Pois,
a saber, vivamos, de qualquer modo… Não teçamos regras
contundentes, apenas sigamos o fluxo de nossa verdade em existir,
pontuando esperanças ao nosso redor, posto na esfera negativista não
encontraremos a razão que nos leve a consentir a existência mesma
citada, não fora o aspecto irrisório, apesar de tremendo, de grande
dificuldades que os nossos destinos enfrentam. A seara de nos
abandonarmos, de acharmos que a questão de nossas tristezas são
reais por vezes encontram com o falso andamento de que quando nos
sentimos lesados alguém tem culpa, mesmo que seja a ira de Deus.
Nada disso, pois a razão criteriosa em levarmos nossos destinos
adiante é justamente retraçá-los ao andamento correto. Por vezes,
achamos que nossas vidas são solitárias, tristes, isoladas, turvas
e, no entanto, estamos deixando passar ao largo por nossos sentidos os sabores
de uma espiritualidade que nos faz precisar estarmos conectados com
algo maior, o que por si só já é uma grandeza escalar, falando-se
no sentido quase científico do saber, do se portar, de estarmos mais
cônscios, apesar da relativização a que isso possa inferir em
pensamentos que encontram agora mais a necessidade de aproximação
com os seres que somos, e a outros aferidos seus valores, igualmente.
Não tentemos colocar a balança de causas e efeitos a toda a prova,
em todas as nossas modalidades vivenciais, a mensurar qualquer
atitude, sem nos atermos à franca possibilidade de estarmos deixando
fluir a consciência de modo nada reticente, e na verdade
disciplinado, por opção, e por vezes por necessidade mesma, haja
vista não estarmos em um faz de conta. Seremos melhores se buscarmos
nos associar com coisas melhores, e seremos melhores ainda se
conseguirmos o resgate de vidas lesionadas por carestias a uma melhor
qualidade, à possibilidade de esperança, a frutos generosos e
concretos. Muitas são as leis que nos regem, mas com relação à
Natureza não cumprimos com os nossos deveres, a se dizer de uma
cidadania plena, universalizante, que exceda o mundo material, posto
é tal que quando agimos espiritualmente as coisas do apego se
neutralizam ao menos um pouco, e que os raros e verdadeiros
renunciantes particularmente não dizem respeito às relações do
Poder e sua circunscrição da renúncia política, mas em pequenas
atitudes que falam ao coração e ao nosso Deus que nele reside!
A
vida – prosseguindo – não é matéria de informações e nem de
contabilidade, pois se reserva ao direito de um universo qualitativo,
de nossas idiossincrasias, e não de estatísticas ou comandos, de
somenos importância, quando refletidos em um aspecto mais sereno e
contemplativo, mesmo dentro da questão fabril da produção, de um
trabalho extenuante, da protetividade de um arcabouço institucional,
ou de uma aplicação legal correlata. No que se refira a um apanhado
de novas ou velhas versões, temos apenas uma certeza humanística:
os idosos são assim e portanto mais sábios, e o respeito às suas
histórias faz da grandeza de um povo a nuance pétrea de sabermos
escutá-los, pois aos mesmos se resguarda toda a experiência
histórica que remete a passados de dificuldades ou alegrias, e a
motivação que nos ensombra dentro de nossos prognósticos algo crus
de quase crianças em que muitos gerações se têm tornado.
Haver-se-á crise sem qualquer dúvida, desastres climáticos, e na
referência do passado, mesmo que este não possuísse os recursos de
ampliar expectativas quaisquer de ordem existencial, estará a fonte
do que foi o nosso estado de coisas, quais foram os espectadores
históricos, como cresceu a nossa indústria, o nosso campo, os
nossos filhos e, com isto tudo, como é linda a vida ainda com a
superação das dificuldades que certamente espera que cumpramos
enquanto cidadãos desse planetinha algo enfermo que se chama Terra!
Por
que um homem pode amar os cães? Talvez porque estes não são
dissimulados, não sabem o que é a hipocrisia, não se escondem
debaixo de suas pelagens. E aos pássaros, o que dizer? Que voem
tranquilos, pois não ensaiam caminhos, não possuem rota para algum
destino, mesmo os patos em seus voos continentais, procuram lugares
com vida e melhores condições, pois não voam em busca de contratos
comerciais, não vendem suas florestas e nem negociam com a sua
ciência: jamais comparada com a humana, que repete materiais e
estilos para melhor explorar a vovozinha do lobo, que ensaia a
exploração de nossos bens mais preciosos, mesmo que para isso
tenhamos que falar das nossas próprias personalidades, moldáveis
como o disfarce do lobo.
Pois
que a vida prossiga linda se fizermos cumprir nossos deveres onde
estamos, sacrificando nossas vidas e esforços em manter melhor os
nossos processos de interação com o próximo, seja humano ou
planta, animal ou rio, mar ou terra, lavoura ou indústria… Não
precisamos ficar tristes com a brutalidade, ou sabemos que a tristeza
passa, ou acabamos por querer dar a mesma moeda, o que seria
tornarmo-nos tão brutos quanto as pedras imóveis, que não mudam de
lugar esperando vagas em esperas milenares.
Toda
a questão que nos abraça não pertence a uma crítica à ciência,
mas como nos temos portado com esse ferramental nas esferas
produtivas, como nos ausentamos das verdades que perfazem uma
estrutura que tente ao menos estabelecer a conduta de nossos atos,
dentro de uma coerência – repetindo – de renúncia ou tentativa
de atenuar o fogo apaixonado pela matéria, que crepita e não se
consome, até que nossa superfície planetária comece a ressentir-se
mais e mais. Essa conduta pode ser espelhada na metáfora de um cabo
de fibra ótica, que transmitisse mais e mais a maravilha da
tecnologia como base de conteúdo, e que este irrigue as mentes menos
afortunadas pelas veredas da ignorância um conhecimento de
construção de uma sociedade mais próspera no sentido lato
humanístico quando se coloca essa questão dentro do contexto da
preservação acima de tudo, pois Deus estará nos abençoando
realmente se cumprirmos com a tarefa árdua de modificarmos o estigma
de que tudo que Aquele nos concedeu na Criação – porventura de
Sua propriedade –, estará fadado às invectivas dos modais
exploratórios de antanho.
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