terça-feira, 20 de outubro de 2015

QUALQUER LETRA NÃO SE PASSA TANTO

            Pois em se escrever de uma letra, quem dera, se não passasse a nossa carestia em comunicar... Não se passa a letra tanto, mas que um bom exercício frente ao mar nos dá o conforto de uma vida extremamente saudável, com letras posteriores e tudo o mais, que é o que se tem por direito! Cedo, sim, acordemos em uma montaria solene, que o dia promete ser bom, apesar de uma chuvinha renitente que passa mais um pouquinho do que uma letra que não se diga, ou algo que escondemos e nunca alguém saberá, posto tímida coragem que por vezes temos... Seremos sobreviventes, ou apenas coadjuvantes da catástrofe? Pois bem, não há cavalos de tração, e hoje possuímos quem sabe um bom carro, ou uma bicicleta bem calibrada, na jornada esta dos dias. Que as peças de um quebra-cabeça nos encaixem sobre um tabuleiro de mármore, e que este no mínimo de um bom veio.
            Há tinta na Olivetti, e talvez se quisesse ser um jornalista, mas essa função já está preenchida pelos monopólios dos que aparecem, creiam-me! Mas, pois bem, algo ainda é possível, pois estes que leem podem ler por outros caminhos, e há que se ser da Natureza, mesmo quem vive na selva de pedra, pois o concreto faz parte da lavra, e escrever livremente, sem amarras do equívoco, pode ser o brotar de uma imensa planta, como Brahma no umbigo de Vishnu. Nada do que se faz de distante dista tanto como uma palavra ensaiada, planejada, corroída pelo vício da aceitabilidade. São letras vivas no entanto, e que a palavra esteja sempre assim como o próprio conceito de não conceituar o paradoxo da contra informação. Pois na carne sentimos, por um exemplo, que pelo menos as cartas a Théo, de Van Gogh, foram lidas, mas aos loucos não se lhes é dado um genoma nos trinques. Dá para rir muito desse assunto, mas que os loucos sejam loucos, é isso que esta humilde insanidade prescreve aos seus colegas de situação, assim, como, sejamos um pouco Raul Seixas. Que viva a verborragia, pois estacionamos no modernismo antropofágico, mas ninguém está a fim de comer ninguém, a não ser um contato do face. Talvez não seja necessário pensar melhor a respeito, mas ficam as letras como uma conversa informal em que não registremos tópicos, ou não castrem o poeta. Não se passa um palavra literalmente, pois o que se prescreve talvez seja a parte que não caiba em uma linguagem de convenção... Posto que seja algum conhecimento sabermos que as letras encerram histórias na própria história de suas próprias letras. Um ciclo que pode ser quase estancado quando se pensa que algo possa ser feito para calar a voz da poesia, mas é justamente nesse muro de contenção cruento que a poesia ressurge como o platô de uma verdade em sua libertação. Não é uma questão teórica, mas a própria prática de que essa mesma poesia venha como um libelo sagrado, em que seus versos carreguem a esperança mesma àqueles que não têm o recurso suficiente para conseguirem em suas vidas a luz necessária à sua própria consciência, pois esta aflora enquanto soubermos de nossa ação, igualmente consciente.
            Igualmente consciente é sabermos que nada que se aprofunde mais do que a vulgaridade inconsequente seria mais válido do que o nada em nos encontrarmos na ótica dos que são desprovidos do mínimo... Esse mínimo recebe a atenção condizente quando sabemos da importância dessa ação. A letra pousa aos olhos de um leitor que a sente como uma estação que a leremos como pano de fundo à compreensão de uma mensagem válida, que seja. Apensa isso... Será um rumo que teremos que tomar a ver por onde anda uma situação que não desmereça a voz que se encontra com o tempo. Dessas vozes que não escutamos mesmo que as procuremos, saibamos que são como caminhos em que a poesia tece suas variantes, mesmo em modo de prosa. Isso é apenas  especulação inata que leva alguns a uma razão que conhece profundamente a questão de nossa liberdade.
            Esses conceitos não passam como algo a se considerar sumamente verdadeiro, pois entendem o eu como algo a se tergiversar, e é apenas um modo de atravessar letras no caminho, em verdade que se cruzem a que se possa concretizar algum – que seja – entendimento. 

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