quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O TEMPO E A TRANSIÇÃO

O mar perde sua cor por vezes em entendermos que a nossa alma
Tinge-se com certo rancor de tudo que deixamos no entardecer
Como que túnicas nascidas no vento e só quem sabe é o sabor do céu...

Uma pérola é recolhida incólume, feito pequeno planeta no regaço
De um querer quase de uma transparência madreperolada em dias duros
Em que as páginas de outros quereres nos ditam que sejamos turvos.

No entanto, haverá que se saber que palavras ensaiadas vestem trajes
No mais das vezes desconformes como o nascer da hipocrisia liberada
Pela tirania de pensarmos que tudo é válido quando achamos leitura tal.

A transição é travada por um tempo em que sua consorte é uma febre
De termos a ganância em todos os nossos artifícios, quando percebemos
Que esses mesmos desejos nos impelem a que sejamos ávidos deles mesmos.

Qual será a semântica do próprio significado que deixamos a dormir
Em vozes de ignorância febril, e no entanto sábia por se proferir
Nos tons necessários a que alguém escute de modo simplista no côncavo
Das mesmas palavras que se tornam convexas pela preeminência do mundo.

Há que se ouvir, pois as ditas camadas da ignorância versam sobre algo
De sua própria realidade, a que muitos talvez não saibam tudo o que se passa
No pensar sereno de outros quilates de sílabas que servem a pronúncia
Do que reside no Alcorão do tempo, que rege a transição entre o antes
De uma devastação que se supunha de mão única, mas denota francamente
Que os meses subsequentes de cruentas ofensivas tendem obviamente
A que se responda nos atos do que foi proferido há muito tempo atrás! 

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