quarta-feira, 17 de abril de 2019

ENGRENAGENS



A máquina pede rodas dentadas, como quem sussurra um sonambúlico sonho
E tudo o que vemos é um olhar de soberba, que vem de cima de seu preparado
Cunho da força que não revela, mas sobressai de seu modo algo turvo de atuar.

Peças de aço, peças com roldanas, o nó das velas da embarcação, o nódulo de cal
Na ferrugem inconstante mas eterna de ausências do óleo, e que se ressente a mais
Por não se ter o que fazer no consonante desatino de qualquer outra atmosfera!

Pois sim, que no sorriso inquieto da fera, vemos estranhos fantoches noturnos
A alicerçar as forças que a máquina pede, em suas engrenagens de outros desatinos
No que tange a nos pronunciarmos em bom português, pois que não urge tradução!

A se pedir algo de montante reverso, a se tratar de alguma lei da legalidade anunciada,
Vemos por hora que algum combatente não faz senão tratar de usar de suas armas
Por encima da vontade popular, a se fremir da ordem dada uma questão porém principal.

Não que não sussurramos a palavra ordem sem estarmos imaculados em seus princípios
Quando o que se quer que se tenha é algo de monta maior, uma página em que se verta
A Verdade do não sermos quase nada a não ser que fôssemos algo a mais do tudo…

Que estas letras encontrem algum destino, que não revelemos o quinhão falso da alvorada
Posto das lacunas de uma estrada que seja de todos, vemos uma perícia em não saber
Nem ao menos o que esteja por debaixo de um pano quente de uma fruta quase madura.

Nem todo o sofrimento humano pode com calçar as roupas inquietas de um descaso,
A saber, que muitos querem abraçar o próprio sofrimento alheio com as tenazes de querer
As veias de um braço que apenas oferece de seu sangue pátrio por dentro das lacunas cruéis.

As vitrines do tempo são eternas, e todo o instante de uma simples indagação cravada e dura
Reside em um tempo algo eterno que transuda o suficiente para que ocultemos as jaças
Na dura joia de um olhar falsamente terno, porquanto a mente se assoberba de pensamentos crus.

No exato momento em que estivermos sob o ataque que infunde a carência de modo imposto
Saberemos talvez que não é partindo de uma alocução refratária que a janela do pensamento
Exporá tudo o que talvez sejamos na partida de uma estratégia em que nos concedamos um destino.

Posto o destinar-se saber mais da aurora em que jamais pensamos, senão agimos, mesmo
Que a um olhar de ódio travestido de ternura encerre a fraca sinceridade em que a teia envolve
A formiga que não passa de ser algo mais forte e teimosamente belo do que a tessitura do tempo!

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