terça-feira, 18 de junho de 2019

A ÍRIS, TORNADA LETRA


          Quem sabe que o olhar se torne mais seletivo, mais perscrutador do que aquilo que deixamos passar na vista superficial dentro de uma pupila por entre luzes… Quem sabe se ao olhar de um cidadão de bem não se carregue uma carestia de imposição: do que se não quer, do que não se almeja, nem para um rival! Que não haja a desforra quase impossível de se solucionar, posto a solução vem quase sempre da atenção de uma visão que, em seu painel solidário, contém o que se contém, e explica no repetido. O sacerdócio de estar em serviço devocional por si é razão de vida. Por si explica os mistérios que nos cercam pois, apesar de tantas equações quase eletrônicas, quase eletrostáticas da Natureza Material, saibamos que é o espírito que consegue plasmar as mudanças, as atitudes corretas e íntegras… O mesmo espírito que anima a máquina corpórea, esta mesma que maneja outras máquinas, em que os relógios aparecem como observadores lineares do que vem – no caso de progressão – a resolver certas equações, que vem consertar os cálculos, que dispõe do se tratar a matéria como algo animado com a entidade viva: do espiritual, daquilo que vemos e sentimos sempre a partir do anímico, que não reza tanto ao hedonismo, mas ao amor sincero, ao carinho e à proteção. Talvez o sentimento pátrio resida na manutenção da consciência individual, pois além de cada qual trazer em sua bagagem corpórea um código genético diferenciado, será a alma que traduzirá a pátria dos seres, ou seja, território do mundo, dos outros planetas, do cosmos, enfim, do Universo. A designação corpórea de cidade, Estado, País, silencia, nesse nível espiritual, o que vem a dar nos costados da própria ciência, esta, da realização mais plena, em que um Indiano seja igual a um americano, um africano seja igual a um chinês, e assim por diante, pois as designações das fronteiras não nos fazem sermos seres distintos, tudo com relação à universalidade espiritual. Essa aproximação nos faz lembrar da igualdade das religiões, em que cada qual possui sua crença particular, ao ser respeitada no olhar das Leis. A tolerância é uma qualidade de um real devoto, no que pese a alcunha de sermos todos crentes em algo, mesmo que em uma filosofia, ou na simplicidade acreditar em sua terra, em suas lavouras, no seu pai ou mãe, na arte, na ciência ou similares outros que não sejam propriamente anímicos.
        A verve que comanda nossos pensamentos está vinculada ao ato de uma letra, e a capacidade de comunicação verte, no entendimento de nossos iguais, fronteiras onde podemos não apenas aprender como ensinar o que sabemos da ciência da vida. A íris do olhar é nosso portão perceptivo, de quem olha como quem se enamora do olhar, de quem possui a ternura, ou no olhar duro de um trabalhador sofrido. A quem se preza, a planta possui um outro olhar, tátil, de seiva, e que um machado lhe dói, mas menos do que a um mamífero.
          Assim seguimos nossas vidas, no encontro com nós mesmos, no díspar funcionamento de nossas retinas, onde salvaguardamos o horizonte onde nos encontramos com o bom senso e a suprema importância de termos nas letras aquilo a que se pretenda um professor, ou na sabedoria de um aluno que saiba e queira aprender.

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