segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O RETORNO NUNCA É ETERNO

            O que esperarmos de algo que não sucede, mesmo que esse algo seja entidade do fato, seja útil enquanto modo de pensar livre, como algo que tentamos expressar mesmo sabendo que o tempo nos encerra as grandes e urgentes mudanças... Sabemos que nada retorna em papéis similares, ou o que se pese que todas as mesmas pessoas estejam em uma sala de jantar, ceando os mesmos alarmes em relação à vida. Esta mesma vida que nos vitima como faz, em contas inumeráveis, dentro de sua mesma e própria evidenciada farsa em sabermos que a psicologia do comportamento reina em certos parâmetros insofismáveis, até a prova da justa cidadania a todos, por excelência, que paute, que pontue, que não permita que voltem anacrônicas carapuças. Pois que sejamos um, talvez o mesmo uno concluso de nossa necessidade espiritual, quando há. O termo geral é dessa questão, e seu poder e força envidam os mesmos esforços dentro de pressuposto de estarmos ativos dentro de quaisquer quadrantes de atuação, desde que estes abriguem a cidadania como ponto chave em todos os povos de quaisquer territórios.
            O que se entende por cópia ou plágio da história não leva a compreendermos a amplitude de um progresso efetivo se pensarmos que nada acrescentaremos à evolução mesma da história se utilizar esse conceito – evolução – de forma arbitrária a que tenhamos que aceitar qualquer aspecto dela inerente. Os brotos de uma sociedade autoritária podem partir de um processo viral em sua divulgação e marketing apenas do considerado aproveitável no modo de vivermos, estigmatizando cada vez mais aqueles vitimados pela cronologia determinista de seus próprios genomas. A propósito, a velha condição de um ideal da raça humana encontra sua eterna tentativa de retorno, pois que então indiquemos que muito antes dos gregos ou romanos já existiam civilizações na Terra, indígenas ou não, e uma África com sua própria dinâmica civilizatória e espiritual. Em outras palavras, não há mais tempo nem lógica existencial e humana que revisitemos parágrafos arcaicos da anticultura. Pois todo o aspecto imposto de cânones na arte, mesmo nesta aplicada, não resulta em movimentos que a reinventem, ou que observe os meios como um diálogo que os conteste mesmo, na retórica justa e inequívoca.

sábado, 29 de agosto de 2015

ESCREVER SEM FERRUGEM...

            Por vezes escrevemos sem referências, do modo oposto do que fazia Borges, quando se utilizava de citações ou mesmo no fantástico mundo do que existe. O fato é que escrevo agora um pouco olhando para uma garrafa de azeite de oliva, algumas garrafas de plástico, uma carranca colorida em epóxi, como que passando o olhar, como me situando no agora, o que tenho em minha frente, se adornos, quiçá sem qualquer estilo ou padrão literário. As letras correm com o tempo, como se esse tempo fosse marcado pelos segundos do quase sem pausas, mas quando há um ponto, estas também. Não é que haja uma ferrugem no escrito de qualquer, mas que cada qual possa se valer do exercício de encontrar na expressão escrita algo de maior substância, algo como um que de acordo, um paulatino significado que toma forma ao desenferrujarmos nossos traços perante o papel...
            Um pensamento começa a se tornar fonte, algo que não se apalpa no tato, meio que uma vertigem de fortes alicerces, uma estruturação simbólica quando olho mais acuradamente para a carranca; os dentes, os olhos: um dia foi manufaturada, e está presente ao lado de um cortinado preto como se houvesse o tempo em que montei um laboratório de revelação serigráfica – e houve –, tornando-se depois um espaço onde cultivo uma Olivetti com boa luz e mantenho boas fitas de tinta. As ferrugens são um processo salutar quando apontam onde devemos reabilitar nossas arquiteturas, usando o alumínio, reinventando o plástico, ou galvanizando os varais... Um quadro pintado com giz, de Cristo, uma cabeça pintada, me conforta e nos mostra que por vezes em um esboço de arte de dez minutos em um cartão, com três cores, podemos decorar o ambiente, tornando uma parede uma companheira, se temos um pouco de fé, que sempre ajuda, ou que seja, compõe-nos um recurso nada caro para que nossos espaços reencontrem sua natureza dinâmica. Para quem está em um espaço qualquer, seja uma casa  ou mesmo sob uma árvore, é mister se esforçar para melhorar, que seja, uma parede, uma rede, um desenho, uma cerâmica, partindo de uma ideia de dentro para fora, como pensaria um arquiteto que não se formou e tende a redescobrir os nichos, e amparar seus ninhos.
            Assim, a meu ver, se processa a escrita, ou qualquer manifesto que remeta a algo de se construir, de se trabalhar, desde lavar uma louça, como preparar um canto de terra a se plantar, virar a massa do pedreiro, educar um povo de qualquer modo, não importando quanto o que se deseja aprender. No entanto, creio que o bom dos livros é pausarmos concretamente a leitura, e retomarmos nas letras, pesquisarmos seus índices, contarmos a mais gente a história. Acredito que isso já está sendo feito em muitos lugares do país, mas o que vemos parece a muitos – do que vemos nos meios de comunicação convencionais – apenas a negatividade, a imprensa marrom, o que dá audiência, não apenas em seus níveis de violência generalizada, como em um tipo de erotismo que vem através de conflitos, injúrias, e as plataformas de poder, que ensaiam o erro do humanismo faltante que dá lucros e manipula, através de recursos escusos ao público que não encontra tempo nem condições – quando volta exausto de seus trabalhos – para se entreter com mais qualidade. Por vezes nosso discurso emperra em uma ferrugem que se dilata no mesmo assunto, mas esta serve para travar um pouco as peças a que pensemos o que fazer para melhorar o funcionamento de quaisquer motores que possam inibir o comportamento de nossos trens. Precisamos caminhar, e caminhar sempre! Para tal, é necessário revisar os processos mesmos de uma civilização que nos leva – quando ocorre – ao atraso, pois justamente a contemplação nos dois sentidos reitera a possibilidade da existência do negativo e do polo positivo, mas que a positividade enquanto assertiva de progresso encaminhe melhor as proposições negativistas, conduzindo-as para um senso comum de debate, pois estas são apenas as contradições inerentes a tudo, mas igualmente a objetiva ou subjetividade de opiniões que sempre vão fazer parte do arcabouço histórico e cultural do mundo em que vivemos. Principalmente agora que as fronteiras evanescem como pétalas de uma rosa que sempre estará brotando, para que se guarneça o mesmo mundo de um padrão de solidariedade inequívoca: importante e essencial.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O ESTUDO COMO MÉTODO

            Estudar é como principiar algo a mais do que já conhecemos de fato. Há uma questão que a mim é referencial que é o estudo da arte e sua técnica. Como em um tipo de engenharia das humanidades, a arte abraça quase todas as disciplinas, haja vista começando com o estudo do corpo humano, o funcionamento das plantas, as cores da natureza, a psicologia como agregada maior de nossos tempos e tantas outras matérias que reforçam o mesmo conhecimento tão abrangente desse campo. Vejo a arte um modo de expressão que possui seus vocabulários e sua sintaxe, haja vista um escritor ou artista visual conhecerem um pouco de seu mundo, quando a sua necessidade é dizer algo a alguém, através do grande e anímico instrumento artístico. Materializar essa mesma sintaxe, essa mensagem por vezes duradoura e sintética é mimetizar, dentro do pressuposto do que se quer dizer, por vezes graus de subjetividade superlativos, tornando como exemplo cabal o conhecimento da história profundamente necessário. As cores possuem sua linguagem, as formas, a composição e suas relações com o entorno, o estilo na literatura, as metáforas na poesia, seus quadrantes e ritmos e a música que versa no espírito as suas fundações...
            Há, portanto, necessidade intrínseca do estudo e não apenas isto, mas uma vivência ou aprofundamento existencial, pois a ferramenta que conduz à técnica não é o principal item da expressão humana. Não podemos afirmar que um ilustrador digital mostra resultados superiores a um aquarelista, ou desenhista que se utilize de carvão para esboçar sua expressão. Alfredo Bosi disse com propriedade que a arte é um fazer, um construir, um expressar. Nada mais próprio em se afirmar, pois quando desenhamos, por exemplo, em nossos rabiscos, estamos pensando no papel, que seja, por vezes o mesmo papel que embala o pão. É como a caligrafia: se não for ensinada como sempre o foi, considerando que tenhamos que usar o computador ao invés do papel, criaremos uma expressão dependente da transposição complexa e autoritária da energia elétrica para o suporte. Sendo a arte um fazer, não importa de que meio nos utilizamos para tal, pois um grafite, uma serigrafia, xilo, aerógrafo, ou mesmo um carimbo, são igualmente expressões da arte visual. O mesmo se dá na literatura: por vezes um homem possa ter apenas uma caneta para escrever um livro, pode estar em um barco singrando o oceano ou algo similar, e se não souber uma caligrafia não poderá escrever uma única linha, já que os celulares pifam quando molham.
            Esse tipo de iniciativa de que tenhamos para nos expressar de utilizar tal ou qual meio é no mínimo acepção de totalitarismo anacrônico, ou, o que é pior: pós moderno! Na contemporaneidade devemos alicerçar nossos pensamentos e expressão com o que tivermos à mão, criarmos nossos suportes, independente da meritória tecnologia, que igualmente, veio para ajudar, sob muitos aspectos. Mas não façamos disso uma sociedade que tenta mitificar a técnica e estabelecer critérios acadêmicos de seleção de alunos que deixem a redação, por exemplo, nulificada no sistema de ensino. Esse é um retrocesso gigantesco, pois só vemos multiplicarem-se os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que não conseguem entender um parágrafo mais longo.
            O segredo do estudo, em qualquer campo de atuação, além da abordagem prática, é o que se lê para compreender a matéria, e é com base nesse tipo de disciplina – através de livros – que teremos uma educação à altura de países mais cultos do que o status terceiro mundista da ignorância, que não percebe a vulnerabilidade de seu povo que por ter sua massa crítica nulificada, abre espaço para que o manipulem através de canais de mídia que fazem o seu papel sinistro de apenas correr para aonde está o poder, ou os interesses de suas corporações.
            Quero crer que se estude neste país, pois o poder de barganha dos novos meios de entretenimento e comunicação está limitado a um nível acachapante e avassalador, e enquanto não contestarmos esse status, não teremos mais referências cultas nem em nossos profissionais de ordem acadêmica de letras, como os nossos advogados, que enfrentam sérios problemas em sua maioria para passar bem nos exames de admissão da OAB. Fica a sugestão que articulemos frentes amplas de boa alfabetização, compreensão de leituras desde as primeiras letras, incrementos nos acessos aos livros escolares, e igualmente a formação de ordem técnica, tão importante quanto o conhecimento das humanas e da arte, mas não mais do que estas...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

BARCOS DE AREIA

No que soubermos de uma latitude onde os mares se encontrem,
Seremos mais do que barcos, pois iremos navegar com rochedos,
Quais seres inconclusos que pairam sobre a plataforma dos tempos
E as suas procelas de entendermos que nada é mais imenso do que o mar.

A vida se nos abraça em cordéis de ouro, nas próprias mesas do ano
Em que saiamos a comemorar farturas em nossas colheitas da Terra...

Passo a todos uma voz de esperança, para que saibamos que o opróbio
É próprio apenas dos que submetem à apreciação de certos modais
Apenas a verve especulativa de falar sem economizar linhas de ritmos
Que, saibamos, aparecem tão marcadas em uma mrdanga indiana e na voz
Da flauta brahmínica de ocasiões onde sabemos que religar é o sentido
Da religião que nos abrace caudalosamente as relvas onde Krsna segue
Com seus pés, como a lótus desabrochada em relva macia,
Na paz que transcende o irrequieto demandar de nossos sentidos.

Nem que sejamos pares ao reverso, ou mesmo as veias que rugem na paz
Que só alcançaremos sob a luz mal pronunciada pelas vertigens nuas
Que carregam a vida de muitos, mas que se retraem quando iluminamos
Na voz que nos carrega sobre a planície de nossos sentimentos
E necessário serviço devocional no alto de quem chega a ver demais.

Não nos ofusquemos com a maravilhosa contemplação de algo que há
De toda a imensidão que nos rege, pois se há uma boa batuta no ar,
Sigamos de maestrina que seja, mas saibamos que o verdadeiro piloto
Navega e orienta a humanidade sob um princípio em que esta não vê
Com os olhos onipresentes do Criador e mantenedor da Natureza e tudo
O que sabemos existir a partir de nossos sentidos ainda imperfeitos!

Paz será a onda de agora, a partir do momento em que vemos irmãos
Serenamente atravessando fronteiras, qual um êxodo, qual primavera
Em um gelo glacial inenarrável de seus países de origem, a saber,
Que os muros apenas cercam de ressentimento, pesar e rancores
Todo o povo, independente de qual seja, que se protege com isso...

Levemos a paz onde há guerra, conhecimento onde há trevas, comunhão
Onde haja discórdia, iluminemos nossos caminhos longos e duros
Para que outros possam seguir a mesma Verdade com seus próprios pés.

Um dos segredos, irmãos, é o vento que bate nas folhas, simplesmente...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A CONFISSÃO DO JUÍZO

De tantos e quantos são os dados sobre o nosso mundo
Que versa sejamos algo além da lucidez que tanto preservamos.

Pois os dados são um tanto números e outros, gentes,
E estas não são números como estatísticas ou medalhas...

No espaço de um quarto reside o sono e seus artifícios
Quando de se sonhar reside igualmente a paz...

Sem jogos que não queiramos sempre jogar, pois até aqui
Saibamos que as gentes não permitem o lúdico sempre.

Confessamos que vivemos todos quais significados próprios
Em que talhamos o destino enquanto indivíduos silentes.

No conviver fraterno em que estaremos em intenção
Reside igualmente a possibilidade de termos nosso juízo.

E no coletivo temos também expressão inequívoca
Quando reivindicamos e lutamos pelo justo em nossas vidas.

O juízo paira sobre nós sobre vários aspectos,
Mas que não seja o último, pois a humanidade existe para acordar...

Não há maiores possibilidades em saber de questão
Em que o bom juízo serve para ensinar a imparcialidade.

Que não nos guiemos pelas frentes de comunicações de equívoco
Quando ensaiam apenas o que querem impor em seu sentido.

Pois que nossos sentidos sentem mais do que poderíamos
A ver que sem controla-los não teremos o bom senso sempre...

Impor-nos sucede seja necessário, pois o injusto é que a simples palavra
Esta, recorre a que seja muito mal interpretada pelo parcial...

A necessidade é uma palavra tão importante quanto a vida
Pois nesta brotemos o sentido, quando este se fizer premente!

sábado, 22 de agosto de 2015

VERSO 30

Eternidade é de nós mesmos em nossas centelhas que somos,
De estarmos na energia que transige a matéria e escolhe o espírito,
Mas que nos mostra que é no espírito que tenhamos a vida em verdade.

Krsna, que me carregues em Teus braços quando nasço para ser
Um a mais de correntes discipulares em que apenas sei que sou devoto.

E esse encontro é fremente e partícipe, pois é através dele
Que encontro as veias da Natureza Material, e seus seres
Que traduzem este mesmo, o ser espiritual onipresente...

Pois em Brahman impessoal também encontramos
A parte que nos conecta na verdadeira conexão
No altíssimo que O encontremos, não por uma vida,
Mas por experiência de uma centena de milhares delas
Todas as que as esquecemos, pois não somos Tu, oh Govinda!

Ainda que tentemos Te procurar, oh Madhava,
Só acontecerá sob sua clemência, e no nosso portar
De abraçarmos as austeridades que nos fazem Te entender,
Mesmo sabendo que nem o maior sábio conhece-Te inteiro...

Posto teres o corpo transcendental, sendo a menor partícula
E no entanto o que há de maior mesmo dentro da limitação
Dos sentidos imperfeitos do ser humano...

Não o compreenderemos jamais do que És em Tua dimensão,
Mas a mais leve aproximação em serviço devocional
Nos mostra a grande ciência espiritual da Bhakti-yoga
Onde conseguimos finalmente refrear os cavalos
Que carregam a quadriga de nossas existências
Dentro de uma missão inequívoca neste mundo material...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O DE SER

Ser que não é, que não há o que ser mais do que somos em tudo
Quando nos apercebemos do nada em não sabermos em que estamos
Onde o pressuposto da existência roga a que não esqueçamos
Que somos tantos onde estamos e onde somos por si apenas.

O ser que é um nada não existe, mas que se faça a rogar
Que saibamos o mínimo de vivermos a nos prezar enquanto seres
Que navegamos por mares de misérias onde nos fazem brotar
O que não nos tornamos por exclusão de nosso próprio imo.

A página de um verso resiste na opinião de um homem
Que saiba apenas que em um ramo de uma árvore
Brota outro alguém por nós ignorado na floresta
Onde não fenecem muitas sementes que são tantas e várias...

De onde viemos todos e para onde vamos, quem sabe será
Onde partimos todos os dias rumo à uma libertação
De nós mesmos a outras plataformas onde o poder da voz
Enriquece o dom de sabermos a nós mesmos nos pronunciar.

Que será de todos os que vivemos livres a não ser a liberdade
De sabermos que a dita sociedade que a tudo controla
Não saberá mais do que nós enquanto não conceder
O perímetro abrangente e lúcido de uma consciência.

E assim seguimos sem saber dos que estão circunscritos
A certos painéis de estrelas do ocaso e vilanias
A sabermos que o mundo inteiro está vivendo no Ocidente
Como um caldo que engrossa e é entornado no ventre da discórdia...

O APRUMAR-SE

            Seria muito cedo afirmar que um velho barco estaria no mar àquela hora. Paulo madrugara, mas não ligara seus motores completamente, e que existissem para navegar... O rádio apontava canções de uma noite continuada, e seus olhos estavam meio baços, tomara um remédio forte pela manhã, pois seu psiquiatra assim achara que devia ser e, no entanto, mesmo com a forte medicação, a época era de uma ciência igualmente consolidada no aspecto da medicina.
            Pegou de seus chinelos e Pulpo, seu cão, o acompanhava em seu sono invejável, que vira muito na véspera daquela sexta-feira. Paulo possuía a compreensão de seu mundo nas coisas que via ao redor, um imediatismo, na prática não em se projetar muito, mas as questões de trabalho mostravam que, em seu ofício de artista diletante – mesmo assim – as pinceladas seriam uma mostra de que o término de sua pintura era algo de mistério, como, aliás, era de mistério muito do que se passava naquele bairro antigo como as pedras arredondadas que brotavam do mar a cada movimento das luzes. A cada caminhada matutina via os reflexos de uma simplicidade na arquitetura, nos nichos, nas portas, nas gentes que perscrutavam os companheiros de jornada, e no caminhar que não forçasse demasiado suas pernas que já cansavam por causa de suas sessenta primaveras. E fosse mais, não mais seria tanto do que já exaustivamente cumpria sua missão por aqui, neste globinho, tão afeito a mares e terras, a anacronismos por vezes salutares, por outras, algumas contemporaneidades meramente circunstanciais... Sabia de gerações que nasciam frente à possibilidade do conhecimento e da pesquisa, de igualmente sua própria geração que vivera partes turvas da história, mas cria na navegabilidade do mundo como um todo e, no que fosse possível de ajudar, permitiria o aprumo em mais um leme: apenas isso.
            Mas do que se trataria um prumo, ao barco sem destino, apenas a singrar, e esta era a viagem que Paulo consubstanciava em seu modo de ser, que fossem, talvez, vários os destinos. Para ele, mais claro era dizer uma palavra, um monossílabo, a saber que, proferida, existiria a fala como tal, para ele, na Verdade. De seu modo particular. O ego lhe partia o bom senso para outras águas e, a saber-se um grão de areia no oceano, voltava a aprumar o leme, pois a egolatria participava dos tempos deste nosso século em que outras luzes pintavam a comunicação entre um servidor remoto e seus milhões de serviçais, onde quem não acreditasse que fosse vital esse portar-se na dependência tecnológica talvez respirasse do ar saudável da capacidade de contestação, ao menos... No entanto, espiritualmente vivia absorto, por estar na companhia de Krsna, e esse era incontestavelmente um ego que lhe dava alento, já que essa certeza aos olhos de si mesmo refletia-se no seu coração, dava insumos existenciais e a aproximação com as coisas da Natureza, como os seres, o mar, as pedras, o concreto, as vigas, as colunas, tudo que fazia parte do mundo, seus homens e suas mulheres. O Senhor Cristo também era a sua grande referência, um exemplo a que todos deveriam seguir...
            No entanto, seu barco precisava de consertos, pois de um casco muito antigo sabemos de seus desenhos, de suas nervuras, de sua estrutura, e um bom capitão mantém sua embarcação nos padrões permitidos pelas capitanias. O barco seria como um corpo, que o temos muito mais complexo, que somos nervuras, mais do que casco somos, com um coração onde reside o Criador, igualmente na sua plataforma de testemunha de nossos atos, por mais intimistas que sejam, nem que o pensamento nos fuja em intenções parcas, pois nossa atitude perante o próximo há que estreitar os laços, e não estabelecer dúvidas que gerem contendas. O pressuposto de que estamos relacionados intimamente com o nosso entorno reza que preservemos as praças, que plantemos mais árvores e que a cenografia de tapumes e edifícios, somente, não trazem no oceano material uma qualidade de vida que sempre será e deve ser conquistada em qualquer território de nosso mundo, e isso gera menos contenda, mais espaço e mais humanidades, pois a qualidade de vida deve ser resguardada a todos, em direitos e atitudes, principalmente entre as gentes que sofrem com duras carestias.
            Dora aparecera um dia na casa de Paulo, trazendo flores tão lindas: um ramalhete de rosas vermelhas, que o deixou vexado pela generosidade sem limites de sua companheira. Depois de sair a comprar cigarros, a encontrou no sofá, com um jornal antigo, que ele guardava estes papéis para forrar o chão de seu atelier. A arte era seu grande barco, um navio imensurável, onde encontrava a paz necessária para criar seu mundo, navegando pela expressão própria da coragem em ver a mesma arte sem limites jamais imposta por quaisquer academias, ou conceitos em farsas ditas vanguardas, mas que estas não passavam da mesmice de “ismos” e rótulos, fossem eles objetos ou instalações. Dora sorriu quando seu amante se aproximou e o beijou carinhosamente. Dizia-se um pouco cansada, mas renovava o espaço ao vê-lo...
            - Meu caro amigo... Faz tempo que não nos falamos, as rosas eu as trouxe, mas vi um roseiral que você não acreditaria, lá no norte.
            - Para lá que mostra meu ponteiro da bússola, e eu não sei se devemos aprumar este nosso barco... – Paulo estava, como sempre, fantasiando uma história repleta das metáforas enriquecidas toscamente por uma poética na verdade – ela – sem rumo. Na verdade, o diálogo entristecia-se um pouco no cerne lógico, pois desse rumo padrão é que Dora se acostumara em toda a sua vida, e a lógica de seu companheiro não era por ela compreendida, pois este quebrava o seu pensamento em frases por vezes muito longas, sem as pausas importantes. Mas que não se notasse, pois a expressão de um ser basta a que um olhar mostre algo, a um gesto de mão, a um resmungo qualquer, à liberdade de termos verdade ao falar, que seja, seu significado primeiro, sem metalinguagens de ocasião. Como se o privilégio de poucos seja controlar a voz de outrem. Ele olhou para ela com um gesto afável, sabia que ela por vezes era bem condescendente, e sorriu como quem descobre algo. Dora estava com um pouco de sono, e fez de um bocejo a própria pronúncia:
            - Tenho sono um pouco, Paulo. Não ligue não, não nos cabe nos ligarmos em nada que não seja o que dizemos simplesmente...
            - Eu sei, me perdoe...
            - Nada a ver, é que às vezes parece difícil. Êta mundo este, nosso, que tanto amamos. É só isso, apenas isso, querido; quero que saibas; no entanto você me faz crer que enquanto não esteja bom para alguns, todos não estão bem. O mundo não é assim. Se é de se aprumar, que aprumemos as nossas vidas, pois os que vêm se agregam.
            - Pois é... Se fantasio, é um recorte de minha experiência, pois que ritualizo um pouco, como um índio que se perdeu em solo de genes europeus, talvez... Ou talvez não, que eu tenha vivido como um cidadão da idade média e contestado algo, ou inventado alguma estrela inexistente aos olhares: gosto da ciência artesã, me entendes? Assim acerto meu prumo, que o céu já está repleto de estrelas e nos vemos em cada uma delas.. Se minha lógica é transversal é porque assim fica mais fácil para mim compreender a base do meu pensamento, que é minha própria fé, nada além.
            - Siga assim, companheiro, pois para existirmos não se paga o frete, nem o pedágio... E se o veículo é longo, há avisos na carroceria. Se é de barco, aprumemos, pois, que é bom, é interessante, lindo.
            Assim seguiram, de tudo o que quisessem criar, pensar, expressar, viver... Era aberta a temporada dentro de lúcidos espíritos, pois de luta não se pensava aos de bem, já que quando algo sobra demais na panela, há que aliviar o tacho e repensar, e esfriar o arroz. É grande a atitude que leva à paz e inequívoco o sentido dessa paz, pois o conflito gera mais conflitos, e a preeminência desse códice traz abalos dos quais os reflexos são sentidos em dimensões continentais, maiores do que o que se supõe ser verdade ou farsa nesse estranho jogo de amarelinha onde o manco sempre leva desvantagens, ou em um xadrez sem rei, de três peças, há muito tempo inacabado!

terça-feira, 18 de agosto de 2015

AS VARIANTES DO PROGRESSO

            Seremos muito maiores quando nos aprofundarmos nas questões de um desenvolvimento onde cada brasileiro veja em sua própria transparência um reflexo de novas atitudes governamentais, presentes no diálogo igualmente aprofundado nessas mesmas questões que abracem o conceito fundamental de sermos um país com variantes de cidadania e a sua importante compreensão do fato. A história mostra suas referências, mas havemos que antepor a crítica como seu diálogo constante em vermos que seus erros devem servir para consubstanciar o andamento de uma frente de desenvolvimento sem nos preocuparmos com verdadeiros avanços e sua contraposição, pois teremos que aceitar alguns obstáculos dentro do cerne de uma democracia cada vez mais participativa. O século vinte nos mostrou a barbárie como algo que se supunha normal entre as humanidades, se pontuarmos a velha questão da geopolítica. Hoje, enfrentamos conceitualmente como essa barbárie fica latente em nossos destinos quando super expomos os homens, mulheres e crianças à mesma indústria cultural que privilegia os esclarecidos e manipula os inocentes... Esse esclarecimento de camadas elitizadas da população traz um prazer inequivocamente sinistro quando se apropriam do conhecimento de estarem aparentemente por trás das produções, ou seja, serem “apropriadamente” mais “inteligentes” do que as massas que recebem certos entretenimentos sem sua crítica contumaz e necessária. Essa assertiva é apenas uma constatação de como pode ser complexa a questão da manipulação daqueles que se inserem em um modo de vida por determinação extemporânea, surgindo, desta feita, patologias mentais por vezes no próprio conceito do que dizem ser normal ao andamento de um indivíduo e suas notórias dissociações psíquicas, dentro ou fora de coletividades, muitas vezes hostis e preconceituosas.
            Não falaremos em progresso enquanto não considerarmos a sociedade como algo que remonte as peças de uma situação tal que levamos a ignorar parcelas substanciais totalmente excluídas, e para isso devemos trabalhar, compreendendo sob uma ótica ética e humana a recriação de universos psíquicos e físicos salutares, abrindo amplos espaços de convivência e conscientização dos grupos onde as autoridades muitas vezes não enxergam a cidadania igualitária, na noção clara e óbvia que devemos pautarmo-nos pelos direitos universais da cidadania irrestrita... 

CAMINHOS DE CHUMBO

Inefáveis trilhas secretas nos aquietam, quando o que se previu
Era algo de um acerto inevitável, mas que se supõe que não mande
Alguma outra notícia de chumbo que iniciam, no pressuposto vão
De calar a voz de um amigo opondo-se às verdadeiras questões
Que jamais se encerrarão em poucas palavras, como se não ditas,
Mas que o horror dita as suas regras por vezes no diamante que teimam
Em segurar em suas mãos de suíça intocada pelas irlandas do contentamento.

Seara em que depositem ao ignorar do canto de um homem de genética
Assaz rara, no mínimo de um defeito de máquina maravilhoso quando vê
A mais do que o normal das gentes que se conectam ao parafuso digital
Plugados em suas assertivas de que tudo encontra o bem termo quando
Uma vila militar sente sufragar seus próprios óbices de lutas...

Há que ser soldados, companheiros, nem de sombra de Vandré, do nada
A que sejamos soldados por soldados sejam todos os que apenas lutam
Em se sobreviver depois de lauto banquete de ofensas na festa das três.

Seguro está aquele que não vê a maldade na luta, pois que de bondade
Defende o patrimônio de seu caráter e vislumbra na orla do oceano
Algo a mais do que o nulo e nada sincero alinhamento partidário...

Pois que nas rebarbas das limalhas dos pistões de popa ainda sabemos
Que a hélice gira para a frente, dependendo do seu desenho e do eixo
Em que em seu viés foi fabricado, pois vemos que não há palavra
Que dita por casualidade em seu sentido lato não mude a conformidade
Do fato motor, do barco que navega, apenas isto que o seja:

Sem a interpretação de outros significados que não seja o navegar
Em busca de uma paz concreta, na mão que se avizinha enferma,
Pois talvez nas confortáveis posições de um vento que não sopre nas velas,
Mas apenas na parabólica sonante do dinheiro de um condomínio blindado.

A questão não é estarmos presos ou em liberdade, mas termos
O termo cabal que nos mostre que o injusto sempre será o que se parece
Com o que não nos sentimos viver, com o fato de ir e vir ser muitos
Dentro da nossa consciência onde o que estaremos contemplando são as aves.

A MADUREZ DOS CACHOS

            Não se sabe ao certo do trigo que seja maduro, ainda que o pão nos traga a boa notícia do alimento... Então, de se rever, que muitos sequer sabem do cotidiano de um bom campo, e suas inumeráveis florestas. Em roças mais morenas o braço do camponês trilha a vereda incansável de sua foice e pequenos arbustos testemunham as vezes em que o homem silencia seus braços. Por vezes de ébano expatriados, desde tempos em que a “normalidade” era brutal como o açoite. Por se trabalhar, apenas, o fremir-se gesto de fartura da “humanidade”, que ainda se encontra um reflexo no olhar do branco em seus preconceitos remotos e injustificáveis contra cor e o que chamam de loucura. Mas a maturidade existencial recorre em páginas ágeis em nossas histórias de povos, nações, fronteiras sem dispor de ocasos que não sejam apenas o repouso do sol, o amanhecer de uma estrela, a vésper no voo de um pássaro de hábitos noturnos... Assim recebemos gentes de outros territórios, assim democratizamos o conhecer de vidas quase anônimas, não fora por contendas centenárias, em que o peso colonial subjugou nas suas subtrações inequívocas dos desacertos.

domingo, 16 de agosto de 2015

VERSO 29

Disto de Tuas certezas, que És o imorredouro princípio e fim
De toda a Natureza Material, posto uma presença cabal
Em todos os acertos dos passos de uma insignificante formiga
Ao tremor inquieto de um grande vulcão falsamente adormecido...

Passo os dias com uma felicidade imensa em Te ter, oh Krsna,
Amigo de todos os meus entristeceres igualmente, que teço por vezes
Um sentimento de medo por pensar em esquecer quando esqueço...

Visto que És tudo em que vivo, não sei de mais nada a não ser ter-Te
Como um maestro de minhas aulas diárias em que apontas
No voo inquieto de um pássaro que adormece uma estrela
Quando por um instante passa por ela em que a sinto Sua falta!

Srikesa, És conhecedor da Natureza Material, e agora repouso
Sob Tua flâmula espiritual, onde vertes os mananciais que não esgotam
A mais remota esperança de Te ver brincando em Vrndavana
Em que Radharani escuta de Tua flauta maravilhosa...

Posto que sou um grão de areia em Teus mundos, És tudo
Do que alguém jamais pensou existir na onipresente face
Que mesmo em todas as nossas dificuldades nos reside imutável...

NOTURNO

            Um dia que fosse, e estaria Ramon mais complicado do que estava em outras épocas, igualmente endividado, mas esperando que sua esposa não o abandonasse, conforme diuturnas ameaças veladas. Sofria por seu próprio descompasso, mas não haveria como não perder esse metrônomo existencial, pois sua vida já não empunhava o mesmo ritmo de antes... A vida em si, como que encerrada em um parágrafo, não seria o suficiente em qualquer descrição, mas de momentos efêmeros tirava suas conclusões. Claro estaria que nada pudesse transtornar mais o seu humor do que aqueles dias de incursões tão graves na natureza humana, que se processava em continentes e continentes vários, estes de sua própria cabeça, próprio igualmente do que via ou presenciava, em seus testemunhos serenos mesmo em duros aprendizados... O que gostaria Ramon para si era apenas, em sua conduta, o que esperava do próximo, na mesma igualdade de cidadania e condições, sem preconceitos de classe, religião, etnias, pensamentos ou atitudes. Essa questão da utopia, de algo que não constasse muito na sua realidade é que chateava Mariana, sua esposa. Talvez o excesso de sonhos de seu marido a exacerbasse de trabalho em que ele não focava muito, no de se ser atento, deixar passar algum detalhe de casa, ou mesmo na incompreensão de alguns desafetos. Mas que se acertassem as celeumas, os temperamentos ambos eram tais que pareciam com rosa que nunca murchasse. De um modo algo simplificado, reclamavam em seus olhares um pouco da tristeza de se amarem muito... Talvez não fosse amor suficiente, mas a flor não emurchecia, brotava um contentamento às vezes, afinal não seriam os melhores tempos aqueles, pois nada seria tão fácil de mudar assim, como se fosse de rompante. Conviviam com suas duras realidades, e o diálogo era às vezes pontual. Certo dia, ele a procurou em seus lençóis para que falassem da vida, algo de depois, algo de cotidiano quebrado, uma madrugada quebrada da labuta de ambos, em suas longas jornadas diárias:
            - Pois sim, Mariana, estás com os olhos tão semicerrados que eu não te adivinho mais... – Ele teimava em ser um pouco sincrônico, e isso de ensaiar palavras esquisitas a colocava inquieta.
            - Basta, meu caro esposo, estás te quedando acelerado. Tenha a mesma ternura em dar um tempo na lógica!
            - Não entendo, talvez fosse este dia, não me apercebo de tudo, Mariana. Sei do amor gigante, mas não sei dos detalhes desse amor.
            - Reza que tenhas paciência, meu amor... É assim que é a vida, nem sempre a compreendemos, somos muito minúsculos em suas frentes, em nossas percepções, nosso carinho com ela devia ser mais atento, apenas penso assim.
            - Quem dera fossemos algo mais do que as pernas que se cruzem na vastidão de um começo de noite...
            - E que me venhas com sempre de poética. Me faz bem! – Mariana o provocava com pequenos beijos, e o diálogo verbal sucumbia a mais de se amar, como o sonho de um poeta solitário que busca fazer amor com palavras...
            E os dias transcorriam de um modo de um agosto conturbado por um pouco, de outra feita algo previsível, pois nesses tempos os is tinham seus pingos em cada qual e não se precisava de carapuças, pois as máscaras já estavam prontas no grande teatro, em que a vilania não era a mostrada na televisão, mas esta mesma, a vilã maior. Não de máquina, mas de escoadouro pura e simples de concessão de mídia. Essa era a vilã que não se escondia, parecia que fazia o seu papel, e Ramon apenas era vitimado, um pouco que fosse, pois trabalhava como jornalista e, como mero empregado, tinha que fazer vista grossa a todas as misérias da farsa do material jornalístico. Já era agosto, e qualquer pensar opinioso mais livre de sua parte recebia cortes da censura de sua empresa, que pensava exatamente contra o progresso social de seu país.
            Sabia ele que era uma rede grande, um grande monopólio de comunicação, sabia ser uma máfia comunicacional, não passava disso e das concorrentes – todas – depondo contra o andamento constitucional da livre opinião dentro do contexto da expressão profissional do que pensava ser um jornalismo coerente. Não se contestava, e o Governo Presidencial se travava nesse óbice gigante, caracterizado como um outro poder dentro do país continental.
            Pausa dada, pausa continuada, pois muitos já pensavam assim, mas o sistema os engolia e todos os outros engoliam igualmente no mundo ocidental, com uma crise recorrente e ódios que surgiam de poucas conveniências desses pequenos estopins inquisitórios. Na verdade, a nação estava em jogo, como em um dado lançado, e assim pensavam muitos, rogando que estivesse pior o panorama para desfechar suas tentativas de golpe e, evidentemente, a tomada de consciência vinha por entrever por dentro das mesmas invectivas declaradamente malfeitoras que participavam desses quadrantes do poder da comunicação, deitando por terra as mesmas tentativas e fortalecendo no viés as correntes mais progressistas. Seria um mês de derrota dessas tentativas infames e o dado tinha dado seis no jogo, facilitando em mais um round vitorioso dos patriotas, pois a elite branca mais uma vez dava de sua presença alicerçada em seus quadradinhos de brinquedo, mostrando que já não possuíam força, e a mudança continuada por instante de pausa continuaria sempre, nesse longo processo de democracia, antes propriamente pela palavra, agora agregada da palavra participativa, em que os laços entre a cúpula do poder estreitavam com seus movimentos sociais, e essa mesma elite branca estamparia os jornais do mundo com uma realidade vergonhosa de participação inequívoca no cenário da anti-história da nação brasileira. Esses estranhos capítulos onde o que se quer é ganhar sem precedência em todos os casos, mantendo níveis de aproximação com injustiças sociais imensas, como imersão nas profundezas do atraso histórico. E a juventude já não entrava nessas questões, pois havia juventude mais esclarecida, apesar de retrocessos atávicos nas gerações que recrudesciam das catervas... De pequenas vitórias a vitórias maiores, assim seria o processo histórico onde, por incrível que pareça, não houvesse água não se contestava o Governo Regional responsável, na terra que secara, e que não se imputava culpa nesse planejamento, de prevenção – anterior – extremamente importante.
            O sonho da paz, companheiros, passa por lutas que nunca são as mesmas, pois só haverá uma receita histórica quando compreendamos que, em cada revolução tecnológica, os meios mudam suas complexidades em termos de engenharia e arte... E a Natureza entra como maestrina a acompanhar nem tão silenciosamente a ligação absolutamente necessária entre ela, os motores fabris, a arte, a cultura como um todo, e o respeito étnico e social como base de todas as estruturas, onde não há como integrar tudo, pois suas contradições necessariamente existentes mostram que jamais seremos estanques em mudar o mundo, pois este é dinâmico e mutável como a água: ela mesma um retrato do que vimos produzindo para nós mesmos, em que todos tenhamos – para começar – o mesmo direito a ela e suas funções.

sábado, 15 de agosto de 2015

PALAVRAS DE CALCÁREO

Outras gentes respiram a si mesmas de um modo anacrônico,
Quando vertem sobre a superfície do querer algo de muito ou pouco
No que não se sabe qual a vivência dos desejos em que estamos
Quase por aguardar as vertentes de uma fonte que por todos os lados
Respira por geometrias consagradas a que não nos sintamos jamais
Na mesma distância em que um vértice cria a sua poligonal realidade...

Mesmo que claudiquemos o afã de estarmos mais sóbrios nas primaveras,
O que dizem, que as flores também fenecem, mas nunca em suas plantas
No que permanecem, antes plantas, quando também alimento, em searas
Nas vezes em que o tempo engana o clima de algo que já não verte a água
Onde deveriam ao menos preservar as fontes, ainda que em segredos...

Nessa seara sem artifícios de outrora sentimos que não apenas o chão,
Mas em nossas superfícies respiremos de atos de legitimidade o suposto
Em encontrarmos nas veredas paulatinas os reforços que nos abraçam
Das forças que prezam pela soberania de um Governo legitimado e atento
A que não intentem contra a pressuposição atualmente posicionada
De fato e de direito a nós mesmos consagrados no ano 14 do silêncio.

Saber que muitos dormem sob o silêncio de verdadeiros homens, é sal
Que não haja regresso no que pensem que são atuantes os que depõem
Contra um gerirmos nossas vidas apoiados sobre uma grande coluna rosa
Como seria a própria planta que empunhamos de modo sagrado nos espinhos!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

UM DIA DE UM NAVIO

            Quem dera, fantasiar que viajamos, singramos o mar, que o seja, quiçá uma ponta de realidade quando o que queremos é navegar... Pode até ser que o poeta disse a verdade quando navegar é preciso, que naveguemos nossa existência! Posto que a trilha sobre o oceano tem procelas, tem náufragos, isso é normal em uma casca de noz sobre um manto quase infinito e azul. Quando conosco mesmo conversamos, saibamos que não são as pausas, as vírgulas, seriam talvez uma parte de uma grande bússola onde aprumamos nossas razões em prosseguir ao prumo, em aportar nas realidades cotidianas, em saber que não estamos sozinhos, apenas por vezes mais distantes. Grande foi a obra de James Watt, a supor que em nossa casa das máquinas o navio se sustém desde então, com sua gigantesca hélice. A partir disso vencemos parte dos ventos, as ondas inquietas, mas o casco é forte para tanto... Mas que não encontremos o tufão, pois remontando a uma época mais moderna já o sabemos e não saímos do se aportar. Podemos saber que uma companheira vive ao lado de nossos destinos, e quem sabe sonhar com os seus olhares nas vezes que subimos ao convés e vemos as estrelas dando lugar à luz.
            A navegação é maravilhosa... É como escrever uma carta e colocar em uma garrafa, e esta sobreviver às rochas chegando à areia dentro do contexto de uma falena, que sorri discretamente em suas noites sabendo que o reflexo da lua contém na mesma garrafa seus significados internos. Mais até do que o navio onde lançamos a mensagem, está o coração de outras falenas que escutam as suas esperas no crescer de suas cobertas. Que estejam em proteção divina, assim como os pássaros que veem no movimento de peixes os reflexos das luzes das orlas, onde um homem verte seu cansaço no prazer de fumar uma pipa. Assim como os homens, sonhamos todos os bichos que igualmente somos, pois que se escreva como uma jaguatirica que deve estar olhando agora em uma floresta – supondo dia ou noite – os caminhos que a levam às vertentes de um riacho ainda intocado por nossas mãos. Quisera termos a ciência de navegarmos plenamente, mas sempre estaremos nas estações dos dias de todos os que estão dentro de coletivos igualmente, em procelas e sacrifícios, a ver que se é de letra saibamos que a palavra liberdade possui nove sagradas... Essa é a navegação do mundo, em estarmos meio que à deriva por vezes, mas sabendo que o leme tem sua própria ciência, mecânica, que seja, sagrada ou não, mas não se rompe jamais com o seu sentido de sentir a embarcação em seu mesmo significado de sempre, com suas idiossincrasias, seus modos de ser, e que há muitos desses barcos, percorrendo mares e mares e que – conforme disse um poeta – muitos nunca foram navegados, já que o infinito é apenas uma sombra de um simples despertar que faz uma frase alcançar a uma ilha que nos pareça alvissareira! Como se fosse de uma pausa, um remanso nos faz lançar alguma rede, e outras ondas nos oferecem as imagens de cardumes, quais veias de contentamento. 
           Parecendo que somos hoje um dia de um navio, e que esperemos que a serenidade nos abrace, que aplaquemos os maus sentimentos, que se é de alimento nos alimentamos de conhecimento, da paz de um oceano de bondade, de um justo alinhamento das estrelas, de uma bússola que mostra o norte sempre, de remos que não serão necessários, pois agora o motor está desligado e as velas com os seus ventos é que traçam o rumo e a navegabilidade que vá a algum lugar, e que nos deixemos levar. Até um ponto em que o navio pede que o aprumemos mais, a sentir algumas velas meio rotas, içadas em mastros mais cansados, mas que ligamos o motor que o barco anda, e outras máquinas tecerão outras velas no mesmo continente onde sabemos que estamos em uma costa de águas transparentes, onde os corais dão de suas presenças ao que encontremos até mesmo as plataformas onde suamos as nossas esperanças.
            Assim que o dia transcorre, e a noite de um navio chega à dimensão de seus próprios rumores, assim, de Natureza, quando respeitamos que nem todos os cardumes estão como fonte de algo, e que as letras já chegam no alcance inumerável de seus próprios caminhos, como uma carta que vai e o barco torna a trazer, o mesmo inumerável tempo em que sonhamos cada vez mais com melhores dias, e o tempo mostra que esse percurso não possui muitos segredos, apenas um bom leme que apruma silencioso dentro de uma vereda incansável de ondas que vêm pela proa a sentirmos que nas descidas por vezes a grande hélice sai da água, tal a força da procela. Inevitável, mas já vivida por barcos bem menores, em sua intenção de ao menos manter a tripulação acordada e distante do vinho, com seus odres que Quixote enfrentou em outras navegações!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

QUE SEJA, A PAZ...

            Na cerimônia católica se diz: eu vos dou a minha paz... Que estejamos sob esta paz, no que mais queremos de tudo. É nessa hora que devemos nos unir, pois um país se constrói com boas intenções, e a travessia é justamente essa, o bom senso em sabermos que estaremos legitimando um Estado de Direito e Fatos na liberdade sem conta que vivenciamos até então, e que não haja tormentas, pois estas não nos motivam, apenas atrapalham o andamento de uma democracia cabal, e nada ilusória. Não façamos divisões entre o que seja, um pensamento alinhado por algo, ou outro, pois a contenda devemos evitar a qualquer custo e assumirmos de uma vez por todas que o governo Dilma Rousseff é plenamente constitucional e saibamos que as críticas diárias e ininterruptas, a exposição da violência em nossas televisões mostra que a nossa fé é intensamente combatida por essas questões de programações e coisa e tal. Não sou propriamente um expert, vivo em uma classe mais abonada, tenho certos confortos, apesar de ter menos em outros casos, pois sofro sempre, principalmente na parte da manhã, em que as medicações me põem mais vulnerável. Mas me trato, exatamente como manda a grande medicina que é a psiquiatria contemporânea, tão fascinante quanto a ciência em si, mas resguardada pelo fator humano. Tenho o conforto dessa grande medicina, talvez por isso ainda concatene bem alguma análise do que sinto, e graças a Deus me brota a ideia.
            Sobre a paz, que pudesse eu ser um tipo de cavaleiro dela, que me animaria a prosseguir lutando sem os inimigos externos, como a luxúria e a ira tão presentes nas nossas sociedades em que sentimos os reflexos, mas daria como ponto importante a compreensão de que todo sentimento de maldade não passa de ilusão, pois não leva a lugar nenhum. Como quando fumo meu cigarro na rua, às vezes sinto que alguém acha desagradável, e passo a não fumar tanto, ou em lugares mais ermos, a evitar sempre que a fumaça chegue a alguém. São pequenos detalhes cidadãos que nos fazem mais puros de espírito, para sabermos lindamente como enfunar bem as velas e prosseguir... A vez agora é da paz de espírito, de que desistamos do impeachment ou qualquer outra espécie de artifício de tomada de poder, pois isso seria grave constitucional e moralmente. Clamo à medicina que aceitem os médicos que venham para este país, não entendo muito, mais creio que aumenta-se a assistência. Quando ensinei arte para enfermos dos CAPs percebi que havia uma sobrecarga nos profissionais da saúde, no que vivenciei que todos têm uma esperança de que a saúde neste país melhore, e o SUS inegavelmente é um plano abrangente, apesar de suas carestias. Esses fatos demonstram, tal como a operação Lava Jato, que estamos cuidando de mostrar ao mundo que somos uma nação transparente, pois a corrupção – convenhamos – já vem de longa data. Isso É aprendizado, pois com os erros aprenderemos melhor e – repito – dentro de uma União pela paz e legalidade democrática. Todos sabem que as pesquisas flutuam, e que no governo FHC, apesar de baixas popularidades ninguém citou sequer o impedimento, mesmo sabendo-se das privatizações sem medidas. Vejo uma presidente da República bem intencionada, é isso o que vejo, dentro de uma proposta de construção e progresso. Tantas são as opiniões contrárias que por vezes não enxergamos qualquer outra, mais positiva, fora dessa tempestade que teimam em alimentar para que o barco em que estão todos os brasileiros sofra o revés da pronunciação de uma crise muito maior que assolaria o país, pois a instabilidade democrática só nos impediria uma boa navegabilidade e nosso parque industrial poderia virar uma sucata.
            É por um sentimento patriota que temos que prosseguir nessa mesma travessia, sem nos manietarmos com extremos que vão do ódio à paixão de modo doentio, pois na verdade, o impeachment não significa nada aos olhos – repito – do bom senso, em pensarmos por uma melhor administração dentro da legalidade democrática, obtida graças ao voto popular, que concede plenos direitos do Executivo à nossa Presidenta da República. Agora, quanto àqueles que assumem que querem um golpe militar, estes depõem seriamente contra qualquer espécie de contemporização, pois pensam com um atraso em que nenhum país da comunidade internacional estaria de acordo, pois, se houver um que esteja, está claramente a favor da barbárie em um país tão maravilhoso como o nosso Brasil. São essas questões que põem um país em instabilidade, mas creio que apesar de tudo, conseguiremos vencer essa crise ética, econômica e humana, dentro dos mesmos questionamentos que norteiam nossas estruturas democráticas, nossas instituições federativas e nossa União que deve prosseguir ao rumo necessário, apesar dessas tempestades temporárias.  
            Resta a questão atávica de nosso planeta: usemos ambas as pernas para caminhar com independência. Não façamos divisão de qualquer espécie, se somos canhotos ou destros, saibamos que o caminho da paz, seja ele católico, muçulmano, hebraico, laico, evangélico, espírita, do candomblé, ou que seja apenas a mesma paz que encontramos em uma boa infância, que não interfira o lado, qual que seja, já que seria impróprio fazer do país uma seara de discórdia religiosa, ou mesmo étnica, de valores, ideológica, ou de qualquer cunho. É premente a União, que não estamos em uma sociedade em guerra e nem queremos estar, e torçamos para passar por essa crise política sem os contratempos de outrora que desejam alguns repetir, já que nossos erros servem para que avancemos no humanismo, e não que apostemos no regresso.

domingo, 9 de agosto de 2015

CARTA SOBRE AMIZADE

            A quem endereçaria uma linha que principia no se dizer do muito a que temos por uma questão humana? Uma carta bastaria? A amizade é algo pra se guardar dentro do peito, como diria a canção... Não é troca de experiências, não é motivo de falso orgulho, pois se um homem descreve algo da realidade de sua vida, seria razão para contatos mais concretos. Não há que se dizer que a enfermidade possui linha reta. Para mim, basta ser amigo de Krsna. Apenas isso me basta, de tudo o que já enfrentei, basta como refúgio iridescente de meu espírito. Começo algo prolixamente, mas desfio um rosário de minha própria simplicidade enquanto homem. Não desejo mulheres nem vinho, não desejo maiores prazeres que não seja servir com humildade os desígnios a mim impostos pela natureza divina ao Senhor Supremo. Não que para isso tenha que convencer alguém, mas só encontro a paz dentro de meu Paramatma em consciência. Falaria longas horas a alguém que quisesse estar igualmente mais desperto, mas sei que por vezes o deserto é imenso para um punhado de areia, ou de sementes, quando possuímos a sorte de tê-las em nossas mãos.
            Conheci vários devotos em minha senda espiritual, e chego a um ponto em que não especulo mais a respeito de uma natureza material que só encontra seus reflexos nas lutas que se processam para obtenção de poderes, suas manutenções, seus hipócritas jogos, seus interesses, e me parece que – antes de comprovar nos diálogos inevitáveis – todos estão torcendo para perder ou ganhar nesse campo, ou lucrar, ou apegar-se gigantescamente aos sentidos, numa busca em que não me encontro e nem quero, não tenho ganas disso tudo... Lembro-me de pessoas que combateram a hipocrisia, que não possuíam preconceitos de nenhuma ordem, lembro-me de pessoas que estão presentes em lutas verdadeiras e, à simples lembrança desses heróis, faço-me crer que – mesmo tendo limitações em minhas liberdades – sou um homem feliz e realizado como poucos, pois aprendi a contemplar muito antes disso virar moda. Não sento na posição de lótus e olho para o Tao, mas compreendo que a física se aproxima do oriente, e que a Índia é um país muito mais importante do que os EUA, pois enquanto um é o berço da espiritualidade no planeta, o outro é campeão em guerras, violências e mortandades, além de ser a nação que incentiva cada vez mais a morte de animais para experiência e fast foods industriais. Prabhupada tentou levar a consciência de Deus a partir dessa nação, mas talvez não esperasse que o berço do imperialismo contemporâneo visse a si mesmo no trágico desfecho que agora se processa, juntamente com a crise global da União Europeia e todos os seus aliados, que permitem o apartheid que se sabe há muito em território de toda a Palestina ocupada.
            Portanto, creio que o momento é de profunda reflexão, e não poderia jamais dizer algo a alguns amigos queridos que não fosse real da minha relação com a própria vida, pois – que se saiba – apenas desta que a própria surge. Relato que surjo com a minha vida a cada instante que me caiba, e que continuo apaixonado por tudo que seja da bondade, pois ainda acredito que é nessa plataforma que conhecemos mais profundamente o que quer que seja, posto filosofica, religiosa ou existencialmente... Sigo em Bhakti, não sou um devoto exemplar pois ainda como carne, mas espero que a humanidade alcance sua razão de melhorar humanisticamente as angústias que assolam o coração dos aflitos, e para isso, creiam-me, o mundo tem que socializar um pouco a sua visão como um todo, se não, é impossível ser feliz. O processo de se conhecer alguém não se dá através de encontros fortuitos, justamente quando esse alguém possui mais vivência do que a pecha imposta de que esta pessoa seja enferma, já que a luz nem sempre é confortável...

sábado, 8 de agosto de 2015

O CAMPO E SEU CONHECEDOR

            O corpo que recebemos para nosso espírito se chama campo; o espírito, através de sua consciência se chama o conhecedor do campo. Essa questão passa por vezes por não termos a ciência do fato de que nosso corpo muda de forma ao longo da existência, ou seja, que assumimos vários corpos, desde bebês até a velhice. Talvez não compreendamos esse fato, mas surpreendentemente devemos saber que a nossa posição enquanto seres habitantes deste mundo torna as fronteiras relativas, pois o corpo depende de uma energia independente para prosseguir em suas jornadas. A consciência corporal manda que usemos nossa mente e inteligência para prosseguir em nossa energia interna, que dita a vida mais espiritualizada, para fazer frente à grande ilusão que está se tornando o mundo contemporâneo... Tudo que diz respeito apenas à matéria se torna a mesma ilusão citada, incluso as designações: sou brasileiro, sou americano, finlandês, bonito, feio, saudável, doente, pois são todas designações corpóreas. Não assumamos necessariamente a postura de tal ou qual religião, pois os que possuem vida religiosa têm que respeitar o ateísmo igualmente como postura de vida. A filosofia em suas vertentes mostra o espírito secular e laico igualmente na postura assumida perante a sociedade, pois do mesmo modo em que professemos uma religião devemos saber que a disciplina de filosofia em um estado laico – repito – deveria estar presente nas cadeiras da educação. Um homem e uma mulher devem ter condições de se aprofundarem existencialmente, e as letras – religiosas ou não – são sempre vitais na educação de um povo. Independe de qualquer situação, laica ou não, pois para um homem ou mulher optarem por uma vida religiosa, convém terem apreendido a matéria, a ciência e a filosofia como um todo seus estudos, já que um médico conhece parte do funcionamento de nosso corpo, tornando-se, através de seus estudos acadêmicos, igualmente um conhecedor do corpo.
            Do mesmo modo em que as fronteiras são relativas, o corpo social também existe enquanto coletividade, enquanto massa crítica, e enquanto houver maiores possibilidades nesse campo, melhor será o conhecimento dessa massa. A queda da crítica depõe contra a educação de todo um coletivo, pois academicamente o diletantismo ou estudo paralelo traz benefícios para a tomada de consciência de qualquer povo, em qualquer fronteira, até para sabermos que esta é apenas uma designação, uma delimitação histórica, que mudou durante todo o processo de nossa civilização. Assim seremos maiores e mais fortes, realmente, se dermos às letras o quinhão necessário para termos melhores cabeças neste país e em outros, se aprendermos do que há de melhor em outros, e se nos conhecermos mais enquanto indivíduos, latentes em nossas células familiares, estudantis e de trabalho.
            Pois bem, por experiência de vida saibamos que o corpo físico de alguém, esta máquina maravilhosa que possuímos depende de nosso conhecimento, do que ingerimos, do que estudamos, do que gazeteamos nas escolas, do que é ilusão, as questões da liberdade tão importantes em um mundo repleto de gente, o que significa saneamento e como podemos melhorar, os ismos ilusórios,  o que é factível, o que transcende, o que é religião e o que será de uma sociedade que a pensemos melhor, sem rancores ou ódios que manifestam claramente a intolerância de qualquer frente do pensamento e ação dos homens. Quando falamos em liberdade, havemos de nos apoiar na democracia participativa, como meio de sabermos onde lidar com problemas recorrentes em nossas cidades, já que mesmo sabendo que as fronteiras são designações, o Estado de Direito manda que as respeitemos, pois assim se comportam as nações, seus continentes, seus blocos e suas alianças comerciais e estratégicas. Em opinião tosca de quem vos escreve, creio que há vários corpos ou campos no mundo, apenas adoto uma postura mais simples e contemplativa pois faz parte da idiossincrasia de um homem que encontra no hinduísmo e no cristianismo suas duas veias religiosas, pois assumo que talvez possa exercer uma crítica imparcial, mas dando de mim a minha própria vivência cotidiana. A questão é saber que a cidadania é o ponto nevrálgico da sociedade em que vivemos, pois é pela usurpação desse direito que a intolerância de vários cunhos se processa no Brasil e em outros países. Se um cidadão aprende a caminhar conscientemente em suas veredas, em suas verdades inequívocas, talvez isso incomode alguns genéricos grupos que atentam contra patrimônio da bagagem desse mesmo ser humano. Há muitos desses grupos que usam de violência verbal ou física – antes verbal – para combater com suas covardias àqueles que conhecem melhor o corpo social, que lutam por melhores dias aos necessitados, que buscam uma justiça social mais efetiva, que zelam pela segurança, que trabalham como mouros e que enfrentam já no seu dia a dia as dificuldades em se prosseguir a viver na dureza deste país em dificuldades, como as são internacionais, pois a crise econômica está no ocidente como um todo...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O CAMINHO SINUOSO

            Tantos são os vórtices de furacões que assombram sobremaneira os lugares mais ermos do mundo. Seriam consequências de algo mais importante em se perceber que nem tudo são flores para as humanidades que se propõem sanas. Para certas situações, o tipo de questão onde figuras ilustres de nossa memória cultural caem no esquecimento cabal prediz um luto confortável na dissolução de nossos alicerces históricos. Pois, quando isso acontece, sempre haverá um atraso nos registros ou livros idôneos que narram a nossa memória, nossas bagagens... Que seja dito: os fatos que retratem a verdade histórica de um país.
            Se trilhamos por vezes por uma intenção de obscurecer o factual, pontuando sobre interpretações parciais na documentação histórica, incorremos no erro precisamente totalitário de secarmos as raízes mesmas de nossas culturas, regionais ou da União, como um todo. Resgatarmos continuamente a nossa memória popular enquanto patrimônio é fundamental ao criarmos a necessidade para tanto e, nisso, importa que sejamos coerentes para observar mais atentamente os erros em que nos colocamos na não democratização dos meios de comunicação, e suas regulações igualmente fundamentais. Esse modo de atenuar danos atávicos promovidos pelas modernas indústrias culturais promoverá progressos substanciais a que se evite a manipulação das massas nas vias rápidas dos caminhos de facilitação dessas regras em um jogo semelhante a uma roleta viciada onde quem ganha são as grandes produtoras ou seus “representantes” locais, nos países como o Brasil, em que a mídia reflete seu papel nocivo e entreguista.
            Claro está que, se quisermos um país verdadeiramente livre, deveremos rever nossas concessões, independente de quais sejam.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

VERSO 28

Oh, Govinda, oh inumerável tempo de trilhões de anos do eterno,
Vertemos em uma tênue superfície do planeta próprios desatinos,
Quando ignoramos que o destino mesmo está ensartado no cordão
De milhares de pérolas que respiram um parecer sereno sobre qualquer.

Encontro um prazer inigualável, como um estranho paradoxo
Em ver-Te acima dos prazeres, pois que usufruis de tudo
Do que antes acabamos por não termos completamente conhecido
E ao presente cremos sabermos algo que acontece mesmo em futuro...

Que todos busquem  a Verdade, seja ela a semântica de um servo,
Seja na capitania de um grande barco, ou mesmo no encontro conTigo
A sabermos que um quando quer algo, se busca sinceramente,
Acaba aprendendo de um mínimo necessário a se compartir...

Krsna, que eu creia-Te, em minha tosca opinião, de devoto que sou
A Ti que ofereço meus cantos e todos os meus trabalhos,
Posto que Mohini Murti seja a minha musa, mas não quero o prazer
De ser seu consorte, nem o imortal néctar do oceano de leite.

Passo a não ter consortes, vejo que a dimensão da divindade é grande
Como imenso é outro planeta que está em Vaikunta, luminoso
Qual o sol de onde recebemos o Teu olhar, quando acordamos para ele.

Sigamos com bondade, é o que se espera, pois, está no Gita:
Quem está com ela, nunca é vencido pelo mal...