Há
pequenos fragmentos de um todo que obviamente desconhecemos – posto
a cada um um conhecimento finito – que denodam a própria
solidariedade enquanto uma determinação de “sobrevivência” a
passo de um sistema de segredos. Todos os países, sem exceção,
pautam pelo resguardo de seus segredos. No entanto, internamente, em
uma sociedade em que o forte ganha do mais fraco, por vezes a
superioridade numérica ou qualitativa da informação confere uma
relação hierárquica nos processos produtivos, que podem se tornar
estanques e não dinâmicos, em se tratando de riquezas mais
concretas e grandes organizações fabris. Uma empresa onde os
funcionários compartilham técnicas, soluções e conhecimentos
certamente voa mais alto do que aquelas onde cada setor é estanque
em seu know how. Haja vista sabermos que em um país solidário
como um todo, quando todas as empresas não competem em termos de
solução, o todo produtivo tende a ser mais completo, mais
produtivo, onde a ciência pode encontrar seus caminhos em qualquer
plataforma da sociedade, encontrando boa seara sem precisar consultar
meandros e segredos quase de Estado, quando de fortes ligações com
interesses estratégicos não nacionais. A paridade de produção e o
dinamismo administrativo pode fazer com que um simples operário
possa partilhar do conhecimento mecânico de uma parte da máquina
que, em compartir com o engenheiro, este possa ampliar conhecimento
que antes não sabia, graças a uma questão de um detalhe da
vivência profissional daquele em detrimento de uma relação mais
horizontal, enquanto possibilidade produtiva. Por isso a importância
de – tal qual países com alto nível de tecnologia – saber como
funcionam os motores e aquelas máquinas que os fabricam. Uma
fresadora, e por exemplo, como se fabrica a máquina, desde os
fundamentos do aço. Obviamente é difícil para o nosso processo
histórico que tenhamos os conhecimentos necessários para se ter uma
indústria competente o suficiente para esses níveis de
compartilhamento e desenvolvimento tecnológico, mas é importante
salientar que antes de fabricar o computador estamos faltando lá
embaixo, nas siderurgias em mãos de outros. A se reafirmar que os
países que cresceram e se enquadram como “primeiro mundo”
justamente não podem citar direitos de alguém se mantiveram seus
status de donos universais do conhecimento, técnicas, processos e
independização econômica.
Tudo
bem, que a determinação possa parecer consequente, mover as pás do
moinho, mas sem boas escolas não há determinação suficiente.
Sempre cansaremos e deixaremos os dedos cansados em apertar a mesma
tecla: EDUCAÇÃO e TRABALHO. As duas coisas estão completamente
relacionadas, sendo que a primeira pode estar em qualquer lugar, e a
segunda tem que existir para todos igualmente, em uma fusão poderosa
de se pensar em sociedades onde não deve haver divisão de castas
quando aquele que estudou ou investiu pensa ser superior àquele que
trabalha honestamente, visto hoje em dia a honestidade deva ser o
fator de riqueza preponderante em sociedades onde a corrida ao lucro
escuso nunca encontrou precedentes históricos iguais, considerando
atrasos medievais em pleno novo século e milênio. Se, ao pensar que
uma fortuna duvidosa pertence a rigor a camadas inimputáveis,
estaremos estabelecendo uma estranha relação plutocrática de
poderes semelhante à manutenção do espelhamento criminoso em
classes baixas através do exemplo das elites, o que torna um embate
cruento e o estabelecimento de um Estado de cunho totalitário que
mantém diferenças quantitativas nas mãos de poucos… Fundir
benefícios a princípio majorados como bolsas de ajuda às
populações mais pobres continua um princípio importante a se
pensar a curto prazo. Segregar modais de democracias constituídas
legitimamente em solos da América Latina, por exemplo, como se não
existisse a população única e honesta e trabalhadora, faz surgirem
grupos que partilham da ideia de que todo o lucro é escuso, e que é
interessante enganar. Mais vale a honestidade como padrão e
bandeira, pois há que se calar todo aquele que é ou foi desonesto,
em todas as camadas, incluso nos poderes ampliados por prerrogativas
hierárquicas que, em vez de dar o exemplo, faz estranhos joguetes
alimentados pelos privilégios de suas posições.
Conhecimentos
pequenos são uma saída para se melhorar efetivamente o andamento de
nossa economia. Se pautarmos em sermos solidários com o colega da
escola, da fábrica, de uma vereança, na relação de um Prefeito
com sua cidade – efetivamente, sem hipocrisia em favor dos
poderosos – poderemos ver talvez esse estigma do interesse no
escuso, um tipo de game viciante, onde muitas crianças já são
influenciadas, ser colocado à prova, quando a mentalidade mudar para
uma vida de abordagem mas simples, menos gananciosa e mais decente.
Essa seria uma ética principal, ou seja, uma mudança de atitude,
conjunta, onde o novo partilhe do conhecimento do mais velho, de suas
experiências, e onde a cultura respire ventos mais favoráveis em
nossas expressões, tanto de ordem erudita, bem com na identidade e
abertura de todo o povo. Um renascimento cabal para que possamos
sair de uma diáspora em que muitos ainda não se arrependem por
terem sido a causa e seus fatores de riscos, em que pese que muitos
ainda torcem para que tudo piore no planeta, pensando serem as crises o motor das transformações: algo muda, não transforma, pois não se exclui a razão da existência de um ser.
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