Um
rescaldo da noite anterior trouxera nossa heroica mulher à tona…
Quem sabe não fosse exatamente uma noite bem anterior, quem sabe o
seu pulsar se escutasse dentro do coração, ainda que seu trabalho
como secretária da associação a trouxesse de alguns associados uma
estranheza particularmente real. Nada a ver muito, o Microsoft Word
vibrara sonante como uma CPU tremendamente veloz. A culpa fora de
Vítor que lhe trouxera do bom scotch. Vítor trouxera
notícias da Inglaterra e a derrubada sorrateira da compreensão
propriamente continental do que se tornava a Zona do Euro. Mas o
mundo não olhava mais para os problemas de muitos países, a não
ser a contemplação algo continuada e peremptoriamente paradoxal
sobre aqueles que possuíam suas milenares riquezas. Alguns Mandelas
trafegavam por todos os continentes e Zumbis apenas viam a cessação
de seus quilombos. A miserabilidade era uma pontuação indiscreta
frente ao ocaso de alguns sistemas imperiais, assim com em sua forma
de mostrar as garras nem tão precisas mais, em termos de estratégia
e operativos. De garras que firmavam falsas condutas abraçando como
ursos moles os Direitos de Cidadania, mas essas mesmas tenazes de
falso aço refletiam no universo do entretenimento páginas que
buscavam nos hormônios mais aflorados seu cunho e teor imagético,
profuso, caótico, profundamente – porém mal e incompetente –
subliminar. Não era nem daria para fugir de um desfecho trágico
quando alguém porventura mais inteligente pudesse mostrar que todo o
investimento a partir do pós-guerra na indústria do ilusionismo
finalmente – e deveras – caía por terra. Eram as notícias de
Vítor, que encontrara em Londres as façanhas de melhores pensadores
do antigo império, ou seja, de séculos imediatamente subsequentes.
Emília era brasileira, e Vítor igualmente cidadão australiano e
estadunidense: possuía dupla cidadania. Nesse Norte algo com nexo
brilhante em que as escumas de alguns protestos desorganizados e
anacrônicos podiam ter a visibilidade efêmera, algumas notícias
rugiam por seu construir perene e concreto, notícias de
circunstâncias estruturais, sistêmicas, internacionais, por vezes
quase amadoras, ou quiçá em colchas de retalhos de ter fontes de
retaguardas mais transparentes: com blindagens necessárias em seus
vidros! Em países ainda fortemente alicerçados em seus capitais e
circunstâncias febrilmente ricas, os povos já sentiam profundas
diferenças pautadas pela concentração estranha ao american way
of life. O estilo que se tornasse a cruenta dominação –
declarada, assumida – não poderia competir com o atraso de séculos
e séculos da supremacia romana em que a crueldade se oporia ao novo
e mesmo estilo, das democracias “salvacionistas” mesmas do
pós-guerra, em detrimento de certas cortinas de chumbo. Não há
como apagar sequências históricas concatenadas, momentos que se
cruzam, repetições de personas e líderes acachapados em rótulos
de controle, códigos ocultos em sistemas que tangem a dominação
como um tanque de guerra em um trigal, ou apoteóticas missões
religiosas onde o Deus do Amor vira o deus da vingança.
Surgia
em Emília um sorriso ao ver Vítor, com aquele jeans que lhe
conferia sempre a mesmice que a ela era agradável… Ele trouxera
livros e mais livros. Estava ativo, mas a temporada em que estiveram
juntos era tão agradável como o toque fraterno no que se passava
entre eles. Um olhar... Bem, estavam no sul do Brasil. Mais
precisamente em uma cidade serrana em Santa Catarina, onde as maçãs
eram o forte daquele fim de estação. A primavera prometia bons
goles de bom vinho, mesmo sabendo que para isso dependeria sempre de
um mercado um pouco maior ao menos para se encontrar um chileno.
Seria algo magistral a Vítor estar frente a um fogão a lenha, com
seu violão ao colo e a presença tão terna de Emília. Três dias
se passaram no idílio do encontro, mas tiveram que ir à Capital,
pois o recesso de Emília houvera acabado e, desde as novas notícias
que ele trouxe, verteriam no trabalho investigativo o modo de como
alicerçar uma boa repetidora para o sul, de cunho independente.
Partiriam da premissa básica alcançar bons sinais na TV aberta,
irradiando ao Brasil as conquistas de sua própria independência, e
as mudanças estruturais que se faziam em torno do mundo, como o
start da boa navegação em um display, de modo mais profissional e
seletivo, ao bom uso do que se quer real, dentro do pressuposto de se
compreender o funcionamento. Assim mesmo ao compreender-se um sistema
que seja: “Hello World”, como uma string necessária e seu valor
na variável destinada que porventura pudesse se chamar amor = x, em
que todas as letras outras do alfabeto sejam – concatenadas ou não
– estruturantes desse princípio cabal.
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