Termos consciência de nossos próprios afazeres no mínimo é algo
saudável, quando por suposto fazemos algo bem e honestamente. O
caminho da realização é muito belo na vereda que encontramos em
cada passo que damos, seja engatinhando como no princípio, seja em
nobre e antiga missão… Em cada minuto, se pensarmos em cada passo,
assim como em uma caminhada onde vemos as coisas como são, veremos
que a jornada não depende desses minutos, e que cada qual deles pode
vir a ser o ciclo de um universo. Posto as formigas vivem menos do
que nós e, no entanto, caminham muito mais e repetidas vezes, e
sempre por caminhos distintos, com a consciência particular de sua
espécie, seja inseto ou animal, ser, vivente. Carregam seus pesos
muito mais competentemente do que nós, pois não dispõem de tração
alguma fora suas próprias pernas. O tempo delas é distinto e, quem
sabe, a elas não importa o tempo. Quem pode afirmar que a vida de um
inseto é inferior do que a de um ser humano, na altura que temos, no
perfil de predação que somos, com tantos os objetos de que
dispomos, tantas armas, tanto óleo, tantas máquinas, e será que
decidiremos que o final dos tempos se dará através de nós? Mas
qual a nossa superioridade em relação à manutenção do planeta?
Será que uma jubarte não será mais inteligente, porquanto vida em
águas marinhas, como os golfinhos? Realmente, nossa espécie
transforma, viaja, se desloca vencendo a gravidade, mas será que
todas as outras qualidades das outras juntas não somam mais poder do
que a nossa existência enquanto seres? Uma formiga tem muita força,
guardadas as devidas proporções. A águia consegue voos
maravilhosos, sem necessitar de motores ou empuxos de asas mecânicos.
Podemos ter imensas capacidades de observação e síntese, mas em
essência estamos destruindo, crentes ou não, a nossa casa comum, o
mundo…
As fronteiras substabelecem relações de poder, e nenhuma nação
quer perder o privilégio de seus poderes econômicos em acordos
unilaterais. Todos, em tese, almejam chegar em acordos em prol da
existência sustentável do planeta, mas aquele que se comportar com
lógicas de formigueiro, onde um é respeitado perante a
coletividade, obviamente chegará a um consenso interno baseado na
ação, na prática, no que é pertinente acima de tudo ao grande ser
coletivo, onde cada qual tem a sua função: guerreiros,
trabalhadores, filósofos e etc. A máquina azeitada funciona melhor
quando não possuímos muitos laivos ilusórios, principalmente se
essa ilusão vem de ferramentais criados pelo homem. Quanto da
observação da Natureza, de modo oposto, só traz mais conhecimento
e cabedal ao respeito em relação a Ela no seu cultuar a divindade
que ela dispõe como mantenedora do Universo. Há toda uma questão
dos mistérios e, se não fosse por isso, não estaríamos dividindo
a razão e a religião como plataformas coexistentes, pois na ciência
sua razão de ser é o mistério, e a busca não o encerra, mas o
amplia. Igualmente quando na religião, o religare, em latim:
religação, laço com algo, com o desconhecido, por vezes o
necessário dogma, que também deve ser dinâmico, em cada encíclica,
em cada voto sagrado, em cada botão “inteligente” que surja…
Os mistérios, tanto da ciência, como da religião, são o que nos
permite avançar de modo coerente, por isso citada a vida dos insetos
em suas devidas proporções: na escala de uma micro alavanca, no voo
de uma borboleta, antes crisálida, e no mistério total da Criação.
Para ninguém existe explicação para o todo. Mesmo em uma leitura
bíblica, há interpretações subjetivas para cada qual, pertinente
ao processo individual, onde o Pastor ou o Pároco ensinam que o
sermão se encaixe no olhar e sentir devocional de cada um, seja um
homem ou uma mulher extremamente devotado/a, ou para um leigo que se
encontre com a Palavra naquele exato instante… A função primeira
de um rosário é que deva ser rezado com devoção e as palavras que
surgem das rezas, dos mantras, ou da meditação em algo, mesmo
quando no vazio, em seu silêncio significam o próprio silêncio ou
o significar do som sagrado, seja ele uma reza, ou a contemplação
em algo próprio, desejado como modo de meditação, em seu
simbolismo ou não, dependendo da circunstância em que seja
proferida, ou aplicado o método, a ação. Em suma, quando
praticamos a ação de modo coerente, que intente bons resultados,
essa é a iniciativa de nos encontrarmos com os mistérios, posto o
diálogo constante com bons aprendizados vale tanto para a religião,
no ato de religar-nos, ou na ciência, filosofia e afins. Todo o
estudo é válido. Entretanto, tentar tolher o pensamento com cânones
déspotas é o princípio de se travar um pensamento mais dinâmico,
sob o jugo do fanatismo, ou coisa similar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário