Nossa
vivência cotidiana passa por vezes a ser fundamentada em filmes, ou
na ilusão de seus arquétipos. Vive-se perante o grande filme da
humanidade, que passa a ser a grande tragédia, ao vivo e a cores e,
no entanto, a dependência ou a sua influência nos faz sentir um
modo em que certos roteiros revelem uma quebra de costumes na
incerteza que nos traz uma série por vezes que não se encaixa na
vida de alguém. No apanhado da diversa forma de encontrarmos aquilo
pelo qual temos empatia nos vem de encontro uma gigantesca indústria
de entretenimento que se pode sentir na riqueza e na atratividade em
que um software como o After Effects pode proporcionar ao
embelezar devidamente a apresentação dos grandes estúdios, como a
Paramount e o Universal Studio. Os canais se sucedem
com uma grande parafernália onde os filmes abraçam o intangível,
com recursos que vêm de habilidosos e competentes técnicos e a
quase integral impossibilidade de fazermos a nossa produção áudio
visual com a mesma versatilidade. Resta ao país ver através das
câmeras posicionadas nos espaços públicos os trágicos desfechos
da criminalidade, ou das tragédias que assolam o Brasil. Busca-se
uma notícia, e encontra-se nenhuma dificuldade em se obter as
imagens que permitem o controle por vezes de alguma área, mas
igualmente revela que em outras a incidência da violência passa ao
largo de qualquer ingerência que torne mais cabível o combate ao
crime organizado. A propósito, seria talvez producente que fossem
veiculados filmes que houvessem de mostrar não apenas aquilo que se
revela criminalmente, mas coisas que acontecem para tornar mais
positivas dentro do seu escopo de boas iniciativas sociais. Esse
equilíbrio tende a reparar os danos causados pela carestia de
notícias boas em relação às tragédias e desgraças de nossas
sociedades.
A
escola romântica poderia se contrapor ao hiper realismo atual, este
que traduz o abc de um tipo de escola em que produções baratas e,
no entanto, também com altos níveis de detalhes alternam-se com
super produções realizadas por equipes gigantescas. Essas produções
gigantes de filmes de ação talvez superlativadas estejam de acordo
com muitos games e suas próprias lógicas, na movimentação de
personagens e em cenografias desconcertantes com os novos recursos de
tecnologia digital. Uma razão desconcertante parece mover um modo
quase absurdo com a velocidade nas trocas de cenas, na sobreposição
de filtros de cores e nas animações com o realismo supra citado. Os
roteiros passam a guarnecer a ação, ou os filmes onde o dia a dia
mediano e sem aprofundamento existencial viram um espécie de
preenchimento de material a ser usufruído com digestão rápida em
um metabolismo próprio e recorrente. Os recursos são extensos, mas
o conteúdo peca por não aproveitar mais profundamente suas
modalidades de atuação.
A
ficção científica, por exemplo, conta com aquilo que é produzido
por grandes equipes, onde verdadeiras catástrofes ou experimentações
de mundos em que a tecnologia se depara com a fantasia, onde um
roteiro previsível é compensado com um visual por vezes
desconcertante. É fato de que nos tempos atuais, com a produção
computacional e suas maquetes e cenários eletrônicos, torna-se mais
instigante a forma do que o conteúdo, o meio do que a mensagem. E
grandes estúdios sobressaem nessa incrível modalidade da ficção.
A
se assentar essas modalidades de produção cinematográfica, quiçá
voltemos a ter escritores como Camus, Proust, Poe, Hemingway, ou ao
menos o encontro com suas obras, pois sendo o cinema uma linguagem
linear, seria auspicioso que as novas gerações lessem melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário