Parece anacrônico falar em paz, pois
esta vem com Deus embutido e tudo, sem saberem sequer qual deus seja, o de
amor, o que fere com ferro, o que embrutece a bondade, ou um misto de cada
qual, dependendo do que se faz com o deus que descortina o hedonismo, que no
mundo de hoje revela apenas pecado. Os que temem diretamente por seus atos,
cometem algo contra a paz, em conluios secretos, pois a aliança que constrói
muros em qualquer lugar do mundo atenta a favor do apartheid que teima em
ocorrer no desastroso rumo em que o poder leva os homens a cometer. Enquanto
muitos estão examinando genitálias, eu, quem dera possa, mas escrevo, porque
devo escrever, faz parte de meu espírito. É um pouco de denúncia o que escrevo
agora, denúncia contra os crimes de lesa pátria, os objetivos de uma casta que
não quer largar o osso, o falsete de uma voz terna que encobre a águia,
inversamente ao carinho que teço pelos puros de alma, que se amem, e que os
encontro, já idosos, formados casais em companheirismo de uma vida de
fidelidade e existência comum, que encontro em uma igreja católica – no exemplo
cabal de minhas caminhadas – ao que encontro também companheiros de luta que não
lhe importem tanto as preocupações mesquinhas pequeno burguesas. Para mim, que
levo praticamente uma vida espartana, toco meu barco aprumado nas estrelas, e
levo em conta ter aceitação entre os meus, as forças que me movem, o bem estar
da gentileza, a batalha quase inumana de conseguir continuando sendo cavalheiro
mesmo recebendo as ofensas por tabela, ou seja, aquelas que não são diretas,
mas seguem nas laterais de recortes de frases estudadamente falseteadas pelos
canais animalescos da contra informação. Será algo deste pensar talvez quimérico,
mas é apenas um texto onde expresso meus sentimentos...
Não precisam invejar minha vida,
pois que é uma luta de sacrifícios, mas saibam aqueles que estão em lutas
semelhantes que prezar por uma sociedade mais igualitária é sofrer preconceitos
de ordem profissional, de raça, de credo, de enfermidades ou ideologias que,
graças a Deus – este sim, pontuado como Verdade – traz a expressão bela à tona,
bela em sua generosidade de compartir imparcialmente algum fato relevante a
quem quer que seja, com quaisquer passados, sem revanches, no perdão, para
sermos igualmente perdoados! Me dá um vazio saber de voz que escuto no fone,
estas vozes alheias que, como marujo ainda inexperiente, não o sei de utilizar
um rádio para sistematizar a minha própria rota de navegação, derivando em
laivos romanescos em que não tenho mais o direito de ter. Teria ganas de ser
apenas um soldado, pois já me acostumo a uma férrea disciplina, e a aventura não
faz parte de meu caráter, na acepção de que o tenhamos bom... Apenas de se
sentir, o sinto, que possuo a bondade como caráter, mas treino a defesa como
arte, justo, mesmo que talvez seja o mortal mais pacífico de muitos.
O álcool em excesso, à adição com substâncias
tóxicas, os hormônios, a ansiedade, os surtos induzidos ou não, leva-nos a crer
que estejamos em uma sociedade caótica, no ponto de vista da normalidade, pois
as páginas policiais e as reportagens revelam o caos filmado de camarote, ou
seja, há casos em que passamos a presenciar a morte, real, consubstanciada pela
televisão, documentada: como agem, como são e o que fazem. Como qualquer cidadão
de bem, gosto de caminhar nas ruas, e o que vejo são portas fechadas, grades,
condomínios, e, do lado de fora, em alguns lugares, um ermo, e imagino como não
estará a incidência da violência nas ruas de grandes metrópoles brasileiras...
Vivo em Florianópolis, e amo esta cidade. Tive uma infância muito boa, vivia na
rua, estudava cumprindo com a escola, mas vivenciava e criava meus próprios e
recreativos passatempos, ou na praia, ou nos bosques, ou inventando, ou
montando aeromodelos, aprendendo arte, estudando em boa escola. Infelizmente, a
tecnologia moderna impede que as crianças e adolescentes estejam distantes da
por vezes única realidade da informática e seus aparelhos domésticos, ou da
proximidade com drogas, quando da vulnerabilidade de lugares mais periféricos,
distantes daqueles que levam uma vida em classes mais altas. Até que ponto
seremos tão desiguais assim? Será mesmo que Deus tem predileção pelos ricos?
Talvez aqueles que vivam melhor e abracem as causas populares tenham esse
espaço ao Criador, mas a paz é sinônimo de igualdade econômica, social, política
e humana. A grande equação é esta, e, como queiram, estes são os eixos necessários
para prosseguirmos. Esta reza os direitos humanos como condição de sobrevivência
digna de uma nação, seja na sua representatividade democrática através das
autoridades, seja na emancipação da soberania popular. Se a fase manda, que sejamos
populistas, nacionalistas, que juntemos as forças de nosso Brasil para
preservar as instituições, e que saibamos daqueles que prestam um desserviço à
população do país quando insuflam rupturas calcadas no rancor, mesmo em cargos
de responsabilidade que devem efetivamente ser parciais e impessoais na sua
conduta. Não precisamos de nomes, pois há representações maiores e altamente
simbólicas, mas há também uma atuação da PF em nosso país que tem se mostrado
eficiente e independente em suas iniciativas profiláticas. Meus companheiros de
jornada, não são dois pesos e duas medidas, pois quando pesa no lado inverso
partem para a agressão como estratégia coativa. Isso desmerece o poder público
pois, se a justiça aponta seus suspeitos, deixemo-la definir provas para que
estes sejam tratados da mesma forma que os demais, e a mídia, graças ao bom
senso, tem se mostrado mais imparcial nessas questões.
O caminho da paz é longo, de longo
prazo, é um grande projeto nacional. É a partir dele que podemos apontar as
desigualdades que gerem a reivindicação natural das classes, e a participação
cada vez maior – essa tão sonhada democracia participativa – já é um processo
que se torna cada vez mais frequente em nossa sociedade. Há que se preservar as
conquistas e unir todas as forças para caminharmos, não tanto em silêncio, mas
logicamente em progresso, sabendo que a ciência em nos tornarmos mais
conscientes em todos os campos, a cada qual, caminha no sentido mesmo da Pátria
Educadora. Por vezes, uma frase de luz é um dia de aula na alma de um ser...
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