sexta-feira, 26 de outubro de 2018

CAMINHOS OUTROS


Por entre gentes, por diante de carros, no esquecimento do que somos
Parte-se a um sem par de circunstâncias que não percebemos o que seja
Quem fora ser, de algum lado, na linha de um verso, que não se recrudesça
Algum sentimento torpe de estar toda uma vertente esvaindo esperanças!

Segue-se na alfombra do tempo algo de caminhos que se cruzam, um ar
De que se perpassa a linha das promessas, um veio que não teima tanto
A quanto se predita que não se prescreva meio lote de desavenças a medir
Na esteira de uma vaidade ao revés, de ganhar-se quem fica mais feio.

A ver na distância entre um verbo e o outro, quanto se resolveria a contento
A questão antiga do discernir qualquer período, qual não seja a extrema
De se convencionar que seja, na página correta do que se diz no anterior
Ao anátema de qualquer vivente que esteja ultrapassando um limite lógico…

Caminhos algo tortos que se encontram na retilínea ventura de ir-se
Aos lugares irretocáveis, belos como certas flores que encontramos dispostas
Nos arbustivos, em canteiros inegáveis, na suposição quase certa do quintal,
Ou em uma rica estampa de um livro em forma de roupas no corpo da mulher.

A mais de não poder-se olhar muito para adiante, sem prever algo que seja
Ao menos a sorte de se estar navegando em certas calmarias profundas,
Em que a mesma sorte não percebe que o que passa a ser correnteza
Não aparece muito no caudal – fonte – que verte a força submarina!

De monta a que se seja um frente ao timão de uma embarcação ligeira
A frente mesma de que olhe mais para adiante para não emocionar seu ato,
E que remonte, talvez paradoxalmente, um outro barco que o encontra
Em outro caminho traçado, a uma carta náutica ausente, do pressentir apenas.

E o cunho emocional da tripulação vê uma ordem ser galgada sob pretexto
De que o amotinar-se seria algo tão normal quanto o de ser de novo tentado
A não fazer o barco progredir em seus caminhos, pois o que dera quase certo
Na tentativa derradeira de compor a música das proas, escuta-se apenas o canto!

Mostra-se na poesia de tantos e tantos, que porventura ainda surjam
Mesmo por entre os dentes do destino, quando não se desata uma frente
De equações variadas e próprias ao próprio e desavisado tentar consentir
Que todos os caminhos que levavam a algum lugar, passam por postos de vista.

Pontos que são próprios, nas manhãs que percorrem os caminhos traçados à noite
Por onde há luzes, não que sejam vistas, mas a luz ofusca o sinal que transmite
A comunicação dos sons vários que nos permitimos escutar e pesquisar as frentes
Em que outros dormem na invectiva do cansaço de seus dias no lavor da labuta…

Esse pertencer a um sistema ou outro, esse percorrer gôndolas de supermercado
Ou de pequenos armazéns situados na confluência da facilidade de certo caminho
Faz-nos cônscios que nem tudo que se obtém virá através de um sufrágio dado
Por tantos que nunca opinaram nas vertentes do que se diga de um lado ou outro.

Os dias vertem suas semânticas de cristais, a chuva cede às plantas seu ouro vida
Que pertençam – que seja – a um pequeno jardim de quem está ainda a residir
Por sempre em casas que limitam por seus muros a habilidade do gesto do húmus
Em fazer florescer a pequena primavera que seja irretocavelmente de tantos que há!

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