segunda-feira, 22 de outubro de 2018

COISA DE REFLEXO


          Isto de espelhamento da vida pode parecer banal, mas é fato que agora o espelho não é mais tão importante, pois o joinha do facebook está levando tudo que se pensa sobre a aceitação de um, o curtir ícones de resposta, a funcionalidade do ego. Sentir-se partícipe de algo, liderar um movimento nas redes sociais, saber-se algo cônscio das coisas, gera um reflexo de si mesmo no mundo digital, mas também isola o indivíduo da realidade mais concreta e física das ruas e seus entornos. Talvez – apenas uma conjectura – fosse interessante que as ruas não ficassem tão à mercê da sorte, ou seja, que fossem espaços onde se pudesse vivenciar o externo, ao invés de ficar-se separado entre um condomínio e outros. Isso poderia ser o viés de uma reforma urbana que trouxesse a segurança mais próxima ao cidadão. Desse modo, a própria tolerância como modalidade compulsória já seria um bom caminho para apaziguar rixas de natureza das ideias. Aliás, porventura fazer dos lugares como a lanchonete, uma cafeteria ou uma banca de revistas cenários de se compartir conhecimento e ideias seria um começo razoável para termos uma sociedade mais civilizada. Criar espaços de convivência seria a natureza de algo tão simples e maior do que uma sociedade onde se pensa que as classes sejam isoladas sem contatos maiores do que as relações de trabalho, quase sempre verticais, onde o que se passa com o mais abastado é a questão do mando, a questão patronal e sindical, onde o conflito emerge quase sempre nas tentativas de diálogo. O diálogo é fruto de um pequeno debate, que seja, tenhamos sempre a oportunidade de debater, e a escola é o cenário propício, onde crianças, adolescentes e adultos aprendem o conhecimento e suas variantes, as ideias e os ideais, a concretude técnica e o sonho da arte. A ciência e a tecnologia, a saúde e a biologia, a literatura e a história, a filosofia e a física, o esporte, o lazer, o amor… Ou seja, não será necessariamente obra da providência divina que se conseguirá estabelecer um Estado que reflita o bom senso, a humildade de poucos perante o próximo, e que consagre-se que todos haveremos de ser humildes perante a força da Natureza.
          Esses reflexos de uma sensatez a respeito do modo em pensarmos fazer de uma sociedade algo mais justo ponteiam largamente em quaisquer hemisférios, mesmo quando sabemos que algumas pessoas queiram estabelecer a dependência histórica do Sul em relação ao Norte. Essa dependência que intimamente àqueles que não compartilham da posição de quem gosta de ver em países de primeiro mundo o colo algo paternalista de ser, deve ser reinterpretada em sua modalidade histórica, pois sempre é mais racional ao país quem tende ao nacionalismo. Posto de um dever cumprido será a atitude mais conveniente a que sejamos de temperamento patriota, sem deixar de respeitar aqueles que inibem a boa atitude… Isso de pensarmos em entregar nossas riquezas para as mãos de estrangeiros, no mínimo é coadjuvar com um tipo de patronato internacional, imiscuindo os aspectos que beneficiariam a maior parte do povo brasileiro, de modo inepto e contraproducente.
           Assim sendo, o reflexo de algo que não entendemos por muitas vias, torna-se tão claro quanto a posição mesma de entregar nossas riquezas com a posição “intencionalmente firme” de solapar ou mesmo destruir com um poder de referência no atraso, as instituições que o país tem construído ao longo mesmo de toda a sua história: apenas nasce da ignorância a intenção de quando se quer destruir uma conquista… A justiça não existe para quem tenta o caos do poder relativamente investido. A plataforma de se contestar pertence ao processo de construção progressiva das instituições e da própria sociedade. Afora isso, é exceção da ignorância empodeirada.

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