sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A LAVRA COMO ANTECIPAÇÃO

            A periodicidade do fazer, do laborar, do criar em si não há de ser separada do anímico, da aura que nos reveste, do sonharmos com dias melhores, mesmo quando o ato do movimento dos braços em um balcão de padaria, por exemplo, precisos por necessidade da mantença do emprego, ou na precisão das alavancas de um trator ou mesmo na britadeira, devem vir no gesto, o movimento como um dinamismo que deve ser aproveitado para organizar os objetos: antecipar a experiência laboral. Por outro dia, igualmente, e que se levante a possibilidade de que as sociedades compreendam de uma vez que a classe operária, os comerciantes, os atendentes, não devem estar vinculados com coisas absurdas para o nosso tempo como o exército industrial de reserva. Deve-se sim saber o conceito de certas coisas nas conversas e criar debates em uma roda de amigos, discutir em minúcias, debater onde houver oportunidade, seguindo as trilhas de um empreendedorismo funcional de trabalhadores, quando empreender nesse caso, alicerçados com boas representações e lideranças, seja justamente tentar compreender a própria engrenagem dos ganhos e das perdas, da acumulação e dos gastos, o que é investir e o que é o trabalho em si. Sem essa tomada de consciência fica difícil de compreender o teor da consciência classista, ou a importância dos meios de produção, a se refletir, pois que o meio da comunicação em smartphones não chega a aprofundar muito a questão, pois uma leitura mais linear e a compreensão de textos longos são um andamento cabal de se apreender a realidade em um fluxo que nem sempre deve acompanhar uma razão fixa, uma lógica predominante, mas a mescla com o anímico, o espírito, no que a estética agradece por poder existir em letras que não sejam muito brutas. Esse lado da estética nos pressupõe que nem sempre estaremos realmente nos realizando os sonhos quanto de estarmos sempre envolvidos com a cinestesia digital, pois o entorno da Natureza possui seus diálogos para uma eternidade de vermos, e a similaridade de um painel infinito enquanto a compreensão de gestos que poderemos aplicar em nossos afazeres: basta olharmos um pouco para o alto, ou para abaixo, no meio termo igualmente o mediano olhar, sem termos necessariamente que achar que a representação cromática não oculte pessoas iguais, ou que sempre aquela defina pressupostos de situações ou posicionamentos.
            Vemos muitas vezes um padrão, uma superfície. Dividimos uma gente absorta nos meios digitais, atuante enquanto empreendedora, mas abastada, com capitais de investimentos, e por outro lado gentes que não possuem mais condições de acumular bens de capital para alçar maiores voos, quais não seja o trabalho e algum lazer, dada a importância do trabalho possuir seu perfil anímico: saber-se girante, gregário e solidário onde houver lacunas para tal. Como uma competência de enxergar no colega um camarada que pode não estar na proa, nem de capitão, mas está no barco... Essa questão de viver com um perfil de separação entre aqueles que estão na linha de frente, trabalhando nas ruas e outros que do lado das telecomunicações reflete uma separação quando o homem não encontra nada mais em que depositar a sua fé que não seja a tecnologia e as novas frentes mercadológicas, estas que repetem um passado em que em nosso futuro estará mais trágico ainda, posto perdermos gerações pensantes ou aquelas que deveriam estar pausando um pouco essa corrida em que a lógica dos insights nos escraviza. Serão longos os tempos em que as nossas riquezas do planeta mudarão suas nações realocando-as para outras? Permaneceremos sempre como padrões de repetição das matrizes, sejam de nações ou algoritmos? Há sempre uma questão pendente na relação de forças que emanam de solos tornados pedras, ou daqueles que lutam por algo que não existe porquanto apenas a tirania. O totalitarismo de qualquer modal deve ser afastado, e, no entanto, enfrentamos o pior deles que vem com o capuz sinistro do livre mercado neoliberal que incompatibiliza a manutenção de decência de propósitos nos governos reféns desse modelo selvático. Viramos a plutocracia exemplar, quando autoridades acabam por se assumir pertencentes e agentes de regimes excludentes e brutais, no modo em que despontam periodicamente, como em pequenas e pontuais tempestades, essas cristas de galos de aço galvanizado. Com o devido suporte repressor que apenas compatibiliza contingentes maiores e imputa crimes contra populações vulneráveis, sem sofrerem denúncia, pois não há espaço mais humano para tal.
            Parece que corremos a um mundo policialesco em que para que sobrevivamos temos que estar vigilantes o tempo todo, guarnecendo a nós mesmos como se estivéssemos em guerra permanente, o fator humano que nos tira a paz em que melhor viveremos se deixarmos para quem zele pela segurança o seu papel, pois um homem desarmado não pode defender sua casa, e apenas uma mudança de paradigma em que se permitisse ao povo eleger seu máximo representante traria – ao mesmo povo – uma tranquilidade maior de ver que está representado pelo líder de sua escolha, pois a manutenção de um estado democrático de direito ainda está na nossa Constituição Brasileira. 

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