terça-feira, 14 de novembro de 2017

APARENTE MEMÓRIA

          Estamos todos em um imenso oceano, a que cada onda possa ser um reflexo espiritual, mas no entanto torna-se cada vez mais sólida a abordagem material do mundo, de nosso universo, de nossas atitudes perante nossos próprios e sagrados tempos. Não possuímos a memória de nossas devoções, a que um serviço, ou seja, viver feliz, repetindo como um serviço a Krsna: bhakti. Deus pode assumir o que é a qualquer um, não necessariamente em uma escritura seja o único, mas que é uno independente das escrituras… Existem os espíritos das florestas, e igualmente seja óbvio que o homem não é superior espiritualmente a um asno, ou uma vaca. Consagrarmos mais respeito ao nosso entorno nos fará ver igualmente que o atomismo divino permanece em cada partícula infinitesimal da matéria, pois Deus é onipresente, e em cada voz de nossa consciência, pois Ele é onisciente. Essas são premissas de um devoto, mas sabemos que cada cidadão tem sua liberdade de pensar o que quiser, inclusive da inexistência de um criador Supremo, já que as faculdades inerentes da ciência ensarta o conhecimento no cordão das maravilhosas engenhosidades humanas. É facultado a nós o direito, e não precisamos ser bárbaros para admitir que Roma bem o conheceu. Por uma mescla do pensamento aprofundado, igualmente pela faculdade de pensarmos filosoficamente as várias vertentes do planeta que estaremos chegando a níveis mais densos e intensos de conhecimento. As letras, as artes, o conhecimento, a técnica e nossa memória de quem somos por aqui, dentro de uma democrática idiossincrasia e dentro de nossas participações em diversos processos, desde um projeto de economia sustentável a uma profissão liberal, ou mesmo em um trabalho, desde que este seja mais merecedor do que uma exploração desenfreada, e que as formigas nos ensinem, pois são iguais em trabalho e organização, a vermos quão densa e maravilhosa é a Natureza, nossa maestrina.
           Nunca é bom estarmos litigantes com algo, pois isso pressupõe desgastes com relação a uma reivindicação que deveria estar sob uma planificação mais lógica e humana, tornando a sociedade de certo modo mais inacessível. Falemos igualmente das coisas da matéria: ela, em si, sua transformação, a necessidade de todos pelas matrizes energéticas e como dispomos destas em nossos países. Em tese, um país de grandes reservas primeiro deve atender à demanda de seu povo, para depois se preocupar com o excedente. Fechar fronteiras da nação para evitar a busca internacional dos países ricos com relação às riquezas dos mais pobres é um motivo de sermos mais patriotas com as nossas reservas minerais, da natureza e seus recursos, sem falar de nossos recursos humanos, de nossas inteligências, da arte, da cultura como um todo… Não há conteúdo mais próprio do que pensarmos que países mais ricos possuíram em seus processos de civilização riquezas que acumularam muitas vezes espoliando os mais pobres. No entanto, tiveram em suas origens fases mais rudimentares e, através de independências reais e históricas, se permitiram desenvolver pelo menos para melhorar a vida de suas populações. É um tipo de lição básica: em uma casa, os pais tratam os filhos com igualdade, dando-lhes as mesmas oportunidades, dentro dos limites de uma família responsável e saudável, dentro de um ambiente digno, mesmo com dificuldades. Esse é um pensamento nuclear, sólido, dentro da noção que temos da primeira fase da sociedade, onde os filhos, quando exemplares, muitas vezes superam os pais, ou ao menos os igualam. Surgem os direitos, surgem os deveres… A escola, a Universidade, o trabalho. Se em um país todos os seus filhos têm oportunidades iguais, direito à escola, ao alimento, ao trabalho, às artes, faz-se um país melhor no sentido de agregar riqueza de dentro para fora, com suas próprias pernas. Remeta-se a isso a questão da terra, do alimento, dos livros, da alfabetização completa, de fontes confiáveis que não faltem com a verdade e a erradicação das drogas como algo que efetivamente exclui a consciência deixando massas alienadas, no que antes muitos supõem fuga a tudo, ao sistema, ao status quo, no diálogo previsível dessa atitude ignorante que busca o escape sem saber realmente os níveis do que é real ou não dentro de nossos arcabouços sociais.
           É verdade que a televisão como nos é dada hoje aliena e joga com estruturas de poder. Raramente presta serviço que informa sobre algo, como a situação climática, as ocorrências policiais, os desmandos da ilegalidade de certas ações como políticos e empresas corruptas, etc, mas não oferece guarida a serviço de uma contestação ao que se monta no cenário social, exclui notícias, torna-se parcial, manipula opiniões e empodera falsos líderes. Seja um observador liberal ou conservador, ou ainda, de direita ou de esquerda, resta que olhemos com um olhar melhor sobre aquilo que acaba se tornando a anti-história de uma nação, posto não haver progressos substanciais a respeito do andamento de uma “família” que se desacerta…. Um homem ou uma mulher já é suficiente para ter atitudes que emanem respeito social. A diplomacia e o bom senso são os fatores que agregam valor à sociabilização humana. Esse mesmo respeito humano, extensivo – já que temos o poder de sermos mais “fortes” - aos outros seres, nos capacita, dentro do mesmo olhar de vital importância, a construirmos barreiras intransponíveis ao oceano da tirania, da desavença, da hipocrisia e da intolerância, barreiras essas que erguemos com a consciência de todos os extratos sociais, a começar por lideranças verdadeiras por índole e origens históricas. Jamais teremos líderes sem memória, construídos por interesses passageiros, por gana de poder, ou mesmo na sinistra memória que torna sinistro um quadro que o elege, sabendo-o desumano e intolerante…
          Resta que saibamos caminhar, todos, e que caminhemos observando o chão, aprendendo com a terra, sabendo do mar em sua superfície e no que é o ser marinho, e ao céu dando a reverência aos seus seres a à amplidão que nos separa das estrelas… Isso é um fruto maduro de se conhecer e aos homens e mulheres, desde muito jovens, que lhes seja aberto o leque para que saibamos quando já mais velhos que a educação vem do planeta, e as letras e imagens são frutos das nossas interpretações e, portanto, passíveis de mudanças ou mesmo melhores atualizações, sob a circunstância de melhorias na humanidade e sua relação com o mundo.

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