Segue-se
um jogo de cenas fantástico, misto de farsa e de ilusão, mas
igualmente de ciência gigante, a quase alicerçarem o domínio dos
seres humanos. Não é preciso muita cátedra para podermos pensar a
respeito do que encerra no pensamento, qual não seja que o leigo
pode ser igualmente crítico e de vanguarda quiçá até mesmo por
não possuir algum preconceito acadêmico. A universidade, no
entanto, é um princípio de conhecimento que gera pensadores e
cientistas na medida em que prepara o terreno, qual não seja
exatamente o das letras, pois talvez seja este o ofício em que se
pode aventurar livremente, o ofício de escritor, por quase
necessidade, mesmo sabendo-se que não se inclui o ganho na maior
parte das vezes, posto não sermos um país de leitores mais
profundos, de termos uma massa mais crítica, de podermos alcançar
bons resultados qual não seja apenas a intelectual substância das
tentativas de ao menos levar uma mensagem, sem esperar demasiado o
feed back… O exercício mental, a exposição de ideias
sempre deve ser a razão em que se faz chegar a qualquer camada da
sociedade o acesso às linhas de pensamento que envolvem o
funcionamento das sociedades: como somos, o que queremos nos nossos
desejos, quais as mudanças que são possíveis para que se melhore o
nível cultural das humanidades e a importância da liberdade de
expressão como parâmetro cabal quando da busca pela mesma Verdade
que está na vanguarda do pensar-se e do portar-se civilizado dentro
por vezes de uma barbárie sistêmica e imposta. A afirmação de que
enfrentamos praticamente julgamentos do “outro” por vezes por
sermos da mesma vanguarda citada acima é sinal de espécies de
patrulhamentos ideológicos que tentam aplastrar na ignorância das
massas as pontas de ideários reais, ao invés da dedicação e
valoração de tentar subir a um nível mais alto o nível de
compreensão das populações, evitando-se a pauta ferruginosa de
cartilhas livrescas de antigos e já superados doutrinamentos
políticos e ideológicos, onde a lógica não deva ser a rainha de
um tabuleiro obsoleto de aberturas que estrategicamente não suportam
a contenda do jogo com inteligências maiores. Os mais velhos devem
ser escutados, com eles devemos aprender a história, mas se torna
tarefa igualmente importante sabermos do que anda essencialmente na
cabeça da juventude, da geração esta distante porquanto situada
mais coerentemente com as inovações de cunho tecnológico que lida
com uma sociedade multi sistêmica, com a Era da Informática. Uma
era que começa, nos computadores pessoais, praticamente na transição
do século XX ao XXI, em que devamos demandar esforços para que
saibamos das suas engrenagens, dos melhoramentos, e, principalmente,
do que podemos fazer ao consultar as informações que navegam com a
velocidade da luz em nossos lares, em nossas universidades e nos
displays portáteis, estes que já são acessórios cada vez mais
indispensáveis aos olhos mesmos da massa que nem sempre conhece seus
verdadeiros usos e sistema operacional. Enquanto não conseguirmos
organizar os dados e informações que nos chegam em verdadeiras
avalanches talvez sejamos seres vulneráveis a transtornos e males
mentais na velocidade pungente de um verdadeiro bombardeio em nosso
universo consciente, e sintomas decorrentes como a insônia,
incapacidade em lidar com perdas ou afetos mal construídos e a
extrema facilidade com que os filhos traçam conhecimentos que nem
sempre são confiáveis.
Pontuemos
que deve haver um diálogo mais intenso e frequente entre as gerações
mais experientes, aquelas subsequentes e sobremaneira uma educação
que permita um pensamento crítico e histórico sobre as
transformações tecnológicas ao longo de nosso passado, a ver que
igualmente a roda foi uma invenção tremendamente transformadora,
assim como o fogo, nas raízes antropológicas de nossa espécie.
Hoje, sabemos ser da tecnologia o mundo digital, mas em diversos
períodos de nossa história a tecnologia tem impulsionado não
apenas a transformação da matéria, como as relações humanas, que
vem desde a pedra lascada até a conquista espacial. É por esses
fatos que transcorreram na história de nossas humanidades que nos
situamos em uma escala evolutiva da ciência, mas não
necessariamente de melhorias sociais. À medida que são criados cada
vez mais os objetos de consumo, a complexidade de certas ferramentas,
nota-se que também cresce a ingerência da exploração do homem
contra o homem através do uso indiscriminado da própria ciência.
Muitas vezes há grandes retrocessos históricos na falta de
planejamento econômico de países em desenvolvimento, cessando este
para dar lugar a verdadeira face de um subdesenvolvimento a serviço
de potências estrangeiras. Mede-se um país em potencial pelas suas
riquezas naturais, como um exemplo pontual do petróleo, e igualmente
mede-se a condição do país frente ao domínio estrangeiro quando
suas reservas do óleo passam para as mãos do mesmo domínio. O
descaso se torna factual, e a riqueza efêmera das transações dessa
ordem – gigantescas – passam pelas garras daqueles países onde a
parte da população mais abastada tem como referência, como se
nesses países existisse a nossa copiada matriz cultural. Uma
tremenda falta de identidade brasileira deixa o nosso povo à mercê
de uma indústria cultural sem precedentes, onde a pretensa
participação atual através das redes sociais apenas transfere essa
questão para um perfil mais cosmético, fazendo-nos participar de
tremendos volumes de informação com baixa frequência, como um
rádio operativo que nada resolve, uma tese de descarte, uma linha,
um afeto de aceitabilidade, a transcrição do idioma pátrio ao zero
de uma escala sem escalas maiores.
Parece
que a cidadania em país pobre latino americano como o Brasil remonta
ao entretenimento de uma novela sem fim, não apenas no que se produz
“culturalmente” aqui dentro, mas igualmente no que recebemos de
fora, sempre a velha questão de evitarem as novas gerações de ler
com mais assiduidade, mesmo fora do escopo do estudo acadêmico, pois
justamente por vezes a leitura fora desse contexto é que leva o
estudante ao conhecimento de outras vertentes, de outras questões,
como nas gerações mais antigas se processava esse mesmo
conhecimento. Aquelas camadas da população que tiveram bom estudo,
se aprofundaram em boa literatura, que conhecem filosofia, arte,
romances históricos, geografia, etc, certamente fazem parte do escol
da cultura erudita brasileira e, portanto, da classe mais
inteligente.
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