sexta-feira, 14 de junho de 2019

O AFETO QUE NÃO SE COMPREENDE


          Quase mecânico passa a ser nosso afeto na pressuposição da ausência de gestos maiores do que uma compreensão lenta que nos atravessa o normalíssimo, o algo do quase relatarmos a nós mesmos aquilo que pensamos inclusive ser amor. De um amor mais gratuito, se passa a não nos reconhecermos muito no peso fiel da balança: aquilo que verta, pois ao menos fazer amor com palavras não seja truque de leitores atentos aos pecadilhos… Que dos pecaminosos desconheçamos ao certo a linha tênue que nos separe da atenção que porventura grupos vulneráveis passam paulatinamente a não receber, ou a receberem cada vez mais aquela atenção mais diminuta. Esse formato do quase afeto, de olharmos com surpreendente soslaio, de coagirmos aquilo que não reconheçamos na circunscrição daqueles que se tratam por irmãos, deixando levas e levas na esfera da coisificação, de ambos os lados, seja irmão ou companheiro, versa que olhemos como parceiros aqueles que pensam realmente que o mundo possa ser melhor. Essa vida que se queira, que realmente se queira, não por distinção de méritos por escalas de serviço, mas por esforço, estudado o nível de limitação de cada qual, e um índice de recuperação potencial que emana da maturidade de nossas e nossos agentes, ou seja, aqueles que efetivamente agem para que a coisa não degringole e não denigre no caminho de intenções desmesuradamente ineficazes.
          O melhor serviço é o serviço como tal, independente de teorias conspiratórias externas, pois justamente em um local onde a prática manda como atitude ou ação, não precisamos das lentes silenciosas e algo escusas daqueles que sequer residem por aqui. Vemos numa missa um Padre que vive pela vida de seus fiéis, que tem a missão de estar junto com os seus, que efetivamente nos faz comungar, e que não repatria, pois que recebe os estrangeiros com a real generosidade de homem santo. Uma alusão do catolicismo como frente, pois é a partir desse exemplo que um cidadão pode não estar mais apto a ir ao exterior, e vive com galhardia seus momentos de sacralidade em serviço e comunhão com os seus compatriotas, com a sabedoria de tantos os sofredores que não veem mais – por experiência pessoal – o hedonismo como motivação de conduta e servem, na sua velhice, àqueles partícipes outros de bom serviço! Por isso o nacionalismo é prezado como a conduta supracitada, ou seja, aqueles que não se eximem de erro não vem à nação com seus palafréns dourados. As medalhas são importantes na história de um atleta ou uma autoridade, e por isso devem ser respeitadas, assim como um campeão de xadrez mirim valoriza a sua ciência e sua arte de jogar como um trunfo, pois em um país desenvolvido a lógica e a matemática não deixam de ser dois pilotis bem fundamentados na edificação de sua cultura. Posto quando a citamos, estamos assumindo a educação como um todo e espelhemo-nos em países como a Índia que prezam por esses dons de seu povo. O afeto por admiração do serviço em devoção, ou na qualidade de um cientista na forma de afeição pelo que este cidadão mais bem preparado fornece de insumos à sociedade passa a não ter o desgaste pífio de estarmos navegando sobre águas de prazer e desfrute, pois em uma situação sólida e concreta essas questões são dignas de admiração, não importando o grau de poder que se tenha, mas sim o grau de esforço que essa pessoa despende para se ter o mérito real de pontuar. Como uma pessoa de estatura moral por sua acrescida importância, pois isso aproxima pobres de ricos, aproxima etnias, fortalece sistemas educacionais e moralmente estabelece novos padrões para democracias mais representativas, participativas e, portanto, mais horizontais.
         É por essa razão que não deve haver egolatrias ou maneiras de idolatrar personagens históricos como sabedores de tudo, a não ser que, como no exemplo clássico de Homero, sejam homens devotados com forças sobre humanas nas diversas questões relativas à consecução de alguma realização. Deve-se refutar pensamentos pífios que apenas especulam com os poderosos modos de se perpetuarem no máximo o breve tempo em que a história acabe por esquecendo, pois Homero continua, Dante continua, Cervantes continua. Sempre... Assim como baluartes de nossa cultura, enquanto certos personagens históricos talvez sejam lembrados, mas apenas em um registro que não pesa tanto na balança, pois uma erudição é sempre importante para discernirmos a dimensão, caráter e importância daqueles que fizeram por seus atos obras titânicas, especialmente na literatura. As guerras apenas remontam eras em que a brutalidade revelara os ódios cultivados por nações que por aquelas coexistam, sejam as guerras frias ou quentes. Posto que atravessam como trens de aço por sobre o carinho, a ternura e a paz social, esta que deve ser o motivo e a razão para por fim a conflituosos interesses, externos ou não, por conveniência de países mais submissos em relação aos países mais ricos, ou de grupos que se beneficiam de sua existência.

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