terça-feira, 21 de agosto de 2018

O PASSO E A POSIÇÃO


            Parece-nos complexo falarmos sobre o que são os passos, ou o que é uma posição. Podemos citar a coerência em sabermos como agir no nosso dia a dia, quais são as prerrogativas corretas, e o que podemos fazer para sabermos lidar com dificuldades que por vezes nos parecem tremendas. Basta, como em um navio, que situemo-nos com um bom leme, mesmo diante das procelas. Há que o fletir um pouco, quando o material que dá rumo à embarcação, no caso de esta ser bem menor, seja de madeira, ou vergue com a tensão das ondas. Os nossos intentos vencem quando igualmente temos a fé que agiganta o turno, que nos carrega até a calmaria. Seja essa fé nos braços tensos, seja ela ao segredo das estrelas, e sua gigantesca diferença entre o que conhecemos e aos mistérios da existência mesma de nosso astro, ou da plenitude do mundo... Nada do que se saiba não possua o mesmo desafio em podermos construir nossa realidade, dando os passos necessários para tanto, na arte do recuo ou no avançar consciente e soberano em lide que possa até mesmo relativizar posições, mesmo que saibamos que onde vivemos tem os ares sagrados do lar. Esse lar que ao nômade possa transcrever outros e outros leitos, e a outros homens possa significar um quase perpétuo! Nessa perpetuidade em que o eterno seja no mínimo o progresso em que cada objeto, cada coisa possa ser de acréscimo, mesmo que a partir de poucas posses, no embate em que o ser pauperizado na sua existência possa refletir e organizar paulatinamente a sua vida, abandonando o menor presságio de qualquer adição nefasta, como a cachaça e similares, nas vezes em que o mesmo ser relaciona-se com a medicina, ou a vida vulnerável que possa lhe acometer. Essa pode ser a sua posição – dura – como quando no início parece veneno e depois vira néctar, posto não podermos segurá-la sem estarmos ao menos combatendo em prol de nossa própria normalidade interna, específica, pessoal.
            Havemos, quando solidificamos uma posição de ser individual ou no coletivo, no grupo, de exercer o mínimo necessário do diálogo, de o mantermos como condição sine qua non de participarmos não propriamente daquilo que queiram impor enquanto sociabilização, mas que seja na compreensão do próximo, no evitar-se qualquer modalidade de preconceito e lutar um bom e honesto combate para que todos melhorem em nosso entorno, no sentido atávico da modalidade do respeito e cavalheirismo: as prerrogativas de um mundo ou de uma cidade ou bairro, civilizados. Esse modal existencial refere-se a que sejamos mais tolerantes. Que não preguemos a beligerância, mas sim um bom senso em prosseguirmos vivendo em sociedade – mesmo que alguém aparentemente seja solitário – na acepção própria de cada qual em que pensar-se que veladamente existem comprometimentos de qualquer ordem não passe de ilusão, ou exposição de códigos de conduta que devem na verdade blindar o modo de viver de cada qual, porquanto sua própria idiossincrasia.
            Do mesmo modo que o indivíduo e a sua grande ou pequena coletividade podem manter a sua posição dentro dos limites da ordem, o Estado deve garantir o exercício da cidadania de cada qual, em um regime democrático onde a ampliação dos direitos fundamentais das pessoas deva ser progressiva, e não limitante ou restrita a ordenação imposta por um governo autoritário que só fará distanciar a empatia e consolidar a desesperança em seu povo, condição inadmissível para o andamento correto de uma boa administração, seja em que poder for, ou nas instâncias várias de seus poderes judiciais. A liberdade de opinião, o crescimento e valoração da artes como base cultural de toda uma população e o fomento imprescindível da educação como alavanca e sustentáculo do progresso de uma nação deve ser uma posição sobre a qual todos devem trabalhar para que aconteça no modo em que uma autoridade, seja ela quem for, no fundo assuma essa galhardia de saber serem esses os caminhos de um verdadeiro patriota, com relação a um futuro em que saiamos do túnel ao menos vislumbrando a luz tênue em seu final para que saibamos que o imenso trem que carrega a nossa intensa esperança esteja dando o passo tão importante para a solução definitiva dos problemas de um país continental, como o Brasil!

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