Estamos fadados a nos sentir
superiores se temos o controle, ou algum poder que passe mais do que se trama
em nossa consciência no modo da ignorância? Tudo aquilo que nos envolve
fartamente na natureza das coisas, uma coisificação social, transformando-nos
em objetos de descarte, ou mesmo com validade estendida, tem a ver com o falso
ego, pois este vincula nossa vida fortemente à natureza material. Apesar de
muitos não quererem se envolver, buscam no seu próprio hedonismo as relações
casuais, como em um descarte de fruição do prazer, no que acaba por envolver em
outras tramas alguns requisitos de poder. Obviamente, a Natureza possui sua
própria lógica, que transcende as prerrogativas de antecipação de controle,
pois apenas imitamos, e nossos scripts, sejam quais forem, incluso os de ordem
viral, serão sempre mais atrasados do que uma lufada de vento e seus
resultados, seja no oceano, nas folhas e infinitas combinações de movimentos,
ou mesmo no voo de um inseto, para não falar nos pássaros e seus arabescos
maravilhosos no céu, que deram origem às conquistas da ciência da aviação... A
pretensão de que possamos nos igualar a uma simples lufada de vento já é uma
demonstração ignorante e de falso ego. Essa questão merece ser levada
verticalmente, de sua origem às suas ramagens, dentro de uma multiplicação da
ideia, como um tronco ou uma coluna que permanece inalterada no expectar
silencioso e sincrônico com a ciência de se tornar mais lúcido. As únicas
forças que compreendem a Natureza dentro desse propósito e que podem repetir
algo de catástrofe são os artefatos bélicos, utilizados na destruição, pois
parece que conseguimos imitar nossos próprios movimentos através de estratégias
ou recursos militares, fazendo das guerras tudo o que destrói, como no exemplo
da explosão atômica, que gera uma lufada sinistra de radiação que pode dar
volta ao mundo, obscurecendo o propósito da existência no planeta.
O falso ego é termos uma relação com
a natureza material de apego extremo, como se fosse a única realidade, mas que
se traduz em ilusão. Muitos trabalham arduamente para desfrutarem cada vez mais
de algo que não seja substantivo, pois a vida espiritual é na verdade a
realidade mais necessária e imperativa dentro do escopo de nossas vidas...
Uma realidade reside em várias, e o
surreal pode ofuscar em nossas ficções a respeito de sequer suspeitarmos de que
tudo possa não ser mais do que um sonho, principalmente quando algumas
criaturas ainda creem estar fazendo parte de alguma missão quase impossível.
Desse contexto algo novelesco e quase cinematográfico surgem propostas de vida
ausentes de seus cernes, tentaculares tentações e prazeres comercialmente
caleidoscópicos, tal a ingerência do volume de informações que colhemos em
nosso imo, presentes pela quantidade ou nascentes erradamente pela superfície
de sua covardia. Tudo, todas essas questões algo complexas são um desdobramento
do que se chama falso ego: a identificação com o corpo e seus subprodutos,
resultantes da fábrica de ilusões que se traduz na crise da realidade do
sistema em que vivemos, agora mais pronunciada pela cosmética digital, que
separa o trabalhador do feed back, ou resposta, ou seus falsos insights. Sim,
haverá um caminho, o do espírito, algo do anímico baseado em uma vida sem
excessos, de sacrifícios, que pode levar a realizações mais consonantes do que
essa roda de matéria que dizem girar, mas não passa de um eixo onde Maquiavel
deixa seus propósitos, já que para obtermos algo vamos às últimas
consequências, como a sedução fundamentada em falsos interesses, ou a luta em
mantermos um poder sobre outro a qualquer custo, por vezes um custo muito alto,
como um rolo compressor sobre os bem intencionados, muitas vezes tratados como
ingênuos...
Trata-se, se não buscarmos a verdade
de fontes reais, de acharmos que todas as respostas já foram emitidas, mesmo
que saibamos que a interpretação cabal de um fato histórico, uma doutrina
filosófica, uma questão religiosa, servem nos dias de hoje – com tanta as
transações de informação e acesso – a que saibamos agir com cautela para que
haja progresso em todas as afirmações ou teses que estejam baseadas nas linhas
necessárias de correntes de pensamentos livres e concretos, mesmo que
finalmente tenhamos a consciência de trilharmos os caminhos do espírito e
tentarmos ser unos com a matéria, condição indispensável para a nossa
manutenção enquanto seres que afirmamos sermos humanos. E, para isso, temos que
deixar de lado algumas noções proprietárias e fazer de uma ordem econômica algo
mais equilibrado para todos.
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