sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

UM LONGO ANOITECER

 

          Anoitece sempre – ou quase – quando as luzes dos postes anunciam em seu próprio despertar. A mesma energia que vemos no sol, nas plantas, em nossos mais íntimos segredos. O que há sempre é uma transformação da energia, pois o Energético, o Criador, sempre vai ser a causa de nossa vida, e razão enquanto a manutenção da esperança nesta passagem Terrestre. Esse ser imenso que nos dite, posto quando alcançamos todo o conhecimento em que nos situemos enquanto suas ofertas… Essas linhas que tenuemente nos distanciam das crenças mostram-nos que, se há pontes, há que se provisionar as ilhas que somos. Se somos realmente algo a mais do que se espera do nosso ser, se há uma mística que nos envolve e fala ao espírito, talvez que fosse inclusive a que nos encerre no conceito do divino, da divindade, do próprio Criador, não importando seus Nomes, mas que suportemos os fardos quando estes encerram as lutas que jamais travamos, por serem fora da correção do ideal revolucionário: de novo uma palavra recorrente, mas vejamos que melhorar a vida dos povos pode ser assim chamado, pois o teor do que pensam pode ter a dose em que Maquiavel despeja seus principescos preconceitos… O que seja antigo antes não seja apenas referência do novo ou neo algo, visto ser ponteira de lança antes mesmo de pararmos para respirar nosso processo histórico.
         Os castelos ou seus encastelados se comunicam: ambos, os espaços e seus habitantes. Serão os neoliberais liberados para o desfrute dos gozos do mundo? Serão apenas eles ou levam nas tocaias contra os de bem os lacaios que arregimentam em muitas situações em que a delação premiada derrama sobre seus súditos nativos a podridão da ausência de caráter? Falemos no palavreado medieval, absolutista, pois eis que – good news – voltamos a uma era em que não fora prevista, mas que há casas sem sistemas que caem a olhos vistos e casas fechadas para outras ferramentas de “utilidade”… Fruto das doutrinas das doutrinas neo algo mais moderno que os liberais? Sim, creiamos, pois não há termos em que possamos sequer ensaiar algo que não remonte a retrocessos em que teremos que dirimir agora no dia a dia, no mano a mano, quem sabe a compreensão que a luta de classes, no que tem sido a fachada mais aberta nos chavões, possa acontecer em que surjam realmente melhores dias, se quem decide será o Governo, com suas outras prerrogativas e outras questões passarão em branco com mais funis ou gargalos de carestias, quando somos quase obrigados a dizer amem a certos “ajustes” da economia?
        O que se passa em um país continental como o Brasil é ver uma separação entre a cúpula e as bases, inquestionável a quem quer que seja que esteja acreditando fielmente na estrutura burocrática, em que o “Processo” de Kafka encontraria mais aval do que o próprio Grande Irmão ou a Revolução dos Bichos, de Orwell. A reconstrução desse grande pavilhão quase psiquiátrico só se consegue arrumando nossas sociedades, nossas associações, os fundamentos e manutenção dos princípios de nossa atual República e os modelos – com a revisão necessária – que incorporam o funcionamento de nossas (e que as resguardemos) instituições. Não há ação sem seus contraponto, não há como existir uma única voz, a não ser que falemos sozinhos em um grande megafone. Há sempre um rebatimento, um diálogo, um acordo. Não há ação sem seus contrapontos, não há como existir uma única voz, a não ser que falemos sozinhos em um grande megafone. Há sempre um rebatimento, um diálogo, um acordo. Não há esquerda sem a direita, centro-esquerda, a que saibamos menos cada vez mais a respeito desses rótulos, incluso aqueles que adoram as forças armadas, sejam de quais lados forem, e me pergunto: balas, para que? Granadas, tanques, etc, o que o nosso país tem com isso, agora, em que estamos em diálogo pacífico, agora, enquanto me leem vocês, enquanto leem outros autores, enquanto estamos com uma nação tão presente no continente, com boas relações com outros países, como – repito – um barco que avança pelo mar, escorreito, leve, peremptório!
          Nada é melhor do que as diferenças, a liberdade de opinião, obviamente, em que possamos dizer com orgulho: eu visto a ideia de um ideário de minha preferência, seja esquerda ou direita, pois enquanto surgirem reações contrárias e intolerantes a que nos manifestemos, aí sim, torna-se uma cidadania ameaçada e, ao menor gesto desse fato, desses ódios, temos que ter a cobertura da consciência dos que são humanos… Quatro gongos batem à porta… Aonde quer que estejamos, sabemos que há pessoas dentro e fora e, saibamos, nesse sair e entrar, na paz de uma ilha, no ir e vir cidadão, será sempre um dia a mais, vívido em intensidade, a que nos sintamos bem no modo em que sabemos viver: no bom costume, como cavalheiros, em respeito a tudo, a gêneros, etnias, religiões e espécies.

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