terça-feira, 9 de abril de 2019

QUE A VIDA CONTINUE LINDA


          Pois, a saber, vivamos, de qualquer modo… Não teçamos regras contundentes, apenas sigamos o fluxo de nossa verdade em existir, pontuando esperanças ao nosso redor, posto na esfera negativista não encontraremos a razão que nos leve a consentir a existência mesma citada, não fora o aspecto irrisório, apesar de tremendo, de grande dificuldades que os nossos destinos enfrentam. A seara de nos abandonarmos, de acharmos que a questão de nossas tristezas são reais por vezes encontram com o falso andamento de que quando nos sentimos lesados alguém tem culpa, mesmo que seja a ira de Deus. Nada disso, pois a razão criteriosa em levarmos nossos destinos adiante é justamente retraçá-los ao andamento correto. Por vezes, achamos que nossas vidas são solitárias, tristes, isoladas, turvas e, no entanto, estamos deixando passar ao largo por nossos sentidos os sabores de uma espiritualidade que nos faz precisar estarmos conectados com algo maior, o que por si só já é uma grandeza escalar, falando-se no sentido quase científico do saber, do se portar, de estarmos mais cônscios, apesar da relativização a que isso possa inferir em pensamentos que encontram agora mais a necessidade de aproximação com os seres que somos, e a outros aferidos seus valores, igualmente. Não tentemos colocar a balança de causas e efeitos a toda a prova, em todas as nossas modalidades vivenciais, a mensurar qualquer atitude, sem nos atermos à franca possibilidade de estarmos deixando fluir a consciência de modo nada reticente, e na verdade disciplinado, por opção, e por vezes por necessidade mesma, haja vista não estarmos em um faz de conta. Seremos melhores se buscarmos nos associar com coisas melhores, e seremos melhores ainda se conseguirmos o resgate de vidas lesionadas por carestias a uma melhor qualidade, à possibilidade de esperança, a frutos generosos e concretos. Muitas são as leis que nos regem, mas com relação à Natureza não cumprimos com os nossos deveres, a se dizer de uma cidadania plena, universalizante, que exceda o mundo material, posto é tal que quando agimos espiritualmente as coisas do apego se neutralizam ao menos um pouco, e que os raros e verdadeiros renunciantes particularmente não dizem respeito às relações do Poder e sua circunscrição da renúncia política, mas em pequenas atitudes que falam ao coração e ao nosso Deus que nele reside!
         A vida – prosseguindo – não é matéria de informações e nem de contabilidade, pois se reserva ao direito de um universo qualitativo, de nossas idiossincrasias, e não de estatísticas ou comandos, de somenos importância, quando refletidos em um aspecto mais sereno e contemplativo, mesmo dentro da questão fabril da produção, de um trabalho extenuante, da protetividade de um arcabouço institucional, ou de uma aplicação legal correlata. No que se refira a um apanhado de novas ou velhas versões, temos apenas uma certeza humanística: os idosos são assim e portanto mais sábios, e o respeito às suas histórias faz da grandeza de um povo a nuance pétrea de sabermos escutá-los, pois aos mesmos se resguarda toda a experiência histórica que remete a passados de dificuldades ou alegrias, e a motivação que nos ensombra dentro de nossos prognósticos algo crus de quase crianças em que muitos gerações se têm tornado. Haver-se-á crise sem qualquer dúvida, desastres climáticos, e na referência do passado, mesmo que este não possuísse os recursos de ampliar expectativas quaisquer de ordem existencial, estará a fonte do que foi o nosso estado de coisas, quais foram os espectadores históricos, como cresceu a nossa indústria, o nosso campo, os nossos filhos e, com isto tudo, como é linda a vida ainda com a superação das dificuldades que certamente espera que cumpramos enquanto cidadãos desse planetinha algo enfermo que se chama Terra!
         Por que um homem pode amar os cães? Talvez porque estes não são dissimulados, não sabem o que é a hipocrisia, não se escondem debaixo de suas pelagens. E aos pássaros, o que dizer? Que voem tranquilos, pois não ensaiam caminhos, não possuem rota para algum destino, mesmo os patos em seus voos continentais, procuram lugares com vida e melhores condições, pois não voam em busca de contratos comerciais, não vendem suas florestas e nem negociam com a sua ciência: jamais comparada com a humana, que repete materiais e estilos para melhor explorar a vovozinha do lobo, que ensaia a exploração de nossos bens mais preciosos, mesmo que para isso tenhamos que falar das nossas próprias personalidades, moldáveis como o disfarce do lobo.
         Pois que a vida prossiga linda se fizermos cumprir nossos deveres onde estamos, sacrificando nossas vidas e esforços em manter melhor os nossos processos de interação com o próximo, seja humano ou planta, animal ou rio, mar ou terra, lavoura ou indústria… Não precisamos ficar tristes com a brutalidade, ou sabemos que a tristeza passa, ou acabamos por querer dar a mesma moeda, o que seria tornarmo-nos tão brutos quanto as pedras imóveis, que não mudam de lugar esperando vagas em esperas milenares.
        Toda a questão que nos abraça não pertence a uma crítica à ciência, mas como nos temos portado com esse ferramental nas esferas produtivas, como nos ausentamos das verdades que perfazem uma estrutura que tente ao menos estabelecer a conduta de nossos atos, dentro de uma coerência – repetindo – de renúncia ou tentativa de atenuar o fogo apaixonado pela matéria, que crepita e não se consome, até que nossa superfície planetária comece a ressentir-se mais e mais. Essa conduta pode ser espelhada na metáfora de um cabo de fibra ótica, que transmitisse mais e mais a maravilha da tecnologia como base de conteúdo, e que este irrigue as mentes menos afortunadas pelas veredas da ignorância um conhecimento de construção de uma sociedade mais próspera no sentido lato humanístico quando se coloca essa questão dentro do contexto da preservação acima de tudo, pois Deus estará nos abençoando realmente se cumprirmos com a tarefa árdua de modificarmos o estigma de que tudo que Aquele nos concedeu na Criação – porventura de Sua propriedade –, estará fadado às invectivas dos modais exploratórios de antanho.   

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