A
troco de sermos sinceros em um idílio de formato bem breve, a
escolha que traçamos é a pena de um giz rasgado no quadro negro, um
apagar sonante das moedas, a mensagem em si, uma paráfrase na mesma
semântica que se aproximasse do ritmo daquela mulher: Emília.
Talvez bastasse que a personagem não existisse, mas o explicar é a
fonte de alimentarmos as mensagens do mundo… Em sua juventude era
mais seletiva com amores, pois era de uma atividade grande no afeto,
e preservara incrivelmente essa qualidade na sua atual idade. Seu
mundo contemporâneo a fazia pensar de tal forma que – justo com
suas manias de cálculos e plantas – sua compreensão se dilatava
mais do que o suficiente para ser rotulada como uma mulher do seu
tempo. Mas ela não desejava que assim o fosse. Já houvera passado
por tempos outros, e o resgate desse diálogo interno a abraçava
sempre, desde ainda muito jovem: nada mudando. Mas a apuração desse
afeto mandava que fosse mais receptiva em sua cotidiana e interna
vivência, a reiterar que a vida individual, quando de uma percepção
acurada, é extremamente valiosa. Eli Heil, uma artista do Sul do
Brasil, seria um exemplo claro dessa genialidade em plasmar em seu
próprio mundo as inquietações e procuras, fazendo-se entender
maravilhosamente através da arte. Pablo Picasso, outro exemplo, como
uma antena que girasse em favor de seu virtuosismo. Fica o mundo
desses artistas, roga-se que se preservem seus legados, pois a imagem
mais realista dentro de seu angustiado onirismo da Guerra Civil
Espanhola foi Guernica, obra de gênio retratando o bombardeio alemão
sobre a Espanha, justamente no local onde vencia a resistência a
favor da República, antes da tomada do poder por Franco.
A
escolha incerta na ida e na volta de nossas dúvidas nos fazem
tropeçar por vezes, mas um artista expressa seus tropeços, rasga
suas obras quando as quer rotas, procrastina por vezes, mostrando
algo ao mundo que este não está sempre preparado para sentir e ver,
ou ler, ou mesmo escutar. Exemplos são dados para que se saiba que o
processo de mudanças reais na humanidade igualmente podem ter um
cunho político, um engajamento, com em Camus e Sartre. A mesma cunha
em que a filosofia deva existir sempre, a que chegarmos a um termo,
mas termos caminhado bastante para tal, e que essa ferramenta
duramente – através do estudo mais e mais aprofundado – nos
modele qual escultura de bom madeiro.
Qual
não seria dizer que Emília amara mais aos livros do que Oliver, seu
único amor. Mais seria dizer que Emília tivera mais prazer no
platonismo de seus amores do que propriamente na carne e suas
relações que seu companheiro tão sabiamente ensinara. De uma
necessidade pouca ao aparentar, mas que ele soubera das coisas do
prazer, enquanto doidamente Emília vertia a atenção em tantos e
tantos pares de dias aos estudos que o desgaste foi tênue e a
separação singela e concreta. Pois a ambos aconteceu de conhecerem
o mundo, a ambos foi a relação de companhia sincera quanto o que
podemos crer que seja possível das relações saudáveis, sem
venenos ou incrementos que não sejam a própria e frutificadora
vivência cotidiana entre dois adultos intelectuais ou não,
extremamente conscientes como quando ligamos a luz ao ler e
desligamos ao dormir, em que a sequência de cada parágrafo
iluminado gere mais energia, os watts de minutos na compreensão de
séculos, em que depois de desligada a luz por vezes o tato no corpo
alimente o espírito com o carinho de um prazer a ser descoberto em
cada centímetro. Isso de medidas, de tentarmos narrar o inenarrável,
parte daí a importância de coletivizar um texto para chegarmos a
ver a dimensão do ser, de sua transparência, de não nos importar o
nome, de abolirmos a propriedade sobre o “outro” justamente
porque estabelecer esse critério nos faz sermos mais fracos quanto
enfraquecemos as nossas posições como seres humanos, nosso moral,
nossa segurança em nos sabermos mais fortes quando temos total
confiança em quem nos tece a companhia…
Uma
escolha de erros seria sabermos que nada que nos alcance dentro de um
padrão coletivo seria de qualquer modo melhor ou pior do que o seu
oposto, mas pensarmos em um mundo melhorado para a maioria no mínimo
é tal fato que nos remete a uma posição como seres melhores
igualmente. Essa é uma dedução, por exemplo, que não se nos dite
apenas pensarmos em uma caridade – assaz importante no entanto –
mas na razão indispensável de criarmos oportunidades em que cada
cidadão possa ter seus filhos em boas escolas e com serviços
essenciais de primeira grandeza. No mundo torna-se fato de que todos
devem pensar desse modo, para que um que escolha comprar um livro
para seu companheiro saiba que termos acesso à cultura é condição
sine qua non para termos uma sociedade melhor, sua indústria
melhorada, melhorado o consumo, o saneamento, e os insumos
necessários para que sempre se possa pensar e aplicar na prática a
justiça social. Sem dúvida, uma boa escolha. Sem dúvida uma boa
escola seria sempre bom para todos os que a possam frequentar, e que
essa possibilidade não se arranje sem haver uma boa e saudável
democracia, onde o cidadão participe de seus atos e regulamentações.
Não
devamos pensar se quando conversamos com alguém mais vulnerável,
por exemplo, estaremos incorrendo em erro, pois isso apenas nos
revelará a dependência que urdimos de modo opresso em relação
àqueles que tem a opinião de chumbo, sufocante, posto no mundo em
que estamos a convivência entre um cidadão e outro, independente de
suas classes, são a porta para a compreensão de que a cunha nos
entalhou o espírito para que possamos empreender a mudança interna
necessária, que se refletirá nos caminhos que se abrem para a
mudança dinâmica e permanente, dentro e dentro de nossas sociedades
e, para fora, com os quesitos de as mantermos seguras.
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