terça-feira, 25 de junho de 2019

O REFLEXO DA LIBERDADE



          Torna-se muitas vezes o panorama social algo tão simples mesmo, que a questão das ofensas seja mais previsível do que a aparente gama de psicologismos truncados como tentativas equivocadas em se atingir os chamados alvos. Não a que se tenha de esquadrinhar circunstâncias, mas a operacionalização desse equívoco se chama farsa do cidadão que se diz de suma importância, e que na verdade revela a fraqueza espiritual da falta do proceder cordato e educado, deixando espaço para o que se vê ao longo de suas pequenas experiências um tipo de rancor ou sentimento de ódio que o move. Tal reflexo posto na ausência da honradez se traduz em proteger os seus, mesmo em detrimento das faltas cometidas, ou dos pecadilhos usuais que fazem parte de seu modal e operativo. Disso que não façamos juízos antecipados, pois essa matéria é correnteza quase inevitável, e por vezes surge como motivações que de detalhes irrisórios se transformam em contendas quase irreprimíveis.
          De uma atitude de respeito, caso a ausência do diálogo impere sobre o circunstancial, abre-se um caminho para a contextualização instrumental, ou seja, a própria justificativa de motivações torpes sobre um andamento que poderia primar pela cidadania, chegando ao sofisma crucial à sua própria negação, onde muitas vezes a própria experiência jurídica explica uma razão que tece dentro de uma blindagem a própria existência, sendo esta logicamente fria e inconsequente.
          O que se peca em sistematizar um grande grupo, nega a influência que não exerce, ou reitera a motivação de caráter supracitado naquilo da influência societária que no término da legalidade, tenta usufruir suas posições conquistadas em termos de ganância e subjeção da verdade factual e concreta. Esse subjetivo modo de agir compromete o andamento circunstancial quando o que se vê no entorno reza a que tenhamos uma sociedade ou magistraturas que muitas vezes não impedem o derradeiro vértice da verdade quando este revela um reflexo onde residiria – por uma suposição lógica – o domínio da liberdade mais ampla, total e tamanha que gera o paradigma de não se aceitar a injustiça como modalidade crível, mas sim compreender a dimensão da verdade e sua estreita relação com a libertação das amarras em que muita gente se vê presa sem saber o valor de estar livre para coadunar com a mesma razão que dá nome à nossa espécie.
         Por sim, a conquista que ensaiemos na origem do Homo Erectus, ao menos, com seu cóxis, com a prova irrefutável de que possuíamos cauda, no mesmo momento em que a gravidade – ainda não descoberta – já era lei entre os habitantes das cavernas, quando arremessavam as lanças e abatiam suas presas. Naqueles tempos a situação era dura, assim como deve ser aquela na situação de um morador de rua, milênios e milênios depois, no segundo milênio depois que O Cristo nos ensina a perdoar, e perdoar as ofensas, nossas e do próximo, este por vezes que nunca aprendeu o caminho da Luz, da Verdade e da Vida. Pois sim, que arremeter a história idílica do Éden é substancialmente resgatar a pureza de toda uma conformação com a bondade, mas a realidade em países chauvinistas reflete que não foi a mulher assassinada nos feminicídios que tem a relação com a serpente. Então, a crença é crença, sejamos crentes, mas ensinemos nossos filhos a literatura, para ao menos terem a perspectiva de escolherem o que pensam ser melhor para seu desenvolvimento material ou espiritual. O anímico tem uma importância fundamental na existência, e a filosofia e a história não dissociam mentalmente as vítimas de nossa sociedade já posta enferma, pois o acometimento de doenças dessa ordem é muito maior do que vimos em décadas passadas.
         A liberdade para o homem das cavernas, atual, o morador de rua, o desempregado, o morador de uma favela, com seu barraco de pouca madeira, não está para outros que veem do alto de seus gigantes condomínios todo o aparato de segurança que os separa de outras liberdades. Quando se sai blindado, seja um cidadão muito rico, ou um militar em ação, a questão é para que esse tipo de conflito continuado, essa vida de se estar apenas com os seus, a cautela em sair caminhando em certas áreas, ou a dor ausente pelo sofrimento alheio… Poderia se falar na parceria existente entre um bom político e sua população, seu eleitor, mas esse quesito não merece toda a atenção, pois o que está mais de apreço é, justamente, a relação de poder que está acontecendo entre pequenos grupos, famílias em suspenso, ideias dissonantes, miríades de informação, enfim, uma Era que algum bom cientista social teria muito a escrever a respeito, pois vivemos realmente em um planeta transformado, com corações tristes, cada qual, com crises enormes, e a questão do que vem a ser a liberdade como reflexo dessas mudanças, principalmente quando nos dermos conta de que o que vem acontecendo no mundo é que países das Américas estão se tornando aos poucos um totalitarismo de teor populista, em que os mais ricos em algum setor se tornam senhores dos mais pobres, totalizando relações sobre a influência de outros, profundamente conectados, dando um exemplo de nosso país como vértice fraco nesse jogo, porquanto aos poucos vai perdendo sua territorialidade, em nome de um deus que parece não gostar muito da Natureza.
          A questão – que deve ser pontual e plena – não é mais objeto fundamental de ser-se da direita ou da esquerda, do centro, das pontas, do meio, ter conta gorda, mulher cobiçada, ser trans ou cis, estar na tecnologia ou ser um mero artífice e artesão, possuir uma ilha, ou ser violento ou não. A questão é aprender a preservar, ainda, como uma ação concreta e permanente, criar cidades realmente sustentáveis, como foi feito na China e experiências similares em outras nações, com eólia e solar, é não dar liberdade ao desmatamento, não dar liberdade à violência, ao tráfico, não pensar que a liberdade se mede pela ganância, pois o cerceamento da liberdade em nome de um mundo melhor começa a ser a única pauta realmente necessária para que a brutalidade pre apocalíptica que assola a Terra revela que a liberdade seja fumar um ópio na zona sul para andar de skate ou surfar, enquanto quem tem a droga no morro acaba por criar sua liberdade para matar, em função do desalinhamento vertical da desigualdade crônica e cruenta no mundo.

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