Dá-se
a leve e não tão leve impressão de que as sociedades se constituem
de um certo motor, um sistema, um modal operativo na retaguarda de
seus funcionamentos, de um arcabouço mecânico – até certo ponto
considerando o digital –, que seja, um tipo de máquina a que temos
que arcar com seus óleos, suas engrenagens, seus timings,
suas esferas, espaços, setores, áreas… É certo que muitos
competem com rigor no sentido de fazerem crescer créditos por vezes
a um prazo curtíssimo, de fazerem operar verdadeiras circunstâncias
nada atenuantes, onde um engole o outro, nessa estranha carnificina
ideológica, na acepção crua do preconceito de que um quando está,
está, se não confere certa aceitação é talhado de inconsequente,
de firmarem responsabilidades nas costas de quem assume as suas sem
nem sequer a solidariedade de pessoas que se dizem “companheiras”.
Um palco de virtudes, a ilusão de heróis mortos já há mais de
décadas, a memória tosca e rudimentar de rancores de tempos idos, o
que faz recrudescer uma ignorância monolítica em que sejam dados os
nomes: na direita e na esquerda, um tipo de via em que os carros
beberrões se chocam sem terem sequer noção da festa em que
estiveram há cinco anos. O discurso participativo é inócuo
porquanto despreparado, e falta a nosso país a luminar
transcendência a tudo o que é pecha de que a vida espiritual é uma
ilusão e de que a vida material igualmente é. Ou os meios termos em
que ficar rico é benção divina. Espere-se, temos que aceitar,
todos são muitos e seguimos comendo animais mortos seguindo a
cartilha do matar vacas pode e lambuzando-nos com churrasco com
cerveja e os atraques mais “sinceros” onde a carne é fraca.
Muitos de pouquíssimos se lambuzam de vinhos de ótima safra e
arenques defumados, mas está valendo tudo, pois até os MMA têm seu
lugar de bons gladiadores no painel de um cinema onde vemos a
violência mais graúda a troco do esforço desses atletas.
Precisamos
não ver tanta complexidade na totalidade dessa engrenagem. A
princípio, considerando que vivemos um tipo de realidade virtual, ou
um reality show em termos de visibilidade e aceitação de que somos
muitas vezes expostos inclusive intimamente, vejamos os filmes
produzidos comercialmente, que são os que estão pegando. Temos a
receitas: violência, sexo, drogas e horror, nos mais criteriosamente
nocivos. Isso dissecado, havemos de aprender como são realizadas as
sequências, e um estudo dessa arte é de vital importância: os
textos, os contextos, os arquétipos, os signos, as similaridades com
fragmentos históricos – na maior parte. Veremos como funciona a
indústria que convence e que finalmente acaba espelhando na mente
mais passiva, que não vê por através, o que se passa de ficção
ou realidade na sua percepção com essa espécie de olhar
“preconcebido”, ou seja: em resumo, não devemos caminhar na
direção da violência, pois temos de estar conscientes que não
devemos igualmente apoiar gente que permite que passemos a nos armar.
Talvez por estarmos obcecados em lutas agora já meio inócuas,
talvez pelo fato de nos sedarmos com alguma substância psicoativa
para uma anestesia que nos faça esquecer a semana dura, permitimos
passivamente que nos entre cabeça a dentro a própria noção de
impotência sobre como participar de alguma mudança, que não seja
torcendo a favor da violência ou cooptando nossa consciência a
favor de nossos próprios e personalíssimos golpes naqueles que são
mais ingênuos ou menos inteligentes.
As
respostas são tão dinâmicas quanto a noção do tempo ainda linear
em vários aspectos, quando estamos em um feed, por exemplo,
ou mesmo em uma questão procedural, imperativa, com comandos que
muitos aceitam sem pestanejar, a fim de fazer algo e sendo utilizado
como instrumento de utilização de dados que muitas vezes ignora
para o que servem ou qual a finalidade. Em um aspecto mais remoto, os
sinais e impulsos gera um tipo de sinapse eletrônica a que o flash é
conhecimento tão pontual quanto os fragmentos que os completem. Por
isso certos equívocos em ignorar o grande estudo aprofundado e
necessário dos tempos de alta tecnologia, onde a tecnologia da
informação é algo talvez superior à noção histórica e marxista
das relações de trabalho e capital no século retrasado, em um tipo
de razão que não encontrará mais ressonância, se dito na
cartilha, com as populações que já estudam sistemas informatizados
onde o significado e a lógica já assumiram outros níveis de
complexidade. Acabamos por enfrentar uma separação do trabalho
ainda formatado na questão da acumulação do capital com base na
exploração e setores da economia que transformam cifras em geração
de rendas astronômicas, retendo grande parte dos valores do planeta
em mãos de pouquíssimos eleitos pelos grupos astronômicos de poder
financeiro.
A
única resposta que temos é sabermos que cada ser humano deve fazer
seu próprio estudo, compartir suas experiências, estudar lógica,
matemática, e as artes que servem em momentos como estes que
enfrentamos na América Latina e do Norte, como em muitos países do
Ocidente – quando se fala da carestia cultural – um refúgio algo
secreto e necessário para que – nos contatos com materiais mais
artesanais, mais relacionados com a Natureza, possamos reverter
quadros em que o respeito e a cidadania seja o motivo em questão. Em
síntese, quando o respeito e a cidadania alcança o respeito à
Natureza e a contestação dos modais industriais de produção de
alimentos e tratamentos residuais, poderemos contestar o modo como
vimos transformando os recursos naturais em apropriações indevidas
para gerar mais e mais riquezas no planeta, e que essa corrida sobre
esses tesouros de cada continente deve saber que cada qual é o
proprietário de seus mananciais, e mais vale uma mina de ferro
desativada do que perder todo um vale com águas que já são a maior
riqueza natural, humana e de todos os seres que temos no planeta!
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