A falácia infantil de se ler embalagens…
Lê-se tudo, com um tempo longo e duro, que não precisemos chegar ao
ponto de sempre termos que ler pernas, sexos ou nádegas nas letras
fofas de um produto de indústria. Lê-se o tempo, imorredouro ou
não, por suposição que não dure mais do que minutos de despedidas
ou horas do desencontrado encontro que não se realiza sem
planejamento cabal. Embala-se um papel com plástico, avisando que há
mais rolos a se limpar, da higiene, que sabemos, dilui-se e vai como
um dejeto duplamente: orgânico e sintético, de um descarte, de um
material em que na China Popular parte vai para o biodigestor. Não
adianta, pois a classe operária sabe mais do fabrico do que o
consumidor apenas relutante em comprar de cores mais digeríveis…
Que a conduta se
embale, com o embalar-se de um ninar pouco confortável, a ver, que
todos permaneçam conscientes, o mínimo, minimamente, que a mente
refresque, não em plataformas essencialmente produtivas, mas em
tomadas de contestação que revogue a atitude hipócrita de
trotskismos que mantém outras estruturas questionando processos
históricos em que esses cacoetes têm a aprender do novo, e não
remontar casuísmos vingativos em jornal – sentimos muito –
incompleto. Há que se não remontar a origem de uma indústria: os
pães de Stalingrado, por exemplo, indústria que se mostra apenas
como a batalha mais resistente que se tem notícia, obviamente antes
da Guerra do Vietname. Seremos mais pela paz, amigos, pois de guerras
e batalhas todos se cagam, essa é a verdade, a não ser os que não
possuem saída e nelas estão, como acontece em vários lugares do
mundo, em que resistir passa a ser moeda de troca, corrente, única
vertente. Saiamos, falemos de se embalar condutas. Pois sim, que
sejamos cavalheiros, na luta, obviamente, de querermos ser melhores,
pois aqueles que alimentam a anarquia geralmente erguem suas lupas do
tabuleiro quando veem que estoura para cima. As condutas não são
embaláveis, pois há sempre que respirarmos como tronco, com nossas
raízes, mesmo sabendo que podemos ser peões de boiadeiros da Bahia
de todos os santos, mesclar Masaharu Taniguchi com Tai Chi, pinçarmos
letras onde antes víamos sinais, compreendermos mão como
ferramenta, e abelha como a primeira palavra do alfabeto, pois tudo
isso é progresso, e que falemos mais disso, como pátria educadora
de fato, de consonância. Não há outro processo no país em que
vivemos, com tantos e tantos e tantos Brasis, graças a Deus!
Se
estamos com uma mulher, engraçado (valendo também para os gays),
parece que nos dispomos a sermos uma metade, na visão deste que vos
escreve, e a parte inteira meio que mutila com a saudade que sempre
encerramos no peito… Mas paciência, não se pode estar em muitos
lugares, e que as mulheres e os homens encontrem seus/suas/suas/seus
– caramba! No átimo de termos a compreensão de que essa metade
seja interessante a quem queira, que a mim o propósito é apenas me
juntar com o meu próprio processo, em que há um diálogo permanente
que teço com verdadeiras multidões em que as sinto, mescladas com
as montanhas que as sinto mais adiante do mar, em que este se coloca
como escudo, em que os panos e os livros tomam outras direções, em
que uma abelha me dita a sentença derradeira do próximo e
irrequieto minuto do meu espírito, em um jogo, ao que meu fogo se
limita com o enredo de um jogo muito maior, uma estratégia escrita,
um desígnio, uma atenção. Para se denotar quiçá que eu tenha
estabelecido uma linha de pensamento em que a lógica se transfunda
com algo de referência, que transmute, que verta na superfície um
quê de absurdo, pois roçar a pele na pele morena de uma mulher já
me basta a uma dose de um parágrafo complexo pela quantidade de
carinho. Mas que me baste, o carinho, me basta! Assim que me sinta,
mas peço não embalarem as condutas, pois que, saltando do ônibus,
procurava os cigarros na mala e me chamaram de maluco, assim no
soslaio apressado de um carro, e me senti satisfeito a ver que a
sociedade sabe que erra, pois o carro apressadamente acelerou, em uma
típica atitude embalada, no padrão errático do desatino, do
desrespeito, ao que erram muito mais se um se mostra mais fraco, pois
aí são capazes de sair do carro…
A necessidade de um
jornalismo pungente nessas horas torna inevitável que a mesma peça
literária passe por uma ótica filosófica, lógica, teórica. Creio
que a união inequívoca da prática em sua memória vital una a
escrita nessas vertentes. Quando não sabemos mais onde está
descrita a filosofia ou por andar na prática ao mesmo parágrafo,
não separemos onde reside a verdadeira práxis literária! É nesse
condão que seu autor humilde sente o prazer que transcende o gênero,
pois é como uma grande – imensa – hélice a mover um navio em
que estejamos todos, individuais e coletivos (quando pensamos e
quando agimos) a um espaço que foge à compreensão lógica do que
seria a restrição apenas do olhar digital: moroso, lento,
superficial, quando apenas veículo sem conteúdos maiores.
As
personalidades anteriores sempre relataram conduta, embalaram o que
havia, por ser de praxe nos processos históricos, mas só há
progresso efetivo quando compreendermos que para um analfabeto, um
parágrafo é uma revolução, em que passa a olhar para as letras de
maneira mais propícia em se evitar apenas a tele visão, seja ela
console, display ou aparelho em geral, pois passa a traçar as linhas
com mais qualidade em sentir que existe a expressão, o pensamento, a
condizente organização das ideias. Para um acadêmico das exatas, o
pensamento pode se traduzir em maravilhosa equação lógica em que a
satisfação pura da inteligência o convença. Para um professor, a
dialética cria o rebatimento necessário à plena distribuição do
fator da história em que os pensamentos possam refletir mares
maiores na compreensão de um texto, da estrutura nada travada ou
oligárquica de uma versão. Por isso, não embalemos muito, não
veremos das embalagens o que querem impingir, evitemos contaminações
ideológicas ilusórias, revisitemos a questão do imaginar ao que
tenhamos no onírico mais transformações do sonho em realidade,
pausando a verdade em concretude, pausando na hora do remando das
marés…
É nesse contexto que paragrafo um pensamento fora de
qualquer ilhós, fora do contexto cabal de estruturas de organização
mental, pois move-se a roda que é apenas roda para alguns, se
passando para outros que seja mais do que isso apenas: uma roda. Há
que saber das pedras que travam os trilhos, com centenas de rodas de
um trem, por um exemplo cabal de funcionamento de motores naturais.
Há que se saber que uma avalanche destrói qualquer exemplo de
superação de uma formiga que escala, e das escalas, há que se
saber igualmente das formigas… Nos grandes homens não há vocações
de zangão, e nas grandes mulheres, nada de teias, se há a
consciência de ambos, pois um gesto traidor nos dias de hoje passa
ao largo das populações trabalhadoras, em se saber, do ganhar o
pão, de fremir olhar lúcido e terno ao servir de um café, no
encontro em que o homem também está ao seu serviço, independente
do tipo de trabalho, pois qualquer esforço a se conseguir um
resultado é fruto de um trabalho, remunerado ou não. Quase uma
preparação tática, a se comunicar ao que depende de uma luz a luz
que sobra em outras fontes… Pois que se perdure a Verdade e que o
pensamento veraz sinta na mão de uma obra o obreiro que tece e
salvaguarda de saber mais um pouco, de seu trabalho e de outros. Um
homem de meio século de existência dura não modifica se não for
através de fontes que o ensinaram nas suas quedas, e aprofundaram a
questão mesma da sobrevivência de sua lucidez. Das estrelas vê-se
a noite se aproximar de uma embarcação, do azul do mar, mais em
trevas, da mesma noite em que as estrelas igualmente navegam no
espaço, seria mais do que o suficiente que a ciência se tornasse a
própria poesia, pois as separações das idiossincrasias culturais
não cabem em nosso século das luzes, se assim o preferirmos. Não
há sequer vestígio de posse espiritual, pois que apenas a
experiência de um homem que se considera feliz por ser um tipo de
agente de todo o processo de mudanças, coloca-o como mais um no
imenso edifício, já que jamais reportará mais importância em sua
vida do que qualquer ser que habite este mundo, no reparte que vê,
no reparte que sente…