sexta-feira, 25 de setembro de 2015

POESIA SEM POIESIS

O cotidiano espera o lavor duro de uma mão obreira da obra
Que seja de obrar o grande palácio de uma questão atávica
Em que morem qual na Arca os da poesia que não profetizem
Pois que de profecias morrem os profetas de algo que proferem...

A ética consagradora repara em um Homem que caminha silencioso
No caminhar sereno como outros que rugem para si mesmos
Como no libertar-se de grilhões quando veem um outro irmão
Silenciosamente ser enjaulado pelas desditas da vida.

Por que proferem palavras científicas a esta altura do enredo,
Por questões estas similares não encontram subjacências
No que se prega de ciência do digital em que os pássaros noturnos
Acompanham o pescador que dista do usual das gentes.

Gente que passa a frente nas catracas, que urge por clareza,
Que confunde um passar lento nas teclas e supõe realidade
O pontífice clamor de se estar na veia do planeta
Em que se chama planeta, posto vivermos no mesmo mundo.

Engrandece a palavra em saber de quilates de sofrimento
Aos paradigmas em que os homens se trancam dentro das casas
Enquanto alguns motores fazem seus arranjos noturnos
Ou mesmo trocam peças no teto inquieto de alguém.

De uma sociedade animalesca assim deixamos a adormecer os ventos,
A ver quem possui a coragem, treinando e treinando,
Para verem crescer inimigos nas árvores secas
E são apenas pássaros que tecem seus ninhos nos ocasos de seus fracassos.

Assim, de se dizer, que os animais de verdade são aqueles que nos dizem
A pureza de um bicho, que não encontramos mais no focinho de um homem
O mesmo que se diz que um homem é mais do que apenas
O resfolegar de um gato na quebra imanente de um quintal.

Assim continuamos a viver, na felicidade de sermos mais humanos
Do que propriamente a arrogância de todos aqueles
Que se imiscuem nos seus próprios problemas os problemas mais reais
Ignorando que agindo assim vão contra a própria consciência.

Segue a poesia de ferro e bronze qual imagem consagradora
De um justo espírito que verga sob o patíbulo de nossa ignorância
O perdão muitas vezes dado a quem na verdade
Mereceria a cerimônia de uma vez ser castigado.

Pois se o altíssimo morreu por nós e vive ainda entre nós
É porque temos a consciência de um ser gigante que aflora
Nas escadas onde esquecemos um pouco de água
A quem subir pelos degraus imantados da Terra, a mãe Gaya.

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