Quando resguardamos muitas vezes canais perceptivos particulares,
reiteramos sua existência, porquanto diferenças de percepção que
não necessariamente sejam algum poder ou fuga da realidade. Podemos
ver um ser que não seja propriamente humano, como um inseto, por
exemplo, e disto apreender conhecimento, pois a Natureza serve para
ensinar sua lógica, ou mesmo a transcendência da lógica, conforme
um comportamento quase mágico de seus seres, onde o caráter humano
não é o sumo da realidade apenas no que nos cerca enquanto viventes
aqui no planeta. Como prisma gigantesco, a luz possui todas as cores
do mundo, e o sol pede que o vejamos, posto se assim não fora
isentaríamos nossa própria existência perceptiva sem a presença
dele.
Há
que se ler na Natureza tudo o que
nos envolve, tanto os elementos materiais, quanto o que anima
os seres vivos e, no entanto, tudo o que há possui de certo modo o
espírito presente na Criação. Levarmos a termo a noção de que
jamais estamos sozinhos tergiversa com o fato de que em um átomo
existe a presença de Krsna, Deus. Posto quando temos a certeza da
Sua presença, seja sempre mais fácil de suportar os óbices de
sociedades que por vezes apresentam dificuldades aparentemente
insolúveis de se suportar. O cantar devocional pode estar em um Pai
Nosso, em uma Ave Maria, em um mantra sagrado, na mímese da
contemplação, na própria música como arte, igualmente naquelas
artes visuais e na facilidade que a tecnologia moderna verte em
nossas mãos, quando dela fazemos um bom uso e um bom e reparador
estudo que nos possibilite estar na ciência que transcende, na vida
transcendental… Esse aspecto pode parecer irrelevante a alguns, mas
para muitos de nós merece considerações fundamentais a respeito.
Nem que seja uma intenção derradeira para que a humanidade tome
ciência de que alguns fatos são irrestritos no caso de condições
de vida no que conjumine a experiência com a prática devocional.
A
Natureza material nos alcança sobremodo… Estarmos cientes do fato
de que essa Natureza nos rege, é como termos em nossa guarda o
espírito restaurador de quem contempla a vida com a fé. No mais,
podemos estar – como um anacoreta – isolados do mundo e de suas
vicissitudes, no retiro algo mais mental, como uma existência
isolada e, no entanto, repleta de felicidades, posto estas serem da
ordem espiritual. Nada retira de um espírito santificado a sua
qualidade humana, pois o mesmo espírito é algo tão inconsútil que
retém a estabilidade que não pode ser alcançada por
instrumentalizações materiais, sejam elas de modo da comunicação
transversa, ou de algum tipo de modal invasivo e inquiridor. Nada do
que realmente é pode estar consonante com algum tipo de
interpretação que equivoca os meios necessários que encontram a
verdade e, na em sua grande parte, esta reside nas coisas naturais,
como o sal, como a terra, como a nuvem, como o céu! O equívoco,
ainda no terreno das percepções individuais, é não encontrarmos
no plano contemplativo algo que possa sustentar a argumentação de
que todos os seres, sem exceção, fazem parte de um complexo mundo
onde retirá-los de sua própria órbita de atuação é um reflexo
do desmando e do uso de modal exploratório insano que vem
acompanhando a raça humana desde sempre, e agora mais amiúde quando
da revolução industrial do século XIX aos dias atuais, em um
crescendo, nas descobertas dos combustíveis fósseis e suas relações
de poder recorrentes.
Se
possuímos a noção exata do quanto é importante nossa relação
com um Criador Supremo, que venha a resguardar a existência da
Natureza ela mesma como modalidade intrínseca de todos os seres que
habitam o planeta, começaremos a crer na nossa espécie como uma boa
e perene ordem.
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