna a sociedade enferma em sua própria patologia de um limbo escatológico, de uma esquizofrenia normativa. É sobre pequenas questões de covardia, de alfinetadas em que vertemos por vezes a última gota de um copo já cheio, é sobre a pressão em cima de muitos trabalhadores, é sobre o roubo de grandes fortunas e suas premiações na podridão da delação, sobre todo um sistema jurídico que teima em prosseguir corrupto, sobre golpes brancos ou não e suas tentativas que cansam até os melhores guerreiros da democracia participativa, sobre tudo isso, meus irmãos... Até o ponto em que um indivíduo que toma toneladas de medicação e recebe alfinetadas todo o tempo, é sobre um ferro que fere sem se mostrar, um ferro que abre feridas na montanha, no lado que não se vê, o ferro que pregou a mão do salvador na cruz, e ambos os pés com um cravo maior, que fere outros, esses ferros são drones que incomodam a alma de quem vive a vida apenas querendo viver melhor os dias sagrados de quem vive pra melhorar. A todos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário