Mais um dia, o tempo quase não passa
ou, quando queremos que passe voa como um falcão peregrino... Tempos de chuva,
questão de ordem que nos alimenta com a melhor bebida, em safra do Criador. Por
que não dizer que no líquido amniótico pode estar a promessa de banharmo-nos em
um rio sagrado? Quem sabe, muito do que desconhecemos nos revela um grande
painel onde colocamos os bilhetes de nosso entendimento. Colocamos como
reminiscência, como padrão inequívoco de nossas referências, algo a pressupor
que o tempo nos conceda. Seria extremamente justo que o nosso pensar não nos
nublasse a fronte nas incertezas de nossos ocasos. Mantermos nossa serenidade
espiritual é fruto de um processo tão prazeroso como um caminho que se abre
para uma praia linda, ou uma vereda na selva que nos mostre um olho d’água
chorando de felicidade por estar na Natureza.
Há percalços em se caminhar muito, e
as agruras por vezes aparecem por entre rochas que sempre vemos mas que nem
damos conta de suas superfícies ou formas, apenas sabemos que sempre estão nas
veredas... Disto que falamos em que as palavras nos remetem a um frescor que
nos faz entender por vezes uma linha, ou o som de uma sílaba nos oriente como
no produzir de uma fábrica artesanal. Não há muito do tempo neste fluir de
tentar voar mais do que uma gaivota nos ensine dos peixes e das mesmas pedras
algo que se movam quando de outros voos. A luz dos nossos sóis clareiam as
agruras que muitas vezes são criadas por nós mesmos, e no sem tempo teremos por
reconstruir as casas que deixamos nas devastações de nossos espíritos. Essa é
uma questão de crermos com força nas possibilidades de vencer infortúnios com
certezas que se tocam e se sentem, e a razão espiritual também é concreta. Pois
quando se move céus e terra na recorrência da fé – muitas vezes histórica –,
resta prestarmos atenção no fato e na razão do sublime. Justamente, na força
gigante que alguns artistas, no exemplo anímico, imprimiram seu lote cultural
para criar em todos os estilos, em todas as vertentes da civilização, seja no
afresco de uma capela, ou em um ídolo tolteca.
Obviamente, há que se levar em conta
que nos dias atuais não se pode mais descartar a importância de livros sagrados
como no exemplo da Bíblia e seus testamentos, nos continentes ocidentais, na
monta em que a fé se repõe e se refaz com a devida situação com que passamos a
coexistir com a realidade religiosa em dimensões que ultrapassam fronteiras.
Subscreva-se já, no entanto, que nenhuma escritura ou rito é superior ao outro
pelo número de seus adeptos, ou pela sua origem etnológica ou cultural...
Seguem as religiões em seus contextos e contradições, mas também dispomos de
fartas enciclopédias que revelam o conhecimento das civilizações, independentes
do seu fator religioso. A realidade do mundo é que cresce dia a dia a
importância de uma vida mística, talvez até mesmo pelo fato de não termos mais
o latim e o grego nas escolas e seus aprofundamentos filosóficos, onde o
pensamento e a metafísica perdem espaço na construção do ser crítico nas
sociedades.
A realidade mostra é que, mesmo
muitos que creem em algo religioso se tornam mecanicistas. Passamos a sermos
treinados como rotores de vendas, e o comércio e a ganância tomam o lugar em
várias frentes, ganhando no escopo social uma importância inequívoca. Essa veia
torna-se pujante, mas é no pequeno empreendedor que se processa o conhecimento
de uma massa mais crítica – na prática – com as relações de trabalho. Para
citar a questão do comércio como setor de produtividade... Quem participa
ativamente desse rotor, dessa mecanicidade saudável, constrói a relação mais
importante entre os pares que é a consciência de uma luta que travamos para
melhorar cada vez mais o nosso lugar na sociedade, com toda essa carga que a
mesma sociedade contém, que passa por óbices negativos a serem enfrentados,
como o autoritarismo, a arrogância, a prepotência, apadrinhamentos, abusos de
poder e diversos outros entraves para aqueles trabalhadores que crescem na
honestidade e nos bons propósitos produtivos.
Essa é a miríade do tempo, que
achamos que não o temos por vezes, quando acreditamos que é muito tarde para
recomeçar, quando nos sentimos muitas vezes derrotados, já que devemos sentir
que por vezes o sorriso de uma colega de trabalho, ou a gentileza de um outro
trabalhador mostra a nós mesmos que todo o lavor é importante, e o que vale é
que eticamente vale, e deve valer sempre o mesmo, a cada qual...
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