Nunca em muito tempo revi que as
formas de ignorância são relativas, a que não possamos evitar que estar nas
letras seja a última palavra. O modal febril das metas do jornalismo subverte o
próprio conceito, a que seja utilizar a palavra mais certa: inverte conceitos,
estes no plural, no sentido estrito, qual seja, o de vermos uma praia e suas
chuvas, da água que verte, dos rios pequenos e incólumes nas vertentes das
montanhas, a que agradecemos – desde já – o acompanhamento solene da Natureza.
Se a fonte de sabermos de uma vereda marinha, de como manejar um bom barco, de
como nadarmos em mares com pedras que rasgam com suas cascas de ostras um
joelho, de como andamos por sobre o lodo, acompanhados, mesmo que sozinhos
frente a essa maravilha, com o voo de pássaros, essa questão passa certamente
por uma adaptação bem realizada. A vida de um homem pode se tornar o cenário
infinito de uma relação em que supostamente pertenceria a geração dos quarentões,
posto terem vivenciado estes a infância de rua, nos intervalos de estudos, qual
seja, um país que fosse ideal, sem a semântica altamente conturbadora em que a brincadeira
já vem pronta hoje com os seus botões, e a sistemática onda computacional gera
na criatividade apenas atos reflexos, ou inteligências geradas por outrem. Apenas
um fato exposto, posto que, não necessariamente todos os países passem por
isso, mas na questão de países do primeiro mundo o sedentarismo toma forma
volumétrica, e a saída passa a ser os mecanicismos de uma academia, de uma
piscina fechada, ao que, nos parece agora, tenhamos momentos de lucidez para
nos encontrarmos em nós mesmos a rever conceitos estritamente na praticidade
dos atos, na atitude em si, em que o ensinamento da história de uma cidade
possa remeter ao que era uma aldeia, e possamos revisar nossa forma de vida,
nossa questão existencial... Em tudo isso passa por nossas vidas a necessidade
estruturante de pensarmos a cidade em não nos fecharmos em condomínios que
segregam populações, mas melhorar a qualidade de vida de todos, criando condições
melhores a partir da limitação das lides de ganância. Em outras palavras, que
se plantem árvores, que repensemos educações ambientais em suas vivências lúdicas,
ou que as tornemos assim, quase um bom jogar, que se oriente o esporte, e que
se combata a agressividade humana, o stress, antes com o diálogo e, se não for
possível, com a denúncia. Que lutemos por justiça social, e a educação se torna
muito importante nesse campo: essencial.
Saber-se pintor, arquiteto,
pensador, jornalista, escrivão, chargista, caricaturista, desenhista de HQ, por
vezes, por excesso de estudos, é saber-se não se ser... Estamos polarizando a
sociedade em especialidades, em rotinas fechadas. Isso abre espaço a um Estado
meio assustador, meio que devorador e totalitário. Na contra parte, existe uma
ampla possibilidade de participarmos de um contexto editorial maravilhoso através
do mesmo sistema informacional em que situamos a instrumentalização da máquina.
É através dela que podemos emitir ideias, informarmo-nos em boas fontes,
criarmos um jornal virtual, trabalharmos em criações gráficas, copiarmos de
outros países algumas soluções tecnológicas, mas sempre preparados para que
tudo não se torne a coisa de per si; a questão é de um pressuposto em que,
saibamos, teremos de sair da casca e navegar igualmente pelas ruas e reportar
algo de grave, sermos solidários com aqueles que abrem essa possibilidade e
agirmos com neutralidade àqueles que nos remetam a um mundo em que eles possam
viver em si, o mundo deles, não o nosso... Se a sociedade prega um sistema de
informações valiosas, quão valioso é o sistema? A casca do caramujo pode ser
maior do que grandes estruturas, a questão é apenas qual a dimensão delas. Não é
tão simples, caros amigos, de tratar-se do olho por olho, dente por dente, ou
quem com o ferro fere com o ferro será ferido, mas sim do dejeto na praia, da
hipocrisia, do preconceito ou da fabricação de um surto psicótico, dos medos
ocultos, das síndromes de pânicos existentes por razões concretas. A questão é
que, antes de ferirem com os ferros, muitos dos ferimentos sutilmente cruéis são
tramados dentro de uma normalidade que torna a sociedade enferma em sua própria
patologia de um limbo escatológico, de uma esquizofrenia normativa. É sobre
pequenas questões de covardia, de alfinetadas em que vertemos por vezes a última
gota de um copo já cheio, é sobre a pressão em cima de muitos trabalhadores, é
sobre o roubo de grandes fortunas e suas premiações na podridão da delação,
sobre todo um sistema jurídico que teima em prosseguir corrupto, sobre golpes
brancos ou não e suas tentativas que cansam até os melhores guerreiros da
democracia participativa, sobre tudo isso, meus irmãos... Até o ponto em que um
indivíduo que toma toneladas de medicação e recebe alfinetadas todo o tempo, é
sobre um ferro que fere sem se mostrar, um ferro que abre feridas na montanha,
no lado que não se vê, o ferro que pregou a mão do salvador na cruz, e ambos os
pés com um cravo maior, que fere outros, esses ferros são drones que incomodam
a alma de quem vive a vida apenas querendo viver melhor os dias sagrados de
quem vive pra melhorar. A todos...
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