sexta-feira, 24 de novembro de 2017

VESTIR-SE

          Vestimo-nos agora com roupas quase imateriais, quando nos damos conta da beleza da Natureza. Seria bom, talvez, que o encontro com uma vida espiritualizada fosse partilhado com os pássaros e seres que nos acompanham sem que vejamos esse fato quando deles nos separamos por causa de nossa soberba. Não olhamos melhor para a terra, o céu e a arquitetura de nossas vidas. Pautamos por encontros virtuais, mas creiam que é na mesma Natureza de sempre que teremos as respostas para os duros dias que por vezes se apresentam: nas rochas marinhas imóveis, em um campo de lavouras, na pigmentação que o sol imprime em seus matizes, ou no movimento maravilhoso de uma formiga… Não que sejamos existencialmente uma única vertente, mas os novos meios traduzem um comportamento assaz previsível no ato reflexo em que não termos os smartphones nos levam a desconectarmos do mundo. Mas temos que observar que a conexão com o mundo não precisa passar necessariamente pelos meios eletrônicos, como são utilizados agora, onde autorias mais longas perdem espaço para o comércio ilusório dos atentos olhos que nos assistem na grande rede que abraça a “quase” todos, no modal inclusivista, e deveras imaginário, posto não ser exatamente a mensuração afetiva real, se porventura igualmente existisse esse absurdo, esse teatral caos, panegírico de nós que não mais somos como era tudo o mais, em uma questão temporal.
          Possuímos uma janela bem indiscreta com relação à vida de quase uma totalidade, nos meios eletrônicos sociais. Uma rede que murcha e infla, que faz e desfaz famas, que corre atrás dos mais cônscios, que exclui externamente os que não estão inseridos no contexto e que cria semânticas de linguagem indireta, dependentes do contexto aquele, x ou y. Se um qualquer pode dissuadir sobre a maquiagem sistêmica, isso pode ser altamente aproveitável, pois abre ou apoia outros canais de percepção e universos saudáveis porquanto críticos de comportamento individual ou em equipe. Esse anteparo filosófico faz a refração logicamente aceitável dentro de novos padrões de conhecimento e apreensão das diversas realidades que inevitavelmente fazem parte dos nossos tempos. Mais ou menos como na ótica, a ciência e seus prismas, e sua quebra para vermos melhor a luz! No momento em que democratizarmos profundamente nossas sociedades em termos de participarmos dos funcionamentos que matematicamente, ao ampliarmos esse conhecimento para muitos, temos dos sistemas a que participamos, aí sim, de forma a sabermos como funcionam as máquinas de computação, estaremos mais cônscios de como utilizarmos melhor essa grande ferramenta que possuímos muitas vezes sem saber a nossa posição real nesse processo de mudanças tecnológicas mundiais. Justamente quando soubermos da importância do papel e do lápis, da caneta e do caderno, suas transcrições e suportes computacionais, da matéria em si, seremos mais aptos para reconhecermos o ser que somos, a partir da lógica e do sentimento, e não depositando nos conflitos de interesses todos os esforços inúteis que apenas levam à regressão a existência do humanismo como ponto vital e fundamento de uma vida melhor, para todos os que habitam o mundo.

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