Quem sabe se o sol nos olhe por
detrás de seu nascente, como o próprio olhar de sua autoridade como astro que
rege a Terra. Inquestionavelmente... Um grande fato estarmos à mercê de sua
luz, desde que nem existíssemos enquanto planeta! Isso é real como a própria
existência caudalosa dos oceanos e suas criaturas que, aliás, nas profundezas
abissais não as conhecemos todas, em que pese não conhecermos ainda o nosso
mundo em sua dinâmica e seus tempos por vezes dessincronizados. Esse tempo em
que o marcamos, distante e diferente de outros países e seus fusos de suas
longitudes... Isso é uma maravilha quando sabemos, nesta relação de tempo, esta
mesma, relativa, em que o oceano dita a sua grandeza consequente. Esse mesmo
oceano que talvez nos assuste em uma procela, mas que navega ele mesmo em seu
próprio conhecer-se, visto ser uma massa que transporta quase o mundo
inteiro... E perto do sol, mesmo que a humanidade não perceba este, seca com a
proximidade inexistente, pois nunca e jamais haverá uma translação distinta de
sempre. Mesmo quando seja o sentir da Primavera, quando os átomos revelam a
existência do Supremo, mesmo quando saibamos de uma vez por todas que o Sol é o
olhar de Krsna. Não há ocaso nesse prazer, não há gozo temporário, posto ser
certeza em harmonia com o Todo, e as estrelas revelam em seu olhar diamantino o
prazer infinito de quem as contempla. Ausente da luxúria, presente da
Natureza... Que seja ainda maior essa consonância do verbo com a imensidão,
pois é através da palavra que nos fazemos entender em qualquer critério ou
dimensão humana, levando em conta para quem tem esse pendor a importância das Escrituras,
sejam quais forem. Pelo menos é uma linha que se tece para demonstrar o
respeito necessário às religiões como um todo, não apenas as maiores, mas
igualmente como a aceitação da idolatria dita “primitiva” como reconhecimento
cultural e direito civilizatório, em nações indígenas ou quaisquer. Posto
sabermos de antemão que as crenças de que as florestas, os rios, as águas, as rochas
e todos os seres possuem espírito logicamente nos fariam respeitar melhor o
nosso entorno, o que torna a vida no planeta mais sagrada do que apenas crermos
na ciência em administrar ecossistemas.
Esperamos sempre algum sol de
primavera. No entanto, talvez pensemos ser esse o único sol de nossas
esperanças em um mundo melhor... Que se torne o mundo o nosso próprio caminho
em estabelecer a compreensão ao próximo como algo distante dos atritos, como
uma gaze que repousemos em uma ferida para que esta se cure. Como evitarmos
contendas de dentro para fora, pois não há mais a menor possibilidade de
guerras abertas ou morais neste nosso século onde a desdita já toma proporções
alarmantes. Basta aos conflitos, basta à miséria, e teremos a paz quando o
mundo tiver equacionado positivamente no sentido da construção de ser este mais
justo e solidário, no ideal do comunismo espiritual, como prega Prabhupada no
primeiro volume do Bhagavatam. Enquanto pensarmos que temos designações
materiais das quais não podemos sublimar, como a naturalidade de um país, a
cidadania inflexível, cor de pele, olhos orientais, ateísmo, judeus,
muçulmanos, católicos, ou seja, enquanto não pensarmos que estamos além dessas
designações enquanto seres, enquanto acreditarmos que não há espírito em outros
seres afora a humanidade, não estaremos agindo com a conformidade religiosa ou
mesmo filosófica, pois este é o cerne da Vida, e a primavera pode ser apenas um
sorriso em nosso olhar...
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