sábado, 20 de abril de 2019

A TENSÃO DIFERENTE



          Que coisas que possam parecer estranhas, se hoje a onda dá para os pés se refrescarem, quando pouco, ou que inundam em jorros a que cada previsibilidade configura uma possível tragédia? Chegamos a diversas equações, como em um jogo de nuances onde a lógica por vezes é jogada no fazer, e pouco inserida no construir. Usufruir faz parte de todo o mundo, ou quase, mas há homens e mulheres que lutam duramente para que lhes cesse o sofrimento… Lutam em corredores de um hospital, rezam por melhores dias, trabalham por vezes insanamente, pensam e inquirem sobre condutas melhores, e quais seriam estas no pressuposto de estarem urgindo por algum conforto. Há certamente – em alguns lugares de nosso país – uma intensa luta em que por vezes onde haveria segurança há um descaso, uma irregular diferença, a tensão que abraça a muitos sem ver quem são, a preservar-se necessariamente uma individualidade que se resguardasse e, porém, vive a se descartar no aspecto das ações que não vemos, os direitos e deveres cidadãos.
          Para se lidar com a fraqueza humana não adiantam mecanismos repressores, se não há um contra artifício, um recurso mais humanitário que ensine, ao menos, que teça uma proposta regular, sólida, a fim de que pudéramos progredir no andamento de melhores sociedades. Porém, mesmo que a sociedade verta em seu papel algo que não recorra a uma sensatez própria de nós seres – distantes de tudo o que realmente deveríamos desejar – podemos sempre recomeçar, reaprender, que seja, ler um pouco, botar freios no frenesi ou tentar não ficarmos em desespero a ponto de não conseguirmos dar continuidade na vida, de um modo nem que seja no improviso de razões que nos levem a sermos otimistas, mesmo que os óbices sejam enormes, nem que nos seguremos em uma religião, um cantar de um rosário, uma mão serena que tente não adoecer mais do que nossas mãos têm infelizmente mostrado em grupos sinistros que tomam conta de muitas comunidades, fazendo da violência seu objetivo abastardado. O progresso citado nada mais é do que avançar humanisticamente no caudal das próprias ferramentas que já possuímos à nossa disposição, e que fazem parte de toda uma vantagem tecnológica, onde muitos ainda não sabem se situar, e poucos sabem gerir a essência das atitudes decorrentes do bom uso dos recursos contemporâneos. Falar-se em toma lá dá cá é tão bisonho como saber de uma conta básica, rudimentar, na parte dos valores e nas dinâmicas da psicologia do poder. Justo que a vontade de poder é gigante como desejo, mas sabermos que o simples desejo de tê-lo há que ser proscrito como atitude negligente quando se quer um poder já constituído pela modalidade usual em nosso continente, em nosso planeta, pelo menos o que se vê no Ocidente, pois o Japão é um pouco diferente da Inglaterra, ou da França. Em realidade, de fato, é que surge a tensão de querermos ser iguais externamente, o que pode ocultar uma vivência paralela que transforma e se torna dissonante de uma harmonia em atitudes necessárias.
         O inconsciente trabalha com os instintos primitivos, e a vontade de poder igualmente gera um ser desconforme, coloca fuzis em poder de criminosos, torna territórios em lugares sem lei, em um modo indissociável com relação a ambas as pontas do problema: aquele que está em um algo cargo e delibera uma incredibilidade, e aquele que quer dominar tantas áreas quanto possível, na estranha associação das milícias e outros horrores do gênero, onde em tese tudo ficaria na mesma seção da delegacia, no mesmo foro sem privilégios, na mesma questão do ilícito penal, mas que se pesa infelizmente instâncias várias que liberam gente que não deveriam liberar. A tensão talvez não fosse tão diferente se realmente inibida com o gesto da Lei. Resta saber se o poder faccioso renderá tanto que se espalhar sistemicamente, e a que ponto isso chegará a um veredicto favorável para a população inocente e honesta.
         As cenas deste mundo são chocantes, e nada do que se perceberia de ante mão sobre uma ponta de um iceberg de fogo poderá vingar no sustento do bom senso, se não colocarmos as forças que impelem ao justo no trem de nossas esperanças. Mas, como em um bom jogo de xadrez, há que se ter tática e estratégia e crescer em inteligência de modo acelerado, a saber, se da eletrônica parte um recurso intangível, resta-nos criar as condições para que essa inteligência saiba mais do que a cupidez e a ignorância dos criminosos. E essa inteligência cabal há que saber da sensibilidade e estudos psíquicos para a recuperação de muitos homens e mulheres com a criação de fundações de amparo aos cidadãos desassistidos.

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