sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

OCASO DO NASCENTE

 

Acordo no meio do nada, de um sono alto e quase breve, e respiro…

Minhas pernas claudicam, já não sinto uma parte, a que a medicina
Seria tanta se não fora a imagem que não possuo dela…

Pois sim, são quase oito e tento o desenho, mas colaterais me invadem,
Com a força quiçá de uma postura, quiçá empenhar-me na literatura.

E aí sinto-me sentado, e me dizem, deveria tentar as artes, pois que
Escrever expõe-me as vísceras a um veneno nada clemente, de fel,
Daquilo que trama contas a pagar, ao que não creio que seja sempre
Um algo que não haja na quase expressão de um homem e sua fortaleza.

Nasço a cada dia, de um útero febril que me espirra com força
Para um claro em que busco o escuro da noite, mas espero que o tempo
Dure mais por cada segundo, assim como a poesia que não economiza
Quaisquer linhas que não sejam os versos longos que deixo por encima
De um asfalto quente que é a ausência de solidão de minha película!

Descubro a poesia maior, remeto versos ao mundo, vivo o próprio ser
Que passo a encontrar em mim no agora de um décimo sexto verso…

Por hora que descubra mais um verso em nossa latitude, em longilínea
Das longitudes em sabermos se estamos no leste ou no oeste quando vamos
Para navegar a qualquer distância em que o rochedo não se pronuncie.

Mas de cristal, verta para nós que o sol apareça solar no diamante
Este, que não possui existência cabal, mas sabe ao sono a luta da cura
Em que a enfermidade qualquer saberá um dia que há boa medicina
Quando tangenciamos o velame de nossa proa, e os lemes dirigem o nó
Com a velocidade ímpar da consciência de estarmos navegantes…


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