sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ATALHOS DA ARTE ABSTRATA

            A abstração pede que não sejamos concludentes... Como se todo quadro tivesse algo de se concluir, mas melhor seria dizer que o abstrair existe na superfície de todas as telas, até mesmo nos sonhos das veias eletrônicas em seus minérios de sílica. O que dizer mais do abstrair, posto que seja igualmente necessário saber que lidamos hoje com uma vertente autocrática do realismo na TV e acessórios. Não seria delongar afirmar que a mesma abstração não possui conceitos, pois as palavras citadas apenas sirvo delas para estabelecer critérios dentro desse mundo fascinante, não apenas nas artes plásticas como na releitura da imagética digital, tão presente em nossas civilizações contemporâneas. Passa-se a ter como arte o não querer dizer, mas a abstração em nossa percepção consciente como anteparo também pode negar o meio, e negar a mensagem igualmente, vendo por através do ensaio que possamos fazer para compreender o próprio labirinto dos filmes, conscientemente, a partir de uma análise de sua produção, como as que gentilmente nos ofertam certos veículos de comunicação de massa. A partir do momento que somos partícipes da produção, em que produzamos conteúdo – nem que o seja em um diálogo ou registro – esse modo de ter o controle nos situa em novos paradigmas de atuação, dentro ou fora da tecnologia.
            Abstrair-se significa muito do pouco talvez que saibamos, posto termo não muito empregado nesse conceito tão paradoxal da ideia que temos a respeito, pois já sabemos que quando falamos de realismo, implica na temática explícita de certos filmes. Podemos permitir, obviamente, já que estamos em uma democracia, mas creio que canais estatais de alcance similar aos grandes e privados seriam boa solução a se antepor ao forte e vertical conteúdo de oligopólios da mídia. Fato esse que se revela substancialmente dentro do entendimento mesmo de uma sociedade livre e democrática: que tenhamos noção clara e evidente de como estamos no quesito da indústria cultural, como funciona, a que propósito subsiste e em que escalas se processa. Essa é uma discussão saudável entre todos os grupos que regem o entretenimento televisivo do país, independente dos chavões cáusticos contra livres ofertas, pois trata-se de ganharmos espaço como referência cultural dentro e fora de nossas fronteiras... Um amplo debate, abstrato, a bem dizer, quando somamos para não subtrairmos o espaço necessário para uma convivência pacífica e salutar entre todos os grupos de mídia: Google incluído, etc, com toda a questão que envolva mais do que apenas o nem tão sólido estamento moral das TVs abertas ou fechadas. Uma fenda que se abre, sente-se abstrair-nos em algo que nos remeta a um longo período que contemple a arguição, o entendimento, pois são questões que um governo não daria conta, pois ao menor toque que vá contra interesses profundos nesse campo, perde-se o poder ou sua legitimação. É fato, nada que traduza como isso acontece, mas há sempre uma previsibilidade de alguns grupos de poder saberem de antemão qual a tendência de alguns debates ainda não realizados, haja vista a vulnerabilidade quase abstrata dos bancos de informações, com a opacidade transparente em seu esforço em manter-se em sigilo. Teço esse ensaio pensando inicialmente na arte abstrata, justamente para traçar um paralelo a que muito do que conhecemos nas vanguardas da tecnologia não passam de abstrações sob um véu tênue da roupagem realista para encobrir ações efêmeras, no entanto pontuais e concretas, que no mais das vezes foge ao entendimento dos que não são partícipes de diversos grupos imantados de poder.
            Não me entendam mal, caros senhores, mas a crítica, perdoem-me, às vezes assoberba meu espírito – contrito – que seja... Volto a dizer que a arte abstrata, esta que por várias direções pode não parecer exata na fruição estética, é um universo a ser descoberto mesmo em uma televisão, quando comparamos suas cores, quando a observamos mais, os olhares dos artistas, e que não precisemos beber de uma fonte pensando que seja melhor a água, pois as notícias estão em vários pontos, e é aí que se encerram questões mais verdadeiras, no humilde exemplo que coloco, a serviço de qualquer nação que busque ao menos compreender o porquê de que se crê certo, e igualmente, daquilo que se crê errado.

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