terça-feira, 16 de abril de 2019

A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA ATUAL


          Nossa vivência cotidiana passa por vezes a ser fundamentada em filmes, ou na ilusão de seus arquétipos. Vive-se perante o grande filme da humanidade, que passa a ser a grande tragédia, ao vivo e a cores e, no entanto, a dependência ou a sua influência nos faz sentir um modo em que certos roteiros revelem uma quebra de costumes na incerteza que nos traz uma série por vezes que não se encaixa na vida de alguém. No apanhado da diversa forma de encontrarmos aquilo pelo qual temos empatia nos vem de encontro uma gigantesca indústria de entretenimento que se pode sentir na riqueza e na atratividade em que um software como o After Effects pode proporcionar ao embelezar devidamente a apresentação dos grandes estúdios, como a Paramount e o Universal Studio. Os canais se sucedem com uma grande parafernália onde os filmes abraçam o intangível, com recursos que vêm de habilidosos e competentes técnicos e a quase integral impossibilidade de fazermos a nossa produção áudio visual com a mesma versatilidade. Resta ao país ver através das câmeras posicionadas nos espaços públicos os trágicos desfechos da criminalidade, ou das tragédias que assolam o Brasil. Busca-se uma notícia, e encontra-se nenhuma dificuldade em se obter as imagens que permitem o controle por vezes de alguma área, mas igualmente revela que em outras a incidência da violência passa ao largo de qualquer ingerência que torne mais cabível o combate ao crime organizado. A propósito, seria talvez producente que fossem veiculados filmes que houvessem de mostrar não apenas aquilo que se revela criminalmente, mas coisas que acontecem para tornar mais positivas dentro do seu escopo de boas iniciativas sociais. Esse equilíbrio tende a reparar os danos causados pela carestia de notícias boas em relação às tragédias e desgraças de nossas sociedades.
          A escola romântica poderia se contrapor ao hiper realismo atual, este que traduz o abc de um tipo de escola em que produções baratas e, no entanto, também com altos níveis de detalhes alternam-se com super produções realizadas por equipes gigantescas. Essas produções gigantes de filmes de ação talvez superlativadas estejam de acordo com muitos games e suas próprias lógicas, na movimentação de personagens e em cenografias desconcertantes com os novos recursos de tecnologia digital. Uma razão desconcertante parece mover um modo quase absurdo com a velocidade nas trocas de cenas, na sobreposição de filtros de cores e nas animações com o realismo supra citado. Os roteiros passam a guarnecer a ação, ou os filmes onde o dia a dia mediano e sem aprofundamento existencial viram um espécie de preenchimento de material a ser usufruído com digestão rápida em um metabolismo próprio e recorrente. Os recursos são extensos, mas o conteúdo peca por não aproveitar mais profundamente suas modalidades de atuação.
         A ficção científica, por exemplo, conta com aquilo que é produzido por grandes equipes, onde verdadeiras catástrofes ou experimentações de mundos em que a tecnologia se depara com a fantasia, onde um roteiro previsível é compensado com um visual por vezes desconcertante. É fato de que nos tempos atuais, com a produção computacional e suas maquetes e cenários eletrônicos, torna-se mais instigante a forma do que o conteúdo, o meio do que a mensagem. E grandes estúdios sobressaem nessa incrível modalidade da ficção.
            A se assentar essas modalidades de produção cinematográfica, quiçá voltemos a ter escritores como Camus, Proust, Poe, Hemingway, ou ao menos o encontro com suas obras, pois sendo o cinema uma linguagem linear, seria auspicioso que as novas gerações lessem melhor.

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