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algo a mais em nossas vidas é fruto de maturidade existencial. Seja
essa busca no plano material ou no domínio anímico, espiritual. Há
uma realidade concreta que supõe a literatura religiosa que ao menos
tenhamos materialmente uns óculos para ler um livro sagrado, e isso
faz parte de um sólido e materialmente presente objeto. Então, se
passa que, como em uma palheta de pintura, tanto as realidades de
ambos os casos se fundem ou, como se diz no Gita, há modos de
existência material, como a bondade, a paixão e a ignorância.
Posto que a tendência da humanidade seja a aproximação com o que
se crê prosperidade material como uma relação com o divino, essa é
uma questão algo turva do propósito mais verdadeiro e religioso,
por conseguinte. O ascetismo religioso pode ser necessário em alguns
aspectos, principalmente entre a devoção continuada, mesmo que se
tenha nas mãos o segredo de que a Vida Simples e
Pensamento Elevado continua a ser um grande livro da ISKCON –
International Society for Krishna Consciousness. Para
um neófito, um livro sobre como pararmos com os abatedouros através
de uma conduta religiosa, comendo os alimentos primeiramente
oferecidos a Deus: comendo os restos de uma prasada, fruto desse
oferecimento. Mas, voltando ao ascetismo, o importante é saber que o
Serviço Devocional Imaculado ao Senhor Krsna revela que podemos
trabalhar em uma fábrica, escrever textos de filosofia, sermos
administradores de algo, mentores ou mestres de uma escola, diretores
de empresas, operários da construção civil, em síntese,
dedicarmos nossa vida em trabalho dentro ao menos da posição da
bondade dos modos materiais. Essa é uma diferença crucial, posto o
modo da ignorância, por exemplo, traz na face da sociedade sempre a
turvação da compreensão mais verdadeira, a razão que nos compele
a prosseguir em nossa missão no mundo. Não
será através de repetidos nascimentos e mortes que estaremos mais
felizes em nossa existência, mesmo sabendo que um devoto de Deus
possa estar em um ambiente hostil e na verdade pregando a Palavra
Dele, pois ao religioso verdadeiro só importa a Bhakti-Yoga, ou
seja, o serviço imaculado ao Senhor, nascimento após nascimento,
mesmo que para isso tenha que sofrer a tentativa ilusionista de Maya,
que transcende por vezes a própria pergunta original: quem somos, de
onde viemos e para onde vamos. Prestar o
Serviço Devocional em Bhakti sempre será mais importante do que
renunciar a tudo e viver em um lugar isolado, mesmo porque neste
mundo atual o renunciante não encontraria a paz necessária para tal
ordem. Um sanyasi – renunciante – pode dar de seu conhecimento
dentro dos templos, e os mestres espirituais por vezes fazem esse
voto. Mas hão de ter retaguarda material para que ao menos o corpo
possa estar unido à alma, ao espírito, ou seja, sua vida depende de
algum artifício material, pois, sendo esta a energia externa do
Senhor nós, como energias marginais damos voz ao corpo e podemos
transcender a identidade falsa de que somos
este corpo, pois não passamos de almas
espirituais com um corpo que vai mudando, desde uma tenra idade até
a velhice.
A
não consecução da percepção da realidade que se apresenta de
vários modos, leva a uma solução do único sacrifício para esta
nossa Era do Ferro, ou seja, cantar os nomes do Senhor e associar-se
com devotos. Uma grande mudança de paradigma ocorre com a
consciência aflorada em Krsna, e sabermos dar valor ao nosso mundo
para a frente da Era Dourada que Sri Caitanya nos legou, é saber da
atitude espiritualmente revolucionária frente aos paradigmas da
mecanização que o mundo digital e suas máquinas começam a impor-se
como realidade crível e seus convencionamentos. Daí a ver-se que o
ascetismo religioso pode comungar com esse encontro na verdade jamais
compulsório com a tecnologia. Mas saber
usá-la bem resulta em que tenhamos mais poderes em espalhar a
Consciência de Krsna ao redor de um mundo inteiro: desde um coração
de um asceta, desde o coração de um Yogi.
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