terça-feira, 11 de junho de 2019

UMA CIDADE E SUA LAVOURA


Quantos blocos de concreto haverão de existir
Quando o que se pode é plantar leguminosas
Em cada nicho, cada nesga de terra adubada
Pelas soluções de biodigestores na sua função
De virar energia renovável, quem dera, supõe-se.

De muito se há de pensar sobre essa empreitada
Assim como deixar de saber o que existiria no farnel
De outras e outras maneiras de se ver o mundo
Com uma produção não equivocada, de bons sensos.

Resta que não se saiba tanto da lavoura quem nada
Faz por merecer a ciência da terra, outrora fosse
Uma cidade a nossa do merecimento alimentar!

Que vejamos a aurora da sobriedade sobre as casas
Enquanto alguns a perdem na rua, soçobrando
Como crendo na prodigalidade de outros, por vezes
Enfermos ao enfrentar desditas e preconceitos
Por ao menos quererem ser bons e argumentativos.

Que não evanesça na sombra o destino a se cumprir
No parágrafo não construído, nas sobras da feira,
No alimento que jogamos fora, nas vestes fracassadas
De um social que aflige pela ausência da sociedade…

Tirante o dez de uma nota, que déssemos a medalha
De uma honra classicamente merecedora do ufanar-se
A um tempo que não entorte a via mais lógica da sensatez.

A lavoura de uma cidade merece mais sementes e frutos
Da mesma terra em que mereçam outros silêncios
A desdizerem que o céu planta da sua água a planta
Que muitos evitaram semear, mas que na vida ainda há!

Azedumes algo convexos traduzem o sabor do alimentar
A quem se possa dizer faminto, na esteira do quem sabe
Quando se compra um uber eat na velocidade do preço.

Mas do alimento circunstancial memoriza o mesmo tempo
Sabendo-se de sua construção quase analítica no engenho
Em que o Criador tece a gênese repousando seu olhar
Sobre a manifestação cósmica, gerando as espécies de vida.

Não que a seriedade de abraçar certos assuntos nos isentasse
De uma dúvida que possa permanecer mesmo silenciosamente
Quando o que se pretende seja ao menos saciar a miséria
Com aquilo que já sabemos, do alimento, da casa e do emprego.

No senão de um interlúdio paralelo, quem sabe em alta esfera
Se pudesse alguma decisão interromper a carestia não faltante
Quando ao menos soubéramos do temor que causa a alegria.

Assim, do rico não ficar satisfeito da riqueza eminente do pobre
Quando este mostrar que na lavoura da cidade de sua vida
Verse o verso que não se pretende imiscuir do contexto aquele
Mesmo quando não aceita que o outro more no andar de cima.

A ver que o material da alimentação verte sobre o tapete
De um húmus sagrado que gera, que é adubo, que brota,
De tantos e tantos brotares nas nossas esferas não tão altas
Por saber finalmente ser uma autoridade moral apenas
Aquela criatura que se torna mais feliz vendo o outro
Na satisfação própria de algum conserto, a se dizer,
Que signifique estar a serviço de sua pátria, o mundo inteiro,
Quando este preza de se botar término na miséria humana!

Não que não faltasse alimento pela via da carne, mas a ração
Que é produzida de uma cultura única, por via de regra
Talvez encontrasse mais solução na lavoura tradicional
Onde o orgânico caminhasse junto com o holístico
No organismo cíclico da Natureza, em suas próprias safras
Onde as abelhas certamente seriam de melhor existência.

Posto o desgaste da terra desgasta o planeta, que é apenas
O único a permitir a vida que se conhece, mesmo que alguns
Tortamente olhem para o seu umbigo nos padrões de alguma luta
Quase incerta para não mudar nunca o procedimento da conduta
Que possa transferir o homem para a esfera da humanidade,
E assim poder falar de boas ideias, ausentes do vício da crítica
Entre irmãos que sejam de verdade, e não o enquadramento
Que norteie uma religião apenas, a não ser a ciência das mãos
Que fazem mais com a terra, mesmo sendo possível na igualdade
Da cidade fazer brotar de seu ventre de concreto uma planta
A dar exemplo para a terra extensa que a carne é menos que o leite!

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