quinta-feira, 14 de novembro de 2019

ESFERAS GIRANTES


Gira gira, esfera, que teimas em ser um ponto
No que diste de outro, no mais, um contatar-se de um plano…

No que gire a vida, a Terra gira igualmente, e o tempo se faz
Dentro da pressuposição da rotação, qual se diria que o Sol
Emane de cada manhã, e o dia se realize dentro do sono.

Qual diria uma esfera feito ponto, um vértice de conectar-se
A outros que distam distâncias algures, de outros e outros
Vértices que assombram o mais relutante espírito!

No quintal, no jardim, se veja a planta que não feneceu
Porquanto foi regada e cuidada como a um pequeno ser
Em que formigas atravessem o piso carregando solenes
Algumas partes da erva constituída ao seu ninho.

A se formigar o homem, quem diria, posto ser o homem bilhões
De seres caminhantes, alguns na esquina estacionária,
Outros negociando reservas extrativas, e outros na catação
De um alumínio perdido na orgia da prevaricação.

Quem dera fossemos ausentes da mecânica celeste, quem dera
O tempo regurgitasse sonambúlico a promessa de um dia melhor
Qual na aparência distante de um tipográfico destino
Revestisse a aparência citada de uma letra capitular infundada.

Reverbera o som de uma planície, qual seja, que uma simples rua
Seja o altear topográfico de um subir sereno, em que pássaros passem
Com sua inquietação pelas pautas dos postes, reciclando sua música
Com o dote que a Natureza nos dá quando desposamos com a terra!

A latitude de um vivente, que creia prontamente, se dá na vertente
De um crescer continuado e progressivo com as coisas naturais
No que tanja a sermos não mais contaminados pelo regresso destrutivo.

Positividade é uma palavra que encampa, qual mina de ouro descoberta
E sem o dono cabal da propriedade, o significado maior que descamba
O vermos só a parte negativa de uma sociedade, como se o mal vencesse…

O que se pregue nas artimanhas clássicas da boa ventura, não seja o falso
Despertar da ignorância qualificada apenas, mas a ignorância de não se ter
Como aprender sabendo-se que a razão dessa vida a transcende em suas rotinas.

Não se nasce sabendo, mas quando nascemos vemos a luz, que tanto nos agride
Nesse nascituro algo traumático por sairmos das sombras, e erguermos nossa vida
Prontos para o desfecho em que a esfera que gira nos mande por vezes a mesma luz!

Nesse despertar muito solitário nos encontramos com o calor e o aconchego da paz
Quando os pais se apresentam diante de nossos olhos quase cerrados
E vertem o carinho por mais um ser adiante de seus olhos, fruto do amor.

E nisso de girarmos a esfera esperemos que seja boa a vida de cada progenitor
Pois teima por vezes a luz de fenecerem-na por claudicantes e, no entanto, duras
Tentativas de fazer a vida dos seres – integralmente – um obstáculo ao bem-estar.

De se propor uma sociedade realmente livre, teríamos que fazer de toda a dependência
Um Grito do Ipiranga solene para todos os dias, em que uma República se refizesse
A cada segundo no seio materno, duradouro e presente de nossas profundas esperanças!

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