A
periodicidade do fazer, do laborar, do criar em si não há de ser separada do
anímico, da aura que nos reveste, do sonharmos com dias melhores, mesmo quando
o ato do movimento dos braços em um balcão de padaria, por exemplo, precisos
por necessidade da mantença do emprego, ou na precisão das alavancas de um
trator ou mesmo na britadeira, devem vir no gesto, o movimento como um
dinamismo que deve ser aproveitado para organizar os objetos: antecipar a
experiência laboral. Por outro dia, igualmente, e que se levante a
possibilidade de que as sociedades compreendam de uma vez que a classe
operária, os comerciantes, os atendentes, não devem estar vinculados com coisas
absurdas para o nosso tempo como o exército industrial de reserva. Deve-se sim
saber o conceito de certas coisas nas conversas e criar debates em uma roda de
amigos, discutir em minúcias, debater onde houver oportunidade, seguindo as
trilhas de um empreendedorismo funcional de trabalhadores, quando empreender
nesse caso, alicerçados com boas representações e lideranças, seja justamente
tentar compreender a própria engrenagem dos ganhos e das perdas, da acumulação
e dos gastos, o que é investir e o que é o trabalho em si. Sem essa tomada de consciência
fica difícil de compreender o teor da consciência classista, ou a importância
dos meios de produção, a se refletir, pois que o meio da comunicação em
smartphones não chega a aprofundar muito a questão, pois uma leitura mais
linear e a compreensão de textos longos são um andamento cabal de se apreender
a realidade em um fluxo que nem sempre deve acompanhar uma razão fixa, uma
lógica predominante, mas a mescla com o anímico, o espírito, no que a estética
agradece por poder existir em letras que não sejam muito brutas. Esse lado da
estética nos pressupõe que nem sempre estaremos realmente nos realizando os
sonhos quanto de estarmos sempre envolvidos com a cinestesia digital, pois o
entorno da Natureza possui seus diálogos para uma eternidade de vermos, e a
similaridade de um painel infinito enquanto a compreensão de gestos que
poderemos aplicar em nossos afazeres: basta olharmos um pouco para o alto, ou
para abaixo, no meio termo igualmente o mediano olhar, sem termos
necessariamente que achar que a representação cromática não oculte pessoas
iguais, ou que sempre aquela defina pressupostos de situações ou
posicionamentos.
Vemos
muitas vezes um padrão, uma superfície. Dividimos uma gente absorta nos meios
digitais, atuante enquanto empreendedora, mas abastada, com capitais de
investimentos, e por outro lado gentes que não possuem mais condições de
acumular bens de capital para alçar maiores voos, quais não seja o trabalho e
algum lazer, dada a importância do trabalho possuir seu perfil anímico: saber-se
girante, gregário e solidário onde houver lacunas para tal. Como uma
competência de enxergar no colega um camarada que pode não estar na proa, nem
de capitão, mas está no barco... Essa questão de viver com um perfil de
separação entre aqueles que estão na linha de frente, trabalhando nas ruas e
outros que do lado das telecomunicações reflete uma separação quando o homem
não encontra nada mais em que depositar a sua fé que não seja a tecnologia e as
novas frentes mercadológicas, estas que repetem um passado em que em nosso
futuro estará mais trágico ainda, posto perdermos gerações pensantes ou aquelas
que deveriam estar pausando um pouco essa corrida em que a lógica dos insights
nos escraviza. Serão longos os tempos em que as nossas riquezas do planeta mudarão
suas nações realocando-as para outras? Permaneceremos sempre como padrões de
repetição das matrizes, sejam de nações ou algoritmos? Há sempre uma questão
pendente na relação de forças que emanam de solos tornados pedras, ou daqueles
que lutam por algo que não existe porquanto apenas a tirania. O totalitarismo
de qualquer modal deve ser afastado, e, no entanto, enfrentamos o pior deles
que vem com o capuz sinistro do livre mercado neoliberal que incompatibiliza a manutenção
de decência de propósitos nos governos reféns desse modelo selvático. Viramos a
plutocracia exemplar, quando autoridades acabam por se assumir pertencentes e
agentes de regimes excludentes e brutais, no modo em que despontam periodicamente,
como em pequenas e pontuais tempestades, essas cristas de galos de aço
galvanizado. Com o devido suporte repressor que apenas compatibiliza
contingentes maiores e imputa crimes contra populações vulneráveis, sem
sofrerem denúncia, pois não há espaço mais humano para tal.
Parece que corremos a um mundo
policialesco em que para que sobrevivamos temos que estar vigilantes o tempo
todo, guarnecendo a nós mesmos como se estivéssemos em guerra permanente, o
fator humano que nos tira a paz em que melhor viveremos se deixarmos para quem
zele pela segurança o seu papel, pois um homem desarmado não pode defender sua
casa, e apenas uma mudança de paradigma em que se permitisse ao povo eleger seu
máximo representante traria – ao mesmo povo – uma tranquilidade maior de ver
que está representado pelo líder de sua escolha, pois a manutenção de um estado
democrático de direito ainda está na nossa Constituição Brasileira.
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