sábado, 24 de dezembro de 2022

NATUREZA MATERIAL

 

          Havemos de ter em conta que a pedra não é nossa criação: a criação, nossa, é que sejamos pessoas de pedra. A quem contar com algo, entrega-se um ser humano por questões quase políticas, a quantos não podem mais lerem uma revista que recria no mesmo homem a proteção aos mais fracos? Que injustiça será essa em que toda uma parafernália mostra ao mundo o recrudescimento dos bem alimentados e fortes pelos confortos àqueles que lutam por viverem melhor, enquanto estamos preocupados com os efeitos inóspitos dos desencontros… Se a pedra não é nossa, não o são os seixos, ou o ouro, e desprezam o outro. Talvez fosse bom encontrar alguém, mas – como se diz – a grana fala mais alto, pois um cidadão de bem possa externar suas preocupações dizendo que nem tudo que não podemos comprar, como um smart phone, possa ser ausente de estarmos cidadãos!
         Seremos cidadãos de São Paulo, ou esta cidade se volta contra a cidadania, pois nela ser homem de bem em suas ideias vira sinônimo de ser corrupto, em uma cidade que teve em Paulo Maluf todas as esperanças da extrema direita em se perpetuar, como efetivamente ocorreu. Se é de natureza material, prossigamos roubando e explorando, pois a exploração do homem pelo homem já foi muito do que se contasse a parcelas do que dizem terem roubado nesta última década, pois tornamo-nos escravocratas e traficamos órgãos há um tempo relativo não muito remoto. Praticamos verdadeiros horrores com nossas populações, e não é com proteções escusas de práticas em que reagimos ao crescimento da consciência de nossos povos que vamos entender sequer uma vírgula do processo em que queiram alcunhar como queiram, pois revolucionária é uma palavra assaz usada, em que mesmo na sua presença já gastamos seus significados. Sei que estamos vivos, e pela vida respiraremos de nossos ares, pois não é de encontros fortuitos que se tece algo de concreto, aliás, modelando a palavra esta da pedra, em que empedramos algo que na concepção destes escritos bastaria que fosse a Criação. No teor religioso encontraremos a não propriedade do homem, mas a administração de seu imo no cerne de sociedades em que encontremos solidariedade, mesmo ao menor gesto em que um irmão tenta entregar o outro à sandice da barbárie…
         Se é de natureza material, seremos ao diálogo, mas que um espírito me bata forte, no que possuo do próprio, para que saibamos que as luzes estão em todas as partes, mesmo na saudade que não somos capazes de expressar, quando vemos que aqueles que estavam ausentes na derrota de um homem sabem de outros que estiveram na mesma derrota unidos em um nível de compreensão histórica destas e outras personagens que vivenciam o grande filme de verdade deste mundo em que a ilusão de certos displays mostram o estertor da mentira. A verdade religiosa é um fato, estamos em algo de bruto, em que muitos seguram suas vantagens no caudal rumoroso de suas crenças, e há muitas que elevam realmente, pois no mundo fantástico de nossa América saibamos que a religião tem sua extremada e necessária importância nesse igualmente diálogo fantástico que mantemos com a matéria. O pressuposto é que não lancemos mão que temos a terra como donos, pois esta existia antes da espécie habitá-la, e não é lançando mão da industrialização de amplas áreas de cultivo com seus imensos motores,, ou campeando gado em profusão às custas da devastação que vamos construir melhores países. Que tenhamos segurança em nossos alimentos, que nossos grãos floresçam como vieram do princípio, e que a indústria petroquímica atente para os riscos de perdas em ecossistemas. Vai da competência, irmãos, pois nesta saberemos mais inclusive das limitações produtivas que hão de nos impor as restrições a melhores equilíbrios na povoação das cidades e dos campos. A vida tem que ser melhor para todos, e saibamos que a educação tem que ser o foco de todas as nossas planilhas de base e cúpulas administrativas. Oralidade, conhecimento, reconstrução de histórias milenares e antropológicas de nosso próprio quinhão a sermos descobertos em culturas, a preservação de antigas religiões, de paganismos maravilhosos, a restauração dos costumes indígenas e negros, a valorização e manutenção e reconstrução de nossos patrimônios históricos, a revalidação da arte, a crítica ao digitalismo sem freios, concomitantemente à integração por vias operacionais de nossos sistemas exemplares de segurança, a força em manter o país unido pela grande questão patriótica de nossa democracia, apesar de uma cunha reversa, a luta contra um sistema plutocrático, são apenas questões inumeráveis em que saibamos fortalecer este governo que está tentando o melhor, mas faltando nas questões trabalhistas. A revisão é premente, e porque não quadricularmos melhor a relação das estruturas verticalizadas, saltarmos de uma plataforma a outra de baixo para cima, com suas respostas, desburocratizando e restaurando acessos que de outro modo seriam invalidados no engessamento dos sistemas que possuímos já, e de competência?
          O foco está no conceito do que já foi criado em matéria, mas esta não funciona sem a geratriz da energia, e a tomemos quase como uma questão espiritual, a provarmos que a fé de um povo, é força motriz a termos na ética religiosa uma coluna importante de nossos pilares, não apenas no conteúdo de propostas, mas na existência mesma de doutrinas que se entrelaçam… Revisão e revisão, propostas e propostas. Que teses mais se aprofundem nas questões e que teçamos resultados dinâmicos e certeiros dentro de seus próprios erros e contradições se quisermos pontuar bastante nos setores de orçamento, gestão e funcionalidade desse motor em que temos que forçar o leme, pois estamos agora em um único e, no entanto, indestrutível navio feito do cristal da mesma pedra em que o construímos das estrelas, e que estas nos guiem como luzes indivisíveis a cada rota que tracemos para o nosso país, maiores que o silicato – necessário – mas que, no entanto, se mal seguro, este, no convés, desliza sobre o salitre e acaba sendo destruído pelas profundezas de nosso mar. Nosso, riquíssimo e profundíssimo mar! É nesse mar que se respira o próprio teor de nossa mesma democracia em que basta sabermos o sentido de termos a riqueza preservada, incólume, temos estaleiros, fabricamos, e temos tudo para incrementarmos nossa indústria com a mão de obra que vai desde o conserto de um vaso sanitário até uma sonda ultramarina… O olhar do mesmo mar vai ao nosso encontro, companheiros, quando quem vos escreve agora escreve com a paixão de ter visto no olhar de um pássaro não o desespero de um pobre pombo no Pátio do Colégio, a ver outros seres humanos – adictos – mas que esse olhar outro na gaivota em plena liberdade leve do mar que reside em nosso peito de esta ilha a outros voos, na semântica cristalina de seus aparecimento por sobre e além das linhas do horizonte.
          Veja, operária do comércio que me atende no balcão onde trabalha a noite toda, e que possui o sorriso e a ternura que aflora em uma trabalhadora. Veja que te amo, por seres uma mulher que não abandona o seu propósito de seguir com a liberdade de sua própria consciência, pois do trabalho seremos maiores – se me for concedido um texto – em que reivindicamos as conquistas que radicamos em raízes profundas no seio desta Pátria. Sei do lamento de um tempo por vezes impróprio, mas saiba que meu coração é pleno de existir, pois a ti servirei com minha luta de empreender esforços para que construamos uma sociedade livre, com suas idiossincrasias, seus propósitos, até mesmo as perfídias que se insinuam em outros olhares, pois todos são irmãos perante a Lei, e é nela que reergueremos o Brasil, para que o olhar cansado de um pobre dirigente veja que além a carreteira é longa e, se nos desviamos, é porque outros nos orientam a que prossigamos a trazer dos insumos em que somamos, apesar dos pesares em que pensamos ilusoriamente que estamos sozinhos, por vezes.

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