quinta-feira, 18 de abril de 2019

PARADIGMAS E CONVENÇÕES



           O enervar-se um ser pode acontecer inconscientemente, pode ser por razões várias, e mesmo um cão torna-se neurótico com esse fato ocorrido. Um suíno pode ficar nervoso quando confinado, um boi pode ficar nervoso com a perspectiva do abate, e sobretudo um ser que possua a faculdade da razão pode se equivocar em seus princípios quando se convenciona tratar-se de uma atitude de desrespeito ou hostilidade que porventura possa vir a sofrer. Esse amplo paradigma perfaz nossos atos perante o próximo – seja qual for o ser – animal (e isso também é fato) ou um homem ou a mulher, que sofre mais da truculência do que o male, o chamado macho, se é que o nome que se dá importa, se é que o chauvinismo chegue a tanto, na ignorância de darmos os nomes àqueles que porventura assim se comportem. No entanto, convenciona-se a princípio que não seja permitido, mas as nuances da lei ainda colocam restrições a níveis de agressão, a falta de provas em determinados casos – nos humanos – e por vezes atenua quando a solução viria a ser mais dura, nas circunstâncias que deveriam ser mais exemplares no imputar a culpa. A se dizer dos cães que sofrem maus tratos, dos pássaros que são confinados, e por aí colocamos todas as voltas do rosário em profusões de centenas de anos de sacrifícios…
          O paladar humano é convencionado pela cultura, pelo que se come quando há, e pelo que se improvisa quando falta, na carestia que aparentemente parece inevitável nos tempos de hoje, quando a fome grassa. Essa fome não deve existir, a propósito, a fome de medicamentos, a fome de se educar, pois não há como se colocar em alguma dianteira para explicar essas ocorrências, que a título de justiça deveriam estar no pano de fundo das garantias ao ser humano, em seus princípios, mesmo porque, quando atendidos os fundamentos das necessidades do homem, o humanismo em relação a outras espécies vem a reboque. Por que não se afirmar que os médicos que atendem os povos mais excluídos do mundo não fazem um bom papel de apoio e da salvaguarda da saúde mundial? Quereríamos o oposto, por algum acaso, caso pareça que nos sentíramos intimidados com essa fluência humanitária? Por uma suposição óbvia não seria assim, posto a posição de uma peça – repetindo – no tabuleiro da vida jamais deve ser desperdiçada, e qualquer iniciativa que surja para ajudar ao menos a sanar problemas do sofrimento humano vem a ser de boa pedida. Se um homem está no poder para se fazer crer a si mesmo que está com Deus, deve olhar para os pobres como o próprio Cristo olhou: sem reservas, caritativamente, com perdão e sem preconceitos de qualquer ordem, fosse o Lázaro ou a prostituta quase apedrejada. Jamais se possa dizer o oposto, pois a chama que queima do coração dos oprimidos não é fogo fruto da insanidade de cada um, mas o resultado de uma distribuição das riquezas, superlativada por um processo sistêmico realmente injusto, e que isso parte não propriamente do discurso de esquerda ou direita, pois manifestem ainda sua truculência intolerante, mas provém do fruto de um bom senso de bons administradores, ou ainda de uma classe do Poder que seja ao menos mais igualitária, independente do sistema econômico, pois que se contesta aquilo que dissolve estruturas sociais, e chegar nesse ponto é um colapso de qualquer administrador, empresário, ou seja o que realmente vá de encontro com sua população.
          O esforço ou qualquer sacrifício sempre será necessário para se dar um bom andamento propositivo na questão de uma boa gestão de um município, de um Estado ou de um país. Mas há que se ter esforço de todo os lados, e trabalho, e trabalho, muito trabalho. Para se sair de uma crise continental há que ser mais nacionalista, rezar o credo de sua própria riqueza, como a nação mais rica do planeta tem feito ao resguardar seus interesses. Se quisermos um exemplo, que se dê lá de cima, pois se quisermos uma inteligência maior temos que tê-la desde abaixo, desde tenras idades. Esse é um paradigma a ser ao menos visualizado como padrão de conduta, com o moral e ética justos, posto não se faz uma nação sem nação, não se constrói um território nacional com uma bandeira estrangeira nele fincada, como território de outrem. Que se considere um paradigma algo de libertação de nossas carestias, como um ajuste de prumo, como a retificação de um esquadro, com a delimitação de um compasso: técnica e justeza, caráter e patriotismo. A partir do momento em que viabilizarmos uma Democracia exemplar no continente, poderemos comercializar e ampliar nossos espaços financeiros com toda a massa que porventura hoje se sente excluída por inúmeras e contestáveis razões. Um Estado de Direito se faz com a retidão, e esta dá jus ao andamento dinâmico de todas as suas partes, porventura algo fragmentadas, mas já esperando ansiosamente, como um amálgama de potencialidades inerentes a um país continental, a uma União patriota!

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