sexta-feira, 17 de novembro de 2017

SE AS RESPOSTAS FOSSEM UMA

          Dá-se a leve e não tão leve impressão de que as sociedades se constituem de um certo motor, um sistema, um modal operativo na retaguarda de seus funcionamentos, de um arcabouço mecânico – até certo ponto considerando o digital –, que seja, um tipo de máquina a que temos que arcar com seus óleos, suas engrenagens, seus timings, suas esferas, espaços, setores, áreas… É certo que muitos competem com rigor no sentido de fazerem crescer créditos por vezes a um prazo curtíssimo, de fazerem operar verdadeiras circunstâncias nada atenuantes, onde um engole o outro, nessa estranha carnificina ideológica, na acepção crua do preconceito de que um quando está, está, se não confere certa aceitação é talhado de inconsequente, de firmarem responsabilidades nas costas de quem assume as suas sem nem sequer a solidariedade de pessoas que se dizem “companheiras”. Um palco de virtudes, a ilusão de heróis mortos já há mais de décadas, a memória tosca e rudimentar de rancores de tempos idos, o que faz recrudescer uma ignorância monolítica em que sejam dados os nomes: na direita e na esquerda, um tipo de via em que os carros beberrões se chocam sem terem sequer noção da festa em que estiveram há cinco anos. O discurso participativo é inócuo porquanto despreparado, e falta a nosso país a luminar transcendência a tudo o que é pecha de que a vida espiritual é uma ilusão e de que a vida material igualmente é. Ou os meios termos em que ficar rico é benção divina. Espere-se, temos que aceitar, todos são muitos e seguimos comendo animais mortos seguindo a cartilha do matar vacas pode e lambuzando-nos com churrasco com cerveja e os atraques mais “sinceros” onde a carne é fraca. Muitos de pouquíssimos se lambuzam de vinhos de ótima safra e arenques defumados, mas está valendo tudo, pois até os MMA têm seu lugar de bons gladiadores no painel de um cinema onde vemos a violência mais graúda a troco do esforço desses atletas.
          Precisamos não ver tanta complexidade na totalidade dessa engrenagem. A princípio, considerando que vivemos um tipo de realidade virtual, ou um reality show em termos de visibilidade e aceitação de que somos muitas vezes expostos inclusive intimamente, vejamos os filmes produzidos comercialmente, que são os que estão pegando. Temos a receitas: violência, sexo, drogas e horror, nos mais criteriosamente nocivos. Isso dissecado, havemos de aprender como são realizadas as sequências, e um estudo dessa arte é de vital importância: os textos, os contextos, os arquétipos, os signos, as similaridades com fragmentos históricos – na maior parte. Veremos como funciona a indústria que convence e que finalmente acaba espelhando na mente mais passiva, que não vê por através, o que se passa de ficção ou realidade na sua percepção com essa espécie de olhar “preconcebido”, ou seja: em resumo, não devemos caminhar na direção da violência, pois temos de estar conscientes que não devemos igualmente apoiar gente que permite que passemos a nos armar. Talvez por estarmos obcecados em lutas agora já meio inócuas, talvez pelo fato de nos sedarmos com alguma substância psicoativa para uma anestesia que nos faça esquecer a semana dura, permitimos passivamente que nos entre cabeça a dentro a própria noção de impotência sobre como participar de alguma mudança, que não seja torcendo a favor da violência ou cooptando nossa consciência a favor de nossos próprios e personalíssimos golpes naqueles que são mais ingênuos ou menos inteligentes.
As respostas são tão dinâmicas quanto a noção do tempo ainda linear em vários aspectos, quando estamos em um feed, por exemplo, ou mesmo em uma questão procedural, imperativa, com comandos que muitos aceitam sem pestanejar, a fim de fazer algo e sendo utilizado como instrumento de utilização de dados que muitas vezes ignora para o que servem ou qual a finalidade. Em um aspecto mais remoto, os sinais e impulsos gera um tipo de sinapse eletrônica a que o flash é conhecimento tão pontual quanto os fragmentos que os completem. Por isso certos equívocos em ignorar o grande estudo aprofundado e necessário dos tempos de alta tecnologia, onde a tecnologia da informação é algo talvez superior à noção histórica e marxista das relações de trabalho e capital no século retrasado, em um tipo de razão que não encontrará mais ressonância, se dito na cartilha, com as populações que já estudam sistemas informatizados onde o significado e a lógica já assumiram outros níveis de complexidade. Acabamos por enfrentar uma separação do trabalho ainda formatado na questão da acumulação do capital com base na exploração e setores da economia que transformam cifras em geração de rendas astronômicas, retendo grande parte dos valores do planeta em mãos de pouquíssimos eleitos pelos grupos astronômicos de poder financeiro.
          A única resposta que temos é sabermos que cada ser humano deve fazer seu próprio estudo, compartir suas experiências, estudar lógica, matemática, e as artes que servem em momentos como estes que enfrentamos na América Latina e do Norte, como em muitos países do Ocidente – quando se fala da carestia cultural – um refúgio algo secreto e necessário para que – nos contatos com materiais mais artesanais, mais relacionados com a Natureza, possamos reverter quadros em que o respeito e a cidadania seja o motivo em questão. Em síntese, quando o respeito e a cidadania alcança o respeito à Natureza e a contestação dos modais industriais de produção de alimentos e tratamentos residuais, poderemos contestar o modo como vimos transformando os recursos naturais em apropriações indevidas para gerar mais e mais riquezas no planeta, e que essa corrida sobre esses tesouros de cada continente deve saber que cada qual é o proprietário de seus mananciais, e mais vale uma mina de ferro desativada do que perder todo um vale com águas que já são a maior riqueza natural, humana e de todos os seres que temos no planeta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário