sábado, 17 de outubro de 2015

KRSNA E SUAS LENTES

            Seria ousadia afirmar que Deus possui suas lentes, pois para isso torna-se um observador, mas na verdade suas lentes refletem o que está fora, dentro ou em qualquer conceito que ainda não podemos conceber, visto sua onipresença e onisciência serem tão espetaculares que o cenário de nossa inteligência não permite nem aos grandes semideuses conhecer de todo. Cabe a esse conhecimento sagrado a intenção devocional de um religioso mostrar que mesmo na refulgência da Natureza todos os seres podem não estar em comunhão, como acontece nesta Era a condição humana e de outros seres que habitam o planeta Terra.
            As lentes de Krsna estão mais próximas quando nos conectamos com Ele, e esse conectar-se não precisa de tecnologias, bastando para isso uma oração devocional, a se compreender que quando Prabhupada veio ao Ocidente não teve nenhuma posição sectária em relação a qualquer culto religioso nos termos de qualquer contestação que houvesse. Veio pregar a ciência de Deus: Consciência de Krsna. Basta a conexão, o canto devocional, o chamado Kirtan, o melhor sacrifício desta Era. Quando se canta ao Cristo, estamos conectados igualmente, essa é a comunhão necessária. No entanto, devemos poupar as vacas de servirem à luxúria de nossa língua, ou seja, não devemos matar um animal para saciar o desejo dela. Se acontecer isso, estaremos incorrendo em pecado grave, pois temos todos os alimentos, tais como grãos, frutos e sementes, legumes e folhas no mundo para evitar incorrermos em violência nos matadouros por aí afora. Essa é uma postura sagrada, pois se incorremos nesse pecado, devemos saber que o karma se acentua em nossas vidas. A intoxicação com álcool, drogas ou cigarros também não é permitida em uma vida religiosa, com a austeridade seguiremos mais profundamente nessa senda. Na verdade, não há outra circunstância se queremos abandonar o ciclo de nascimentos e mortes, pois bhakti é igualmente importante: a prática do serviço devocional. Nessa senda, devemos saber que para tornarmo-nos sábios é importante o conhecimento espiritual, e a leitura do fruto maduro do conhecimento védico, o Srimad Bhagavatam, é essencial. Podemos adorar a semideuses, como Indra, Shiva, Durga, Brahma, mas para regar a raiz é necessário cultivarmos diretamente da Pessoa Suprema a fonte de nosso objetivo devocional. Meditarmos na Superalma dentro do nosso peito é o propósito salutar. Controlarmos os sentidos, praticarmos meditação, igualmente, nos capacita a conhecer Krsna na prática. Suas lentes não são como as nossas, restritas a uma superfície quadrática, mas transcendem em qualquer direção, em qualquer espaço ou dimensão, sendo possível recriarmos caminhos sagrados em nossas missões, mesmo onde há maiores dificuldades.
            É nesse sentido que atravessaremos uma Era tão conturbada e que promete ser muito difícil, pois os agenciadores da catástrofe apostam muito alto em suas ganâncias e sedes de poder, tendo a ilusão de que estão em certos paraísos, mas caminham na verdade rumo ao inferno. Há planetas muito piores do que a Terra, como Patala Loka e outros planetas infernais para onde muitos já estão entrando. Em síntese, pensar na Natureza como uma deusa que veio a ensinar o homem como se portar no mundo é crer que tudo faz parte de uma igualmente mesma Natureza, um mesmo propósito, pois mesmos aqueles que estão equivocados dentro de seu atroz egoísmo devem saber que são como pérolas ensartadas no mesmo cordão, fazem parte de uma dimensão existencial que verte sobre a superfície da ignorância a especulação dos que buscam o ódio e a desavença. Essa é a questão principal, o motivo que alicerça a hipocrisia de estarem envenenando seus companheiros de espécie com agrotóxicos, por exemplo, para alimentarem, dentro de seus ganhos ilícitos no juízo divino, seus pares com comida limpa... De criarem imensas corporações multinacionais de matadouros com intenção de viver às custas da morte de outros seres. A lei diz: não matarás, e aquele que respeita uma insignificante formiga e vê igualdade entre um seixo e uma pepita de ouro é verdadeiramente sábio.

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