domingo, 14 de outubro de 2018

ANÁLISE DE UM HOMEM


          Havia um clima de nuvens e um pouco de frio naquela atmosfera de chuva de primavera. Os passantes, em virtude de uma conturbação quiçá existencial, não estavam com aspecto de muitos amigos. Uma gente de várias faces, e não apenas isto, mas de uma expressão corporal silenciosamente disciplinada. Como em uma marcha e, no entanto, sem saber marchar, no sentido estrito do termo, pois da parecença de que suas mentes estavam projetando algo em que o ato de caminhar parecia insuflado pelo desejo do embate. Como se ao preparar-se do dia, acordassem com suas fardas ou o que quer que lhe parecessem as vestes com que sair no simples domingo. Sem ver ou perceber melhor o entorno, as forças mesmas, os vetores que, pausadamente, fazem parte da mecânica da matéria, mesmo porque na acepção crua dessa gente uns estão na vida acadêmica enquanto outros enfrentam as suas outras construções. Nunca será tarde para enunciar quão maravilhoso é o comportamento e expressão do que possuímos em nosso entorno, a saber, que seremos menos duros quando comparados à eternidade das rochas! Como uma colcha de retalhos, e, no entanto, qual uma percepção de que há uma similaridade entre muitos, como se o comportamento se igualasse, em uma realidade que parece algo una, mas retorna díspar, pois o mesmo comportamento depende de impressões variadas, mesmo sabendo que o influxo dos meios tem sido mais igual e sem diferenciações substanciais. Mas o embasamento de poucas mensagens torna igual uma frente do comportamento quase alterno, pois verte em alguma esperança na ignorância de muitos, o que já se prediz naqueles que se jactam de serem mais inteligentes na acepção do diálogo e portanto algo de controle, o que vem a dar os costados na mesma ilusão de tentarem estar à frente de seu tempo... Vertendo-se na mesma moeda conceitos como autoproteção e uso da fama, que depende de um "diz que me disse" generalizado, vulgarmente falando. Destrói-se a fama de alguns que exerçam lideranças, ou mesmo em uma autenticidade que incomoda o status quo, no se pensar ou viver a arte como meio de expressão, mas não necessariamente no meio de vida em ganho.
         No se pensar a vida, haverão filtros em que se passa aquela por através, filtros por vezes necessários e em outros casos crônicos, como por vezes a limitação das cores da palheta de um artista remonta o nascimento de obras-primas. Jamais alguém quer arcar com culpas imputadas injustamente, e os filtros fazem com que a neutralidade seja o negócio da hora, porventura nas horas de tensão onde nos parecemos com agentes da diluição do bom senso, ao ignorarmos a civilidade como princípio do caráter por este sempre almejar aprofundar a força de uma instituição, enquanto sabemos que muitos fomentam o caos, a anarquia ou coisas similares, quando sem saber estarmos participando desse sinistro rol. Esse filtrar da vida capacita a que nos vistamos como camaleões, e seu viés é deixarmos de ter um estilo mais autêntico para fazer as vezes da vontade de onde está o poder. Esse vestir-se podemos traduzir como o que comportamos nos aspectos externos de expressão como a fala, a gestualidade, o que fazemos em termos de entretenimento, a nossa opinião, que programas de TV assistimos, ou seja, se tivermos que vincular nossas vidas a um tipo de carapuça existencial que nos conforme com determinada situação, agiremos de modo falso em relação ao mundo em que vivemos. Quando descobrirmos que a arte e a cultura como um todo é uma questão de existência cabal e importante para muitos, quando soubermos finalmente que a filosofia ou a boa religião também são caminhos a se trilhar, permitiremos às nossas mentes um espaço com qual não contamos se negarmos o viés da liberdade. Essas frentes de liberdade remetem toda a história na própria capacidade de nosso povo e sua identidade nacional, seus princípios e afinidades, suas raízes e conquistas sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário