sexta-feira, 26 de abril de 2019

O TURVAR IGNOTO



Deriva da selva material a conformidade calculadamente turva e inflexível
Do tentar-se um existir simplificado, uma relatividade entre a luz e a treva
Que se torna a mesma e relativa, de relação, a se dizer tanto, que nos devora
Um tempo inestimável na própria derrota de não estarmos sequer na posição
Em que o ignoto floresce como estanho nas folhas azinhavradas por um olhar
Que não permanece enquanto foco, nos óculos das leituras que deixamos
A soçobrar pensamentos que poderiam ter sido empenhados nas alternâncias.

Ignoto olhar, de virtude mal gerida, na ração das desditas que não cresçamos
Tanto quanto a um gestual nervoso que empunha a bandeira de piratas
Quando mal sabemos que o navio ainda está grande para quem queira pensar!

Sabe-se lá de onde vêm as provisões que recrudescem pesos, que lutam melhor
Outros por preservá-las, que as linhas que nos dividem não são limítrofes
Apenas àquilo em que saibamos querer algo que as bandeiras escrutinam um verso
Deixado ao largo de uma história, quem sabe, que a poesia não se torne filosofia…

Quanto de deixar-se à sombra carmim de um asfalto de moldura fria e quente
Saberíamos que não era a mesma sombra que muitos encarceram no pressentir
Quando vêm as vagas a interpelar um combatente, no sentido velado de prosseguir!

A quem se dispor um sacrifício de modo permanente, se o modo da ignorância
Nos regride a muitos, a e outros desodoriza as atitudes, pelo franco desatino
Em que a diamantina sobriedade refaz-nos e silencia qualquer ato funesto futuro.

Nas páginas encerradas por tempo cáustico não veremos quase uma tempestiva forma
De qualquer tempestade que a rigor vem com a roupa das ruas soletrando letras
Na forma de grunhidos em silenciosos lábios que possam evanescer dúvidas de pedra.

Saber-se da Terra e de seu irmão Marte seria o mesmo que consolidar um prédio
Com a construção sacrificada das mãos do operário, revelando ao turvo parecer
De uma écloga dissonante de nossa Era do luminoso quartzo um tipo de veia
Que brota das ruas e dos córregos, que canta o brilho de um poeta em um dia apenas.

Nada que seja afora um tempo regulado, o que se pense não sofra a crítica do nada
Pois que se pese a questão de um quase tempo que não revele tanto, mas que se critique
O próprio pensar, quando na vértebra algo oclusa de um ressentimento evitável
Que se poste o ser a se perdoar o sentimento que não se deixa aflorar por sinistra cautela.

Pois que se reme, o barco é quase ocluso na vereda de um oceano próprio, mas de tons
Na sépia de um olhar castanho, que quase está na vida de um ser que portanto somos
Quando nos apercebemos que a tanto de olhar se pede um menos para que não ofusque
Aquele dia em que o singrar sereno da calmaria verta no cadinho mais esperanças!

Do prosseguir seremos mais e tantos, que muitos sequer saberiam de onde somos
Quando finalmente se apercebessem que é do quinhão fraterno que se faz viver.

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