A
construção de uma sociedade como vemos dentro do espectro normal já
não parece – em muitos momentos – dentro da esperada normalidade
quanto de se escolher as nuances em que se permite pensar nos
recursos que desconhecemos, e que muitas vezes não passam de
fantasia… Por horas pode um cidadão culto se debruçar sobre o que
há de novo na tecnologia, mas há que se ter em mente que cada
geração está se confrontando com realidades em que as gerações
anteriores muitas vezes não acompanham, não apenas no fator de
tecnologia e ciência como existencial, tão somente. Se você recebe
através de um documentário o fato tecnológico do reconhecimento
humano a um ponto de raio de 42 quilômetros, no aspecto da face, não
se tem a certeza de que, primeiramente, o documentário não seja
capcioso. Mais do que tudo, passa-se a pensar que estaremos em uma
sociedade totalitária onde o controle será quase total nas ruas, o
que pode até ser um pouco verdadeiro, mas a lógica disso é do
particular ao universal, e o particular tende a não alcançar o
universal, posto o particular depende da dialética individual em um
cenário de um coletivo que já subentende menor – de dois ou três
– no alcance de uma rede, em vértices sobrepostos, onde a câmera
de reconhecimento facial acaba navegar na superfície de uma máscara,
esta que subentende outros conteúdos, posto universais, versando ao
particular, eternamente, sem haver retorno factível. Mas, sim, um
progressivo desenvolver de sintonias distintas do que se imagina como
solução social ou coletiva, seja para a manutenção dos direitos
civis, ou no reconhecer compulsoriamente as diferenças.
Se
o foco do que se vê é considerado realidade, por vezes a atuação
do ser filmado pode representar um palhaço até mesmo coletivamente,
o que tornaria a atuação do ator risível, mesmo porque o atuar
como ator seria como estar bem em uma arte teatral e a revisitação
desta por meio de representações individuais ou coletivas. Não há
como descrever ou controlar a arte teatral, nem a teatralidade de
estar em consonância do registro cenográfico e da dialética
informacional que represente o ser teatralizado do ser que observa,
portanto quebrando daí um controle comportamental, haja vista as
miríades de cores únicas, o diverso das cores, e o estertor do
preconceito ou prejulgamento do que não existe, posto farsa em ambas
as intenções. Roga-se, ao menos, àqueles que estão distantes da
representação ou arte da farsa, porquanto mesmo assim arte em si,
que se portem bem, ensinando a quem vê um comportamento exemplar na
extensa comunicação que se dá ao caminhar, ao correr, ao andar de
veículos, ou no agir como um todo por entre câmeras. Reza ao
cidadão que não seja proibido o figurino, dentro de uma
conformidade não violenta, e que o lado vigilante não confunda
suspeição com comportamento rebuscado, pois é através deste que
se implementa a diferenciação entre membros da nossa espécie, do
homo ludicus, ou seja, da nova acepção do que vem a ser o
jogo saudável em termos de rua, daquilo que não deve esmorecer
enquanto liberdade, de uma teatralidade que vemos em chefes de estado
como bonecos com aceitabilidade por serem algo fantochescos e,
no entanto, por vezes secretamente nocivos, ou abertamente nocivos à
nossa espécie. O Estado como o conhecemos deve suprir a demanda da
arte e, se assim não proceder, a espécie humana tem que voltar a
reconhecer em seus novos modais a ação que mitigue crises que só
levarão a certas lutas que interessam ao establishment que porta as
ferramentas da morte, assim chamadas armas letais, que apenas servem
a interesses externos, quando os Governos não se detém ao que temos
de bom em nossos países.
Quando
Jackson Pollock estabeleceu a sua action painting, nos EUA,
certamente o público ficou atônito com o resultado, mas a
verdadeira ação foi a filmagem de sua técnica, a pintura em
relação às câmeras e o resultado foi a genialidade da descoberta…
Se há um diálogo de alguém com a câmera, se erotizamos a rua,
certamente as flores crescem mais na intenção. Mas se alguém sabe
ensinar às pequenas ou grandes autoridades algo que se tenha pra
mostrar, o hapenning vira mundial, viraliza na plataforma de uma rua,
torna-se crescente e ao mesmo tempo pontual! É uma ilusão pensar-se
que em um tipo de jogo queira-se impor um uniforme, pois a hierarquia
passa a existir onde há um exemplo: entre pais e filhos, mestres e
alunos, guarda e cidadania, arte e público, olhar, teatro e
plateia, não necessariamente obedecendo o critério algo oxidado
dessas relações, pois o mundo é cambiante e, em uma era de
incertezas, encontrar refúgio naquilo que incutem em nossas mentes
como algo opressor, torna a vida mais flexível na própria
contestação daquilo que os diversos e estanhados lados querem impor
por cartilha ou novela de massa.
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