domingo, 3 de novembro de 2019

A LEITURA DA NATUREZA


          Quando resguardamos muitas vezes canais perceptivos particulares, reiteramos sua existência, porquanto diferenças de percepção que não necessariamente sejam algum poder ou fuga da realidade. Podemos ver um ser que não seja propriamente humano, como um inseto, por exemplo, e disto apreender conhecimento, pois a Natureza serve para ensinar sua lógica, ou mesmo a transcendência da lógica, conforme um comportamento quase mágico de seus seres, onde o caráter humano não é o sumo da realidade apenas no que nos cerca enquanto viventes aqui no planeta. Como prisma gigantesco, a luz possui todas as cores do mundo, e o sol pede que o vejamos, posto se assim não fora isentaríamos nossa própria existência perceptiva sem a presença dele.
          Há que se ler na Natureza tudo o que nos envolve, tanto os elementos materiais, quanto o que anima os seres vivos e, no entanto, tudo o que há possui de certo modo o espírito presente na Criação. Levarmos a termo a noção de que jamais estamos sozinhos tergiversa com o fato de que em um átomo existe a presença de Krsna, Deus. Posto quando temos a certeza da Sua presença, seja sempre mais fácil de suportar os óbices de sociedades que por vezes apresentam dificuldades aparentemente insolúveis de se suportar. O cantar devocional pode estar em um Pai Nosso, em uma Ave Maria, em um mantra sagrado, na mímese da contemplação, na própria música como arte, igualmente naquelas artes visuais e na facilidade que a tecnologia moderna verte em nossas mãos, quando dela fazemos um bom uso e um bom e reparador estudo que nos possibilite estar na ciência que transcende, na vida transcendental… Esse aspecto pode parecer irrelevante a alguns, mas para muitos de nós merece considerações fundamentais a respeito. Nem que seja uma intenção derradeira para que a humanidade tome ciência de que alguns fatos são irrestritos no caso de condições de vida no que conjumine a experiência com a prática devocional.
         A Natureza material nos alcança sobremodo… Estarmos cientes do fato de que essa Natureza nos rege, é como termos em nossa guarda o espírito restaurador de quem contempla a vida com a fé. No mais, podemos estar – como um anacoreta – isolados do mundo e de suas vicissitudes, no retiro algo mais mental, como uma existência isolada e, no entanto, repleta de felicidades, posto estas serem da ordem espiritual. Nada retira de um espírito santificado a sua qualidade humana, pois o mesmo espírito é algo tão inconsútil que retém a estabilidade que não pode ser alcançada por instrumentalizações materiais, sejam elas de modo da comunicação transversa, ou de algum tipo de modal invasivo e inquiridor. Nada do que realmente é pode estar consonante com algum tipo de interpretação que equivoca os meios necessários que encontram a verdade e, na em sua grande parte, esta reside nas coisas naturais, como o sal, como a terra, como a nuvem, como o céu! O equívoco, ainda no terreno das percepções individuais, é não encontrarmos no plano contemplativo algo que possa sustentar a argumentação de que todos os seres, sem exceção, fazem parte de um complexo mundo onde retirá-los de sua própria órbita de atuação é um reflexo do desmando e do uso de modal exploratório insano que vem acompanhando a raça humana desde sempre, e agora mais amiúde quando da revolução industrial do século XIX aos dias atuais, em um crescendo, nas descobertas dos combustíveis fósseis e suas relações de poder recorrentes.
         Se possuímos a noção exata do quanto é importante nossa relação com um Criador Supremo, que venha a resguardar a existência da Natureza ela mesma como modalidade intrínseca de todos os seres que habitam o planeta, começaremos a crer na nossa espécie como uma boa e perene ordem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário