sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O LAÇO QUE NOS MOVE


          Considere-se a civilização contemporânea como um sem número de conexões, cada qual com um tipo dela, no que se parece algo compulsório, não fosse apenas as relações humanas sem os filtros da eletrônica. Nas galáxias da comunicação em todos os tempos, quando em determinada época se levava um quadro a óleo para uma igreja, o percurso virava um espetáculo onde a população usufruía desse momento como algo mágico, surpreendente, como um estalar da cultura, posto o meio em questão – a arte – virava o reencontro muitas vezes com a realidade anímica e interpretativa do objeto artístico. Na medida em que se escreve hoje em dia, remonta-se outros meios rapidamente assimilados, em progressão geométrica na variedade, mas funcionalmente não muito diferente ao que ocorreu nos tempos das invenções tipográficas quando se tornaram acessíveis a impressões de jornais de maior alcance que democratizaram – e muito – o conhecimento dos fatos e da história, ou da ciência como um todo. Esse acontecimento gerou edições de escritores maravilhosos a um preço acessível, certamente mais em conta do que as iluminuras medievais da Bíblia Sagrada. Hoje esse livro ainda é o mais impresso de todos os demais e, no entanto, a ciência e a filosofia já caminham para reeducar a população cada vez mais, tais são os acessos permitidos pela internet e suas conexões, e tal o volume de conhecimento em que os laços que nos unem pela demanda e pela oferta dispõem para os mais vários ofícios por vezes são tão simples como os cabos que unem os mouses com a máquina.
          Porém, as modalidades do trabalho continuam, e as invenções agora são mais quantitativas, em que ás vezes podem ocorrer retrocessos formais e cotidianos, talvez plenamente quando não se considera mais solidariamente as condições em que serviços como cultura, esportes, educação, saúde e aposentadoria, decentes… Sabe-se que um país pode passar por crises institucionais, morais e econômicas, mas preservar o direito inalienável da existência de uma Democracia exemplar não é e jamais será romper com o bom senso, e a vontade do povo tem que ser respeitada, a não ser que haja ingerência dos atores no cenário político em crimes e descalabros, ou seja, quando um Presidente peca por se omitir ou negar o que acontece sob sua responsabilidade, se investe contra o povo, ou possua laivos quaisquer de autoritarismo. Se a grande questão é manter os laços com esse facultar-se de ser déspota, merece ao menos que faça a si mesmo a autocrítica e tente com todas as suas forças tomar medidas que beneficiem o povo, pois a voz do povo é a voz de Deus. Melhor dizendo: o Poder emana do Povo e por ele deve ser exercido, através de seus representantes. Essa é uma máxima que revoga o direito daqueles que querem exercer o Poder verticalmente, pois assim não terá autoridade para ser um representante democrático de seu povo, que nele votou, mesmo que não seja uma maioria significativa. A partir do instante que se cria um laço com que se mova a sociedade no sentido de progresso, terra, paz, boa economia, educação, saneamento, equilíbrio fiscal e tantas outras questões que encaminhe um país de terceiro mundo a ser no mínimo – e em um breve começo, pontualmente – uma economia emergente do ponto de vista global, aí sim pode haver consensualmente uma relação entre o governante e seu povo… Afora isso, não é uma relação consensual e, portanto, antipopular, pois esquece do povo quanto às suas demandas e intenta construir falaciosamente uma esfera de poder onde quem participa são apenas seus apaniguados. Isso vale como uma recomendação, quando o laço que move o país possua alicerces dignos, adequados a cada problema de suas populações, respeitando os regionalismos sempre pertinentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário