De fato, sabermos examinar o nosso mundo – concreto – ao redor,
sob o olhar da razão só nos faz perceber que não somos dele os
donos… Pelo fato de não ser o mundo e suas manifestações, quando
da ordem da Natureza, criação do homem. Tentamos nos apropriar de
suas riquezas, mas o simples fato da propriedade é convenção,
invenção nossa. Não podemos exigir a posse de qualquer coisa, a
não ser que a respeitemos em seus próprios ritmos e
idiossincrasias, a não ser que a Natureza responda positivamente a
qualquer ingerência em seus modais de vida. É vertente onisciente
que um Criador maior tenha ao menos participado da incursão
maravilhosa das primeiras sementes germinadas no planeta, e quiçá a
Evolução tenha sido a primeva e gigantesca forma para que homens
como Cristo aparecessem no mundo, no fundamento crístico dos povos…
Está latente a crença universal em Deus, e aparentemente nada pode
desmentir que há forças espirituais gigantescas sobre a Terra, este
planeta que deve ser respeitado cada vez mais, por suposto seja
através da visão do Espírito. Quando um poeta escreve a poesia,
por vezes há de contar com as forças que movem a matéria, estas
forças espirituais que precedem a criação da arte. O vate nos
surpreende por vezes com as letras que dão suporte a criação
mesma, tão consolidadas em suas estruturas que precedem a mesma
lógica, que ensaiam as proféticas imagens, que dão margem à
predição simbólica nos versos! No entanto, certas existências
compreendem a matéria sob outro prisma, à luz da construção, da
montagem industriosa, de um ponto que equilibre o ganho às tarefas –
por vezes silenciosas e solitárias – do dia a dia, como na vida de
um operário e sua relação ao plasmar da matéria. Uma afinidade
indissolúvel entre o homem, suas ferramentas e a transformação
gerada pelo trabalho, dentro do escopo de diversos materiais.
Intrinsecamente, o trabalho em si pode ser um sacerdócio, quando é
a partir dele somente que se luta pelo pão e outras fontes da vida.
Por vezes, um operário, um camponês, etc, realizam trabalhos árduos
diariamente para se conseguir um ganho relativo, em que a
instrumentalização de seu esforço culmina na defasagem do valor a
ser alcançado. Quando a indústria de um país não se baseia em
melhores ganhos e na valoração do esforço, a média de consumo
interno cai, e a recessão começa a surgir, permitindo cada vez mais
o crescimento dos exércitos industriais de reserva. Os ganhos passam
a cair e a classe dirigente das fábricas começa a querer movimentar
seus capitais dentro do escopo da especulação financeira. A
anuência daqueles que são gestores de parques industriais a esse
nível de situação econômica passa a permitir que se diluam
capitais produtivos, e que cresçam cada vez mais os especuladores e
os investimentos externos ao custo do arrocho salarial absurdo. Os
produtos produzidos já não servirão para serem comercializados no
mercado interno, mas servirão para suprir interesses externos, em
mercados mais emergentes, em que alguns países nessa ordem podem
cair para uma posição extrema de penúria e pauperização de seus
povos.
Mesmo que busquemos nos aprofundar em questões espirituais, devemos
ter em conta que a matéria possui suas próprias equações, e que
em uma vida digna é possível se aprofundar mais o conceito da
religião, e que ninguém quer ser de pobreza que impossibilite a
mesma vida digna, posto mesmo o Cristo sendo pobre recebia de seus
próximos o sustento de Sua Vida. Se todos fossem generosos com o
próximo e seguissem a lei de Cristo, talvez houvesse mais igualdade
entre os seres no mundo, mas o que ocorre é justamente o contrário,
pois a sociedade se torna a cada dia que passa mais pecaminosa e
hedonista, e a esperança é que os homens tornem a vida melhor.
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