Nada do que pensamos é por si só o resultado algo numérico de um
jogo disputado. Podemos crer que o jogo tenha um desfecho, que jogar
seja autoria de um reflexo sistemático, mas o jogo em si não
coaduna com o mesmo resultado. Se tanto é de se esperar que um jogo
simplificadamente escolha por mérito um vencedor, haveremos de
apontar em uma máquina quase inteligente como o computador o
contendor mais imediato desse mesmo resultado. Assim procede jogar, e
quem assim o faz remonta que seja mais inteligente do que no si
mesmo, na crítica lógica que precede qualquer atitude ou ação.
Nas primeiras atitudes de um bom jogador vemos uma análise
continuada de todos os atores circunstantes, na esfera de um espaço
criado, nos nichos em que nos encontramos e na sociabilidade quase
efêmera que circunscreve o espaço citado, a bem dizer, onde somos
encontrados, quando não necessariamente nos procurem.
Em quaisquer latitudes e longitudes, o GPS remonta o que o
astrolábio faria em outras épocas, e a internet é o resultado
majorado do telégrafo do século XIX. As mudanças ocorridas há
dois séculos são resultados de avanços gigantescos que vêm depois
de milênios, onde o cavalo era o transporte, e as ferrovias não
existiam. Os navios antigos navegavam com os ventos, e os a vapor
vieram para transportar cargas jamais vistas antes. Na variante do
nosso novo milênio, historicamente não houve mudanças similares a
tanto. Portanto, a grande revolução industrial foi a do século
XIX, sem sombra de dúvidas. A internet passa a ser um telégrafo
melhorado, e a indústria dos games passa a ser o recrudescimento da
ilusão sobre a modalidade do jogo. O que antes era a caça à
raposa, ao vivo e à cores, basta hoje na tela de um computador como
um game melhorado, mas não especificamente dentro de uma mudança
estrutural, posto jogo como tal.
A afirmação de que nos tempos atuais a economia é moderna, repõe
no caudal de pretensas transformações de que efetivamente o
neoliberalismo seja coisa do futuro. Basta lançar as cartas. Estas
foram remetidas desde Adam Smith, prosseguindo hoje como uma reversão
histórica da linguagem dos fatos. Estruturalmente o jogo prossegue,
mas com regras distintas da atualização histórica, com frentes que
estimulam os sentidos, como Pavlov previu nos seus estudos do
condicionamento humano, experimentado com ratos. Passamos a consumir
sem cautela, passamos a gastar somas excedentes por inclusão de
classe, passamos a viver com o estigma de um hedonismo como a
premiação do homo ludens, o novo parâmetro do lúdico e divertido
encarte psicotronico do comportamento, quando este passa por fases
quiçá mais conscientes. A diversão toma conta do cenário, e os
atores brincam de interagir, onde um perfil algo ilusório alimenta a
retroalimentação do ser “curtido”, na mesma vertente, rara em
negócios, quando frente a frente com o ego falso.
A realocação da concretude do ser, de se estar consonante com um
bom sistema, que funcione, que gire, que dê amparo, começa a fazer
funcionar o status peremptório das competências que emergem das
classes em seus pontos de vistas. Esse enquadramento possível passa
a ser o segredo de se mesclar em diálogos profundos, na vida de cada
qual, quanto na ausência do jogo da hipocrisia, reverso e recusável,
por iniciativa do bom senso. Esse gradual espaço gera a continente
forma de se pertencer a um futuro mais grandioso, onde a
interatividade com os pares desiguais remontem o operativo cabal de
se estar generosamente abrindo-se um mesmo espaço para diálogos que
não necessariamente pertençam a uma formalidade de pré conceitos,
ou pré julgamentos, onde o juízo de valores faça a pertencer
intrinsecamente ao indivíduo ou à coletividade um consenso.
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