terça-feira, 14 de julho de 2015

FALSO EGO

            Estamos fadados a nos sentir superiores se temos o controle, ou algum poder que passe mais do que se trama em nossa consciência no modo da ignorância? Tudo aquilo que nos envolve fartamente na natureza das coisas, uma coisificação social, transformando-nos em objetos de descarte, ou mesmo com validade estendida, tem a ver com o falso ego, pois este vincula nossa vida fortemente à natureza material. Apesar de muitos não quererem se envolver, buscam no seu próprio hedonismo as relações casuais, como em um descarte de fruição do prazer, no que acaba por envolver em outras tramas alguns requisitos de poder. Obviamente, a Natureza possui sua própria lógica, que transcende as prerrogativas de antecipação de controle, pois apenas imitamos, e nossos scripts, sejam quais forem, incluso os de ordem viral, serão sempre mais atrasados do que uma lufada de vento e seus resultados, seja no oceano, nas folhas e infinitas combinações de movimentos, ou mesmo no voo de um inseto, para não falar nos pássaros e seus arabescos maravilhosos no céu, que deram origem às conquistas da ciência da aviação... A pretensão de que possamos nos igualar a uma simples lufada de vento já é uma demonstração ignorante e de falso ego. Essa questão merece ser levada verticalmente, de sua origem às suas ramagens, dentro de uma multiplicação da ideia, como um tronco ou uma coluna que permanece inalterada no expectar silencioso e sincrônico com a ciência de se tornar mais lúcido. As únicas forças que compreendem a Natureza dentro desse propósito e que podem repetir algo de catástrofe são os artefatos bélicos, utilizados na destruição, pois parece que conseguimos imitar nossos próprios movimentos através de estratégias ou recursos militares, fazendo das guerras tudo o que destrói, como no exemplo da explosão atômica, que gera uma lufada sinistra de radiação que pode dar volta ao mundo, obscurecendo o propósito da existência no planeta.
            O falso ego é termos uma relação com a natureza material de apego extremo, como se fosse a única realidade, mas que se traduz em ilusão. Muitos trabalham arduamente para desfrutarem cada vez mais de algo que não seja substantivo, pois a vida espiritual é na verdade a realidade mais necessária e imperativa dentro do escopo de nossas vidas...
            Uma realidade reside em várias, e o surreal pode ofuscar em nossas ficções a respeito de sequer suspeitarmos de que tudo possa não ser mais do que um sonho, principalmente quando algumas criaturas ainda creem estar fazendo parte de alguma missão quase impossível. Desse contexto algo novelesco e quase cinematográfico surgem propostas de vida ausentes de seus cernes, tentaculares tentações e prazeres comercialmente caleidoscópicos, tal a ingerência do volume de informações que colhemos em nosso imo, presentes pela quantidade ou nascentes erradamente pela superfície de sua covardia. Tudo, todas essas questões algo complexas são um desdobramento do que se chama falso ego: a identificação com o corpo e seus subprodutos, resultantes da fábrica de ilusões que se traduz na crise da realidade do sistema em que vivemos, agora mais pronunciada pela cosmética digital, que separa o trabalhador do feed back, ou resposta, ou seus falsos insights. Sim, haverá um caminho, o do espírito, algo do anímico baseado em uma vida sem excessos, de sacrifícios, que pode levar a realizações mais consonantes do que essa roda de matéria que dizem girar, mas não passa de um eixo onde Maquiavel deixa seus propósitos, já que para obtermos algo vamos às últimas consequências, como a sedução fundamentada em falsos interesses, ou a luta em mantermos um poder sobre outro a qualquer custo, por vezes um custo muito alto, como um rolo compressor sobre os bem intencionados, muitas vezes tratados como ingênuos...
            Trata-se, se não buscarmos a verdade de fontes reais, de acharmos que todas as respostas já foram emitidas, mesmo que saibamos que a interpretação cabal de um fato histórico, uma doutrina filosófica, uma questão religiosa, servem nos dias de hoje – com tanta as transações de informação e acesso – a que saibamos agir com cautela para que haja progresso em todas as afirmações ou teses que estejam baseadas nas linhas necessárias de correntes de pensamentos livres e concretos, mesmo que finalmente tenhamos a consciência de trilharmos os caminhos do espírito e tentarmos ser unos com a matéria, condição indispensável para a nossa manutenção enquanto seres que afirmamos sermos humanos. E, para isso, temos que deixar de lado algumas noções proprietárias e fazer de uma ordem econômica algo mais equilibrado para todos. 

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