A abstração pede que não sejamos
concludentes... Como se todo quadro tivesse algo de se concluir, mas melhor
seria dizer que o abstrair existe na superfície de todas as telas, até mesmo
nos sonhos das veias eletrônicas em seus minérios de sílica. O que dizer mais
do abstrair, posto que seja igualmente necessário saber que lidamos hoje com
uma vertente autocrática do realismo na TV e acessórios. Não seria delongar
afirmar que a mesma abstração não possui conceitos, pois as palavras citadas
apenas sirvo delas para estabelecer critérios dentro desse mundo fascinante,
não apenas nas artes plásticas como na releitura da imagética digital, tão
presente em nossas civilizações contemporâneas. Passa-se a ter como arte o não
querer dizer, mas a abstração em nossa percepção consciente como anteparo
também pode negar o meio, e negar a mensagem igualmente, vendo por através do
ensaio que possamos fazer para compreender o próprio labirinto dos filmes,
conscientemente, a partir de uma análise de sua produção, como as que
gentilmente nos ofertam certos veículos de comunicação de massa. A partir do
momento que somos partícipes da produção, em que produzamos conteúdo – nem que
o seja em um diálogo ou registro – esse modo de ter o controle nos situa em
novos paradigmas de atuação, dentro ou fora da tecnologia.
Abstrair-se significa muito do pouco
talvez que saibamos, posto termo não muito empregado nesse conceito tão
paradoxal da ideia que temos a respeito, pois já sabemos que quando falamos de
realismo, implica na temática explícita de certos filmes. Podemos permitir,
obviamente, já que estamos em uma democracia, mas creio que canais estatais de
alcance similar aos grandes e privados seriam boa solução a se antepor ao forte
e vertical conteúdo de oligopólios da mídia. Fato esse que se revela
substancialmente dentro do entendimento mesmo de uma sociedade livre e
democrática: que tenhamos noção clara e evidente de como estamos no quesito da
indústria cultural, como funciona, a que propósito subsiste e em que escalas se
processa. Essa é uma discussão saudável entre todos os grupos que regem o
entretenimento televisivo do país, independente dos chavões cáusticos contra
livres ofertas, pois trata-se de ganharmos espaço como referência cultural
dentro e fora de nossas fronteiras... Um amplo debate, abstrato, a bem dizer,
quando somamos para não subtrairmos o espaço necessário para uma convivência
pacífica e salutar entre todos os grupos de mídia: Google incluído, etc, com
toda a questão que envolva mais do que apenas o nem tão sólido estamento moral
das TVs abertas ou fechadas. Uma fenda que se abre, sente-se abstrair-nos em
algo que nos remeta a um longo período que contemple a arguição, o
entendimento, pois são questões que um governo não daria conta, pois ao menor
toque que vá contra interesses profundos nesse campo, perde-se o poder ou sua
legitimação. É fato, nada que traduza como isso acontece, mas há sempre uma
previsibilidade de alguns grupos de poder saberem de antemão qual a tendência
de alguns debates ainda não realizados, haja vista a vulnerabilidade quase
abstrata dos bancos de informações, com a opacidade transparente em seu esforço
em manter-se em sigilo. Teço esse ensaio pensando inicialmente na arte
abstrata, justamente para traçar um paralelo a que muito do que conhecemos nas
vanguardas da tecnologia não passam de abstrações sob um véu tênue da roupagem
realista para encobrir ações efêmeras, no entanto pontuais e concretas, que no
mais das vezes foge ao entendimento dos que não são partícipes de diversos
grupos imantados de poder.
Não me entendam mal, caros senhores,
mas a crítica, perdoem-me, às vezes assoberba meu espírito – contrito – que
seja... Volto a dizer que a arte abstrata, esta que por várias direções pode
não parecer exata na fruição estética, é um universo a ser descoberto mesmo em
uma televisão, quando comparamos suas cores, quando a observamos mais, os
olhares dos artistas, e que não precisemos beber de uma fonte pensando que seja
melhor a água, pois as notícias estão em vários pontos, e é aí que se encerram
questões mais verdadeiras, no humilde exemplo que coloco, a serviço de qualquer
nação que busque ao menos compreender o porquê de que se crê certo, e
igualmente, daquilo que se crê errado.
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