domingo, 22 de dezembro de 2019

RUMOS DURADOUROS


          Termos consciência de nossos próprios afazeres no mínimo é algo saudável, quando por suposto fazemos algo bem e honestamente. O caminho da realização é muito belo na vereda que encontramos em cada passo que damos, seja engatinhando como no princípio, seja em nobre e antiga missão… Em cada minuto, se pensarmos em cada passo, assim como em uma caminhada onde vemos as coisas como são, veremos que a jornada não depende desses minutos, e que cada qual deles pode vir a ser o ciclo de um universo. Posto as formigas vivem menos do que nós e, no entanto, caminham muito mais e repetidas vezes, e sempre por caminhos distintos, com a consciência particular de sua espécie, seja inseto ou animal, ser, vivente. Carregam seus pesos muito mais competentemente do que nós, pois não dispõem de tração alguma fora suas próprias pernas. O tempo delas é distinto e, quem sabe, a elas não importa o tempo. Quem pode afirmar que a vida de um inseto é inferior do que a de um ser humano, na altura que temos, no perfil de predação que somos, com tantos os objetos de que dispomos, tantas armas, tanto óleo, tantas máquinas, e será que decidiremos que o final dos tempos se dará através de nós? Mas qual a nossa superioridade em relação à manutenção do planeta? Será que uma jubarte não será mais inteligente, porquanto vida em águas marinhas, como os golfinhos? Realmente, nossa espécie transforma, viaja, se desloca vencendo a gravidade, mas será que todas as outras qualidades das outras juntas não somam mais poder do que a nossa existência enquanto seres? Uma formiga tem muita força, guardadas as devidas proporções. A águia consegue voos maravilhosos, sem necessitar de motores ou empuxos de asas mecânicos. Podemos ter imensas capacidades de observação e síntese, mas em essência estamos destruindo, crentes ou não, a nossa casa comum, o mundo…
          As fronteiras substabelecem relações de poder, e nenhuma nação quer perder o privilégio de seus poderes econômicos em acordos unilaterais. Todos, em tese, almejam chegar em acordos em prol da existência sustentável do planeta, mas aquele que se comportar com lógicas de formigueiro, onde um é respeitado perante a coletividade, obviamente chegará a um consenso interno baseado na ação, na prática, no que é pertinente acima de tudo ao grande ser coletivo, onde cada qual tem a sua função: guerreiros, trabalhadores, filósofos e etc. A máquina azeitada funciona melhor quando não possuímos muitos laivos ilusórios, principalmente se essa ilusão vem de ferramentais criados pelo homem. Quanto da observação da Natureza, de modo oposto, só traz mais conhecimento e cabedal ao respeito em relação a Ela no seu cultuar a divindade que ela dispõe como mantenedora do Universo. Há toda uma questão dos mistérios e, se não fosse por isso, não estaríamos dividindo a razão e a religião como plataformas coexistentes, pois na ciência sua razão de ser é o mistério, e a busca não o encerra, mas o amplia. Igualmente quando na religião, o religare, em latim: religação, laço com algo, com o desconhecido, por vezes o necessário dogma, que também deve ser dinâmico, em cada encíclica, em cada voto sagrado, em cada botão “inteligente” que surja… Os mistérios, tanto da ciência, como da religião, são o que nos permite avançar de modo coerente, por isso citada a vida dos insetos em suas devidas proporções: na escala de uma micro alavanca, no voo de uma borboleta, antes crisálida, e no mistério total da Criação.
          Para ninguém existe explicação para o todo. Mesmo em uma leitura bíblica, há interpretações subjetivas para cada qual, pertinente ao processo individual, onde o Pastor ou o Pároco ensinam que o sermão se encaixe no olhar e sentir devocional de cada um, seja um homem ou uma mulher extremamente devotado/a, ou para um leigo que se encontre com a Palavra naquele exato instante… A função primeira de um rosário é que deva ser rezado com devoção e as palavras que surgem das rezas, dos mantras, ou da meditação em algo, mesmo quando no vazio, em seu silêncio significam o próprio silêncio ou o significar do som sagrado, seja ele uma reza, ou a contemplação em algo próprio, desejado como modo de meditação, em seu simbolismo ou não, dependendo da circunstância em que seja proferida, ou aplicado o método, a ação. Em suma, quando praticamos a ação de modo coerente, que intente bons resultados, essa é a iniciativa de nos encontrarmos com os mistérios, posto o diálogo constante com bons aprendizados vale tanto para a religião, no ato de religar-nos, ou na ciência, filosofia e afins. Todo o estudo é válido. Entretanto, tentar tolher o pensamento com cânones déspotas é o princípio de se travar um pensamento mais dinâmico, sob o jugo do fanatismo, ou coisa similar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário