sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O SOL É BRANDO

Nos dias que temos à frente de uma poesia pétrea
Por vezes saibamos da força de um sol silencioso
Qual brando fosse pensar na sua mesma existência
Que não nos silencie, como ao silêncio nos tornam…

A ver, que é o brando sol, quase branco, de nuvem
Que se apresenta ao lado de outras luas que surgem
No céu de infinita profundeza como a um mar
De onde escutamos a maré noturna a esperá-lo!

Sol ditame, que não cansa, que recolhe mastros
Que se oculta por detrás das tempestades e, quando retorna,
Veste o cais na brandura de suas cálidas veias
Sobre a superfície algo molhada da alfombra do madeiro.

E quando ressurge, em primavera que já não é a mesma
Vem profuso, aprofundando flores, exercendo a cidadania
De uma Natureza verdadeiramente inteligente
Posto não existir razão fora que não seja intrínseca sua ausência.

O sol algo de quartzo na corredeira, algo de rio de mantras
Aquém dos brilhos das estrelas: maior, gigante,
No modo que pensemos, ao modo que é distinto
De tantas e tantas outras naturezas humanas!

Falar do sol é como tecer um amor gigante, etéreo,
Mesmo sabendo de pequenos vermes que se revolvem
Secando em sua presença, na parecença de viverem
Em uma escuridão túrgida, úmida e turbulenta…

Aparece o sol, quanto de ser ele que fosse mais
Em que não temos certeza de sua grandeza:
Mas que a um olhar mais apurado e atento
O verso termina antes do ciclo de mais um dia.

Esse mesmo sol que alimenta o húmus do camponês,
Que verte na roupa de um andarilho o conforto do calor,
Despe o mar revelando a própria transparência
De um olhar terno e azul quando o tempo não nos reduz.

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