quarta-feira, 1 de novembro de 2017

PEQUENOS CONHECIMENTOS SOLIDÁRIOS

          Há pequenos fragmentos de um todo que obviamente desconhecemos – posto a cada um um conhecimento finito – que denodam a própria solidariedade enquanto uma determinação de “sobrevivência” a passo de um sistema de segredos. Todos os países, sem exceção, pautam pelo resguardo de seus segredos. No entanto, internamente, em uma sociedade em que o forte ganha do mais fraco, por vezes a superioridade numérica ou qualitativa da informação confere uma relação hierárquica nos processos produtivos, que podem se tornar estanques e não dinâmicos, em se tratando de riquezas mais concretas e grandes organizações fabris. Uma empresa onde os funcionários compartilham técnicas, soluções e conhecimentos certamente voa mais alto do que aquelas onde cada setor é estanque em seu know how. Haja vista sabermos que em um país solidário como um todo, quando todas as empresas não competem em termos de solução, o todo produtivo tende a ser mais completo, mais produtivo, onde a ciência pode encontrar seus caminhos em qualquer plataforma da sociedade, encontrando boa seara sem precisar consultar meandros e segredos quase de Estado, quando de fortes ligações com interesses estratégicos não nacionais. A paridade de produção e o dinamismo administrativo pode fazer com que um simples operário possa partilhar do conhecimento mecânico de uma parte da máquina que, em compartir com o engenheiro, este possa ampliar conhecimento que antes não sabia, graças a uma questão de um detalhe da vivência profissional daquele em detrimento de uma relação mais horizontal, enquanto possibilidade produtiva. Por isso a importância de – tal qual países com alto nível de tecnologia – saber como funcionam os motores e aquelas máquinas que os fabricam. Uma fresadora, e por exemplo, como se fabrica a máquina, desde os fundamentos do aço. Obviamente é difícil para o nosso processo histórico que tenhamos os conhecimentos necessários para se ter uma indústria competente o suficiente para esses níveis de compartilhamento e desenvolvimento tecnológico, mas é importante salientar que antes de fabricar o computador estamos faltando lá embaixo, nas siderurgias em mãos de outros. A se reafirmar que os países que cresceram e se enquadram como “primeiro mundo” justamente não podem citar direitos de alguém se mantiveram seus status de donos universais do conhecimento, técnicas, processos e independização econômica.
          Tudo bem, que a determinação possa parecer consequente, mover as pás do moinho, mas sem boas escolas não há determinação suficiente. Sempre cansaremos e deixaremos os dedos cansados em apertar a mesma tecla: EDUCAÇÃO e TRABALHO. As duas coisas estão completamente relacionadas, sendo que a primeira pode estar em qualquer lugar, e a segunda tem que existir para todos igualmente, em uma fusão poderosa de se pensar em sociedades onde não deve haver divisão de castas quando aquele que estudou ou investiu pensa ser superior àquele que trabalha honestamente, visto hoje em dia a honestidade deva ser o fator de riqueza preponderante em sociedades onde a corrida ao lucro escuso nunca encontrou precedentes históricos iguais, considerando atrasos medievais em pleno novo século e milênio. Se, ao pensar que uma fortuna duvidosa pertence a rigor a camadas inimputáveis, estaremos estabelecendo uma estranha relação plutocrática de poderes semelhante à manutenção do espelhamento criminoso em classes baixas através do exemplo das elites, o que torna um embate cruento e o estabelecimento de um Estado de cunho totalitário que mantém diferenças quantitativas nas mãos de poucos… Fundir benefícios a princípio majorados como bolsas de ajuda às populações mais pobres continua um princípio importante a se pensar a curto prazo. Segregar modais de democracias constituídas legitimamente em solos da América Latina, por exemplo, como se não existisse a população única e honesta e trabalhadora, faz surgirem grupos que partilham da ideia de que todo o lucro é escuso, e que é interessante enganar. Mais vale a honestidade como padrão e bandeira, pois há que se calar todo aquele que é ou foi desonesto, em todas as camadas, incluso nos poderes ampliados por prerrogativas hierárquicas que, em vez de dar o exemplo, faz estranhos joguetes alimentados pelos privilégios de suas posições.
           Conhecimentos pequenos são uma saída para se melhorar efetivamente o andamento de nossa economia. Se pautarmos em sermos solidários com o colega da escola, da fábrica, de uma vereança, na relação de um Prefeito com sua cidade – efetivamente, sem hipocrisia em favor dos poderosos – poderemos ver talvez esse estigma do interesse no escuso, um tipo de game viciante, onde muitas crianças já são influenciadas, ser colocado à prova, quando a mentalidade mudar para uma vida de abordagem mas simples, menos gananciosa e mais decente. Essa seria uma ética principal, ou seja, uma mudança de atitude, conjunta, onde o novo partilhe do conhecimento do mais velho, de suas experiências, e onde a cultura respire ventos mais favoráveis em nossas expressões, tanto de ordem erudita, bem com na identidade e abertura de todo o povo. Um renascimento cabal para que possamos sair de uma diáspora em que muitos ainda não se arrependem por terem sido a causa e seus fatores de riscos, em que pese que muitos ainda torcem para que tudo piore no planeta, pensando serem as crises o motor das transformações: algo muda, não transforma, pois não se exclui a razão da existência de um ser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário