terça-feira, 29 de setembro de 2015

DE SE ARREMATAR O TEMPO

O tempo que não se arremata em nenhuma circunstância,
Posto ser precioso aos que temem o perder-se o caráter,
Que quando alçamos suas superfícies de cristal solene
Vemos ao mesmo – o tempo – qual urdidura de pérolas imantadas
A própria pátina maravilhosa que alicerça os ventos...

Ademais, que se escreva àqueles de ferruginoso ocaso
No tempero de um aço que transcende a mesma bravura.

Saibamos que nesse mesmo tempo alcançamos as medalhas
Consubstanciadas apenas e simplesmente por um gesto fraterno.

Não há porque, camaradas, de se supor outros tempos,
Se as doutrinas não servem mais aos parágrafos de razões,
Visto o ócio de outros tabuleiros encerrarem movimentos...

As calçadas tornam-se famas ao léu, derramas de consciência,
Mas é nelas mesmas que pressupomos o quase impossível
De derrotarmos nossos óbices internos, como quem flama
A chama do apagar-se no que se queda do próprio temor.

Haverá tempo, gente, que o tempo não traduz demais,
Nublando as esperanças de Marte, ao que seja, um Deus
Virado planeta onde a água descoberta líquida e quente
É um gelo no de se compararmos as latitudes do espaço...

Paulatino é o tempo atemporal, de muralhas imóveis
Que escarnecem como pedras secas de inverno, mas que agora
Abrem espaço para mariposas noturnas na orla de nossa primavera!

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