sábado, 31 de outubro de 2015

LINHA DO TEMPO

            No cinema, assim como nas artes plásticas, existe o tempo, ou sua linha chamada usualmente em inglês por time line. Esta linha pode ser fracionada, até chegarmos, no caso da televisão, a trinta frames por segundo, e no do cinema, vinte e quatro frames por segundo. Isso dá a ilusão do movimento e, para quem desconhece o processo dessa arte, o olho combina os frames e reconstrói o movimento... Tanto que, se houver boa nitidez, nós podemos adquirir o detalhe de um filme pela tecnologia a nós disponibilizada na informática, e seus softwares. Estes são ferramentas onde podemos editar com mais controle filmes em suas diversas funções, como uma rica metáfora onde o encontro da arte com a técnica democratiza largamente os meios onde passamos a ser atuantes, enquanto personagens ou diretores... Na atualidade da tecnologia dos filmes em 3D, conhecida há razoável tempo como computação gráfica, é largamente possível mesclar a realidade com a ficção, ou seja, mesclar filmes reais com objetos inexistentes em nosso cotidiano, como super-heróis, monstros, objetos, arquitetura, cenários, ou mesmo grandes produções como no filme Titanic, onde as pinceladas da produção simulam o naufrágio com um realismo surpreendente, em trabalho de estúdio com equipes altamente competentes.
            Na captação de imagens, filmes, etc, algumas câmeras digitais atuais possuem a flexibilização de campo, onde podemos alternar entre o padrão de lente de 35 mm  para 55 mm, que é a lente mais próxima do olhar humano, quando se aproxima mais, ou quando há uma panorâmica, mas a angulação poderia ser amplamente utilizada com princípios de robótica aplicada à estabilização de captura de cena. Obviamente é uma hipótese essa linha de pensamentos quando nada do que se propõe na realidade exista sem a necessidade de pesquisa e muito estudo, para posterior aplicação de tal ferramental a serviço da sociedade, nos seus diversos quesitos. Justo é que no estudo da computação gráfica se aprenda como, quando e porque se processa a tecnologia e todas as variantes comerciais ou não desses meios digitais. O ensino dessa tecnologia ainda é incipiente no país, mas abriria um espaço muito grande para aqueles que são ilusoriamente usuários de games que acreditam ser real apenas um simulador, quando não compreendem sua manufatura e inteligência que vai depender sempre de um start na linha do tempo – time line.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

AS VIAS DO DESTINO

            Ao nos perguntarmos o que é o destino, passamos a lembrar de um determinismo que não nos remeta, pois já está consubstanciado pela existência. Quiçá propormos que façamos de nossa vida uma quebra de fatalidades que não objetivamente temos que cumprir. É como uma guinada de aeroplano, mais seria do ser animal a mudança frequente do voo das aves. Resta sabermos  se há outras vias de nossos destinos, se podemos buscá-las talvez dentro de nós mesmos, em sendo vias, respeitando a sinalização do tráfego em sua ordem que se tenta ao menos ampliar os espaços, se isso sucede. Ao se prescrever uma limitação, pode ser que falte um discernimento maior, ou uma necessidade imperativa no respeito aos espaços cidadãos... Por isso a questão é sempre debatermos não apenas em termos de cúpula ou inteligência, ou a engenharia que nos permita, mas igualmente com a representação das camadas dos usuários de qualquer sistema que se queira implementar, principalmente se a história não alicerce ainda uma prática coletiva nesse diálogo construtivo, nesse incremento às cidades, aos campos, às aldeias, bairros e vilas.
            Por vezes, a guinada de uma ave encerra na intuição do bicho uma sabedoria precisa de movimentos em que o homem talvez houvesse de planejar muito para chegar nessa preciosidade de exatidão. Seremos bons instrumentos, mas ao abordar a questão de algum tipo de ação obviamente temos que pontuar pelo bom senso comum, preservando a individualidade enquanto conhecimento único, mas respeitando igualmente o ser coletivo ao ouvirmos das populações seus propósitos do mesmo destino em que supomos serem de nossa acepção, mas requer mais sensibilidade quando soubermos da infinita possibilidade de nosso encontro com a realidade de nosso próximo. Por vezes uma pessoa confunde motivação com destino, e isso pode encerrar equívocos muito sérios quando se confia muito no acaso e suas circunstâncias. Uma razão sincera, baseada na paz e na concórdia tece vias de conduta em que o mito do destino se quebra para erguer uma obra solidária... Isso é assaz importante quando se processa a partir de bases de entendimento e diplomacia, que vão desde a compreensão de idiossincrasias individuais até as relações entre países, onde obviamente a complexidade e a necessidade de aprofundamentos de uma inteligência logicamente atuante fazem as vias serem mais simples.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A QUEBRA DO MAR

O mar quebra suas forte no muro de rochedos, rebatendo as suas ondas
No que fora milhar delas, em que se aproxime bom tempo ao vento
Que poupe os barcos de pesca em suas profundezas de coragem do homem.

O mar leva o tempo único em suas serenas vozes de marulhos de pombos
Quando diz a versão de uma outra onda que vem a anunciar as marés.

Do mar que não se diz muito, mas que aparece sempre, na sua fecundidade
De estabilização das águas que sucedem em seu leito de salitre
Em que os peixes adormecem na aproximação de um encontro com corais.

Um barco singra, permanece, flutua inquieto, verte sua quilha na superfície
E todos sabem que trará algo a alimentar os que esperam em um farol
Em que o prumo é dado na fluente obra de ver surgir uma ilha...

Mas que a poesia não traduza quase uma molécula de rio em outro mar
Posto de merecimento que o poeta não saiba da dimensão de si mesmo
Quando apenas sabe que o mar é gigantesco frente às suas esperanças!

Mas que há de vir outros mares, fincando raízes em uma cordilheira
Que desce seu gelo para alimentar os erros da espécie humana
Quando saibamos que não podemos brincar com o fator natural...

domingo, 25 de outubro de 2015

A MOENDA DE VIDRO

Luminar é a consciência do tempo que mói nossos vértices
Em polígonos de diamantes em suas faces de mil poderes,
Ao que não separemos partes, pois em cada vale o perdão...

De ser popular a vida, a vida do povo veste-se de encantos
No encontro de paradigmas nunca antes anunciados
A que vestimos a contenda do tempo mesmo em seus tonéis.

Um vidro de cristal que mói, uma parede vitrificada
No testemunho de se ver paredes com panoramas crus
Na resposta de dizer que a verdade é a mentira que vemos.

Tonéis outros de ouros líquidos que movem máquinas
Recebem em suas próprias molas algo que não se diz mais
Por não saberem mais dizer sem o doutorado dos toupeiras...

Acaba-se por outras academias a sabermos de vidas duras
Em que não se dá nem uma casca da casca da noz
Que não seja o pétreo e metálico valor em espécie da vez!

Sabermos de ante mão o que fazemos no jardim do Éden
É no mínimo a salutar função em que na derradeira chance
Moemos as nossas chances em chancelas fechadas pelo vento.

Ao possuirmos uma razão qualquer, que saibamos que está não tem
A mínima idade em procurarmos ao menos ver o que há
Em um nascedouro de uma laje crua no correr de uma estrada.

Será fato sabermos mais do que jamais soubéramos de algo
Quando a selva se apresenta no telejornal ainda como vida
Mas como vida outra o fluxo das TIs encerram a correnteza.

É desse rio de moenda que falemos, na esquina de uma água
Que verte o cipó sobre uma corredeira, que tece alambrados
Suspensos na arquitetura de um fogo inconteste e malaio.

De solfejar promessas a poesia vive no punhal de desditas
Em que dez pode ser a promessa de uma nota no liceu
E mais um dita que vive uma artista neste espaço de Deus...

A moenda que surge concreta mói seus desafetos de pensar
Quando sabe que o pensamento se vinca em certas frontes
Mas que o teatro existe para nos resguardar a sorte: merda!

Saberemos mais do tudo que nunca houvéssemos assistido
Em que no alicerce de uma grande coluna mescla-se exemplar
O fascínio que exerce sobre todos: a grande poesia libertária!...

sábado, 24 de outubro de 2015

NÃO SE TEMA POR POESIA NÃO ANUNCIADA

            Apertar uma tecla de máquina é como ver surgirem em nossas frentes algo a se assemelhar do que não propúnhamos antes, a ver, de outras poesias ou apanhados de teor filosófico. Caros... A própria filosofia! Do que se aprende na Natureza, quem sabe, pois Platão começa em sua República a tecer critérios em que desta houve tantas e tão distantes do ideal republicano ainda é um fato dentro de uma democracia que é por direito a anuência de seus votos, a que tirar proveito de certos métodos escusos em um Estado de Direito no mínimo é atentar contra o princípio das instituições democráticas e o andamento correto destas, dentro do pressuposto não necessariamente platônico, mas pela via de nossa carta magna e um Legislativo coerente em manter alguma dignidade, que seja... Legislar é um ato, um compromisso, no mínimo em se fazer valer os altos salários: bem altos, por sinal. Não entrar em acordo com os outros Poderes e manietar a legalidade democrática é um mínimo extrapolado, uma ausência do bom senso, uma artimanha de golpear sujo o País.
            É por essa divulgação que devemos construir bases sólidas para edificar o bom senso em todo o Brasil. Uma questão de ordem e legitimação de nossa segurança em participar dos andamentos da Nação, tentarmos resolver problemas urgentes e planificar economicamente os destinos que não se resolvem em cinco anos, nem em uma década, pelo fato da ingovernabilidade pautada pela oposição, contrária aos benefícios de cunho social, como o exemplo da educação irrestrita e moradia aos necessitados.
            Parece uma ótica, mas não passa do que um contrato de um cidadão com sua Pátria... Às vezes uma poesia pode ficar triste, mas que um único verso da mesma poesia não anunciada pode sintetizar uma esperança aos que permanecem fortes através de suas virtudes e paz humanas! A mais do que escrever seria menos sucinto, pois algumas linhas bastam para definir a preferência política de um cidadão...

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

UM DIA QUE SEJA MAIS UM

Talvez faltasse um parágrafo na memória de todo um século
Quando este tenha virado uma página inteira de solos mais secos
Na aridez fecunda dos que não sabem nem ao menos germinar
As sementes de trigo que recolhemos ao pão que desejamos...

Que não se deseje, é o que querem alguns, mas o desejo há
Como uma pétala de apego que nos alicerça certas frentes
Em que o ideal é dele que melhoremos todos os dias secos
Na chuva intempestiva, fruto de desejos não satisfeitos atrás.

E a história não existe como a contamos, com livros rotos de saber
Quando é anti-história, algo como um cristal que vemos no olhar
Quando desvanece de sentido ao cair o pano de um teatro lento.

Se passa é que de lentidão nas pernas reside um átomo que diz
A mais do se dizer de antemão aquilo de que gostaríamos
Quando soubermos finalmente que um dia a mais é outro!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ARTE E OFÍCIOS

            Tudo bem, o argumento tecnológico é algo tão gigantesco que somos obrigados a estarmos conectados. No entanto, a que? Serão as conexões eletrônicas as únicas no planeta inteiro? Talvez estejamos querendo um pouco mais além disso tudo, nós que vimos a realidade por outros prismas, ou aqueles que nem sempre possuíram o daguerreótipo, ou mais propriamente, pintaram seus retratos à sua maneira: talvez de outros, onde o selfie era mais complexo, e a assinatura do pintor valia uma exposição, ou um estudar anterior na Academia Julian, em Paris... Talvez um pouco de história remonte, ao invés de se construir museus sobre a foto, seu revelador, seu interruptor, o cheiro do ácido acético, do filme na bobina; talvez a mesma história nos faça relembrar na prática antigos processos da fotografia ou mesmo relembre a transparência sutil e maravilhosa de uma veladura, coisas que também ajudam a mesma tecnologia, pois não haverá possibilidade de encontrarmo-nos com a história se não soubermos reler as origens da mesma tecnologia que antes tenha lançado alicerces essenciais às luzes de nossa compreensão histórica. Não há como tornar algum evento, mesmo minimalista, se a história vive, independente de seu tempo cronológico, pois a projeção do futuro prevê melhorias do que resgatemos do passado em direção ao presente, ao ato, à práxis. A atitude não precisa levar ao raciocínio, pois a mesma roda da história de dois anos de prática trabalhista torna mais consciente o lavor, se dois ou mais no mesmo se fizerem presentes, com outras mesclas de categorias em suas triangulações, em qualquer profissão, seja comerciante, empresário, padeiro ou em trabalhos mais introspectivos, que vão da faxina à medicina, como exemplo cabal de igualdade cidadã.
            Não se pretenda dizer que algum trabalho é superior, pois o ganho já é um rótulo sectário, e um escritor pode se tornar uma função de luzes, apenas ajudando a reconhecer caminhos... Há que se trovar, e a voz tem que ser dita sem receios, pois senão serão apenas ensaios programados de falas, e nos tornaremos mera repetição de funções técnicas no seu sentido lato de um treinamento escuso, quando depõe contra agrupamentos da coletividade que tendem a trabalhar na honestidade e sacrifícios no sistema em que vivemos, sujeito a transformações estruturais. A palavra transformação é um pouco relativa. Dir-se-ia melhor: mudanças, pois Lavoisier entenderia que um homem, expressando-se, pode ser um criador!

CORRIDA DE OBSTÁCULOS

            No quarto de um anacoreta há sinceridade por vezes... Passam-se das duas e trinta e oito, em um relógio que possuo há tantos anos que não relembro meu pulso sem ele, quem dera, ou outro qualquer. Nada do que escrevo, apesar do cerne digital, existe sem ao menos um crivo de uma razão em sobrescrever. Não haveria a menor possibilidade de sobrevivência psíquica a este amigo se não houvesse letras, onde descobrimos os dias cheios de obstáculos, mas que são apenas contendas diplomáticas, haja vista a aparência enganar em certas corridas insanas desta nossa pátria. Querem o golpe sujo como o que se apresenta nesta semana, como se o conservadorismo pudesse lançar mão, como em um carteado, de um processo de impeachment. Chega uma hora que muitos acreditam em seus ícones pensando lutar em algo, ou mesmo na manutenção de patrimônios que jamais foram ameaçados nesta era de políticas de ordem mais social, pois o Brasil foi alçado nesta história recente a uma plataforma muito importante no nível das nações do mundo, em que Dilma pode ombrear com Merkel de igual para igual, do mesmo modo com quaisquer país, em que não há definitivamente qualquer personagem da oposição com esse nível de preparo, não apenas intelectual, como de estadista que sempre foi, e é, nossa presidenta. Se há temores com relação ao povo, porque não vão os insatisfeitos para a Suíça, onde se reprime o papel de bala no chão enquanto os bancos vivem de dinheiros roubados... Voltando ao processo do fato de se escrever, creio que há muitos que não leem autores sem lauréis, ou troféus das acadêmicas universidades pelo mundo, mas que não é apenas isto: que baste ler igualmente de fontes não oficiais dentro de nossa imprensa já tão rara de decência e honestidade, quando tratamos do assunto das mídias nativas do país.
            Na verdade, quando assumimos algo, pesponta em nossa cultura o traço fundamental de uma linha, de um verso, de algo que possa ser ao mesmo tempo uma miríade de tons e uma síntese de um pensamento. Apenas, quando se fala em fonte, isso é o desejável... Como no pensar grego: um sapato protege, calça, e sua fábrica é extremamente importante, como seria importante sabermos que a China é a China hoje porque pensou nessa questão na prática, em que Mao pespontou, apenas. E virou um país da paz, enquanto o bloco ocidental não sabe mais o que fazer para continuar as guerras, quer criar novas, apoia a subversão da ordem em países da América Latina em suas diversas facetas e ignora com todos os is que qualquer país, seja africano, latino-americano, etc, deseja a sua libertação e nacionalização de suas riquezas, e ao menos uma mídia imparcial. Muitos órgãos conspiram contra este nosso continente, incluindo dando rótulos escusos aos nossos aparatos de segurança quando estes assumem seu papel de resguardar a democracia, dentro do respeito da legalidade, em uma atitude patriota no que se há de salvaguardar o cumprimento do mandato legítimo de nossa presidenta, Dilma Rousseff: nossa líder e companheira. O fato não demanda que estudemos muito, pois os que estão inseridos até o pescoço em redes sociais ignoram que há uma massa que perfaz a maioria dos trabalhadores que não fazem esse uso indiscriminado dos equipamentos digitais, e seus diversos derivativos. Ainda há tempo de jogos mais antigos: os de tabuleiros, os parques diversos, a natureza presente – pois este que voz escreve é apaixonado por ela –, uma bicicleta, um passeio, a manutenção da ordem e da paz que é o prescrito para toda a sociedade brasileira, apesar de ser uma condição sine qua non a luta pelos direitos e pela democracia plena e justa. Esse sempre foi e continua a ser um embate saudável, pois manifesta-se plenamente nas reivindicações que sempre são salutares em uma democracia mais participativa, como a nossa.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

QUALQUER LETRA NÃO SE PASSA TANTO

            Pois em se escrever de uma letra, quem dera, se não passasse a nossa carestia em comunicar... Não se passa a letra tanto, mas que um bom exercício frente ao mar nos dá o conforto de uma vida extremamente saudável, com letras posteriores e tudo o mais, que é o que se tem por direito! Cedo, sim, acordemos em uma montaria solene, que o dia promete ser bom, apesar de uma chuvinha renitente que passa mais um pouquinho do que uma letra que não se diga, ou algo que escondemos e nunca alguém saberá, posto tímida coragem que por vezes temos... Seremos sobreviventes, ou apenas coadjuvantes da catástrofe? Pois bem, não há cavalos de tração, e hoje possuímos quem sabe um bom carro, ou uma bicicleta bem calibrada, na jornada esta dos dias. Que as peças de um quebra-cabeça nos encaixem sobre um tabuleiro de mármore, e que este no mínimo de um bom veio.
            Há tinta na Olivetti, e talvez se quisesse ser um jornalista, mas essa função já está preenchida pelos monopólios dos que aparecem, creiam-me! Mas, pois bem, algo ainda é possível, pois estes que leem podem ler por outros caminhos, e há que se ser da Natureza, mesmo quem vive na selva de pedra, pois o concreto faz parte da lavra, e escrever livremente, sem amarras do equívoco, pode ser o brotar de uma imensa planta, como Brahma no umbigo de Vishnu. Nada do que se faz de distante dista tanto como uma palavra ensaiada, planejada, corroída pelo vício da aceitabilidade. São letras vivas no entanto, e que a palavra esteja sempre assim como o próprio conceito de não conceituar o paradoxo da contra informação. Pois na carne sentimos, por um exemplo, que pelo menos as cartas a Théo, de Van Gogh, foram lidas, mas aos loucos não se lhes é dado um genoma nos trinques. Dá para rir muito desse assunto, mas que os loucos sejam loucos, é isso que esta humilde insanidade prescreve aos seus colegas de situação, assim, como, sejamos um pouco Raul Seixas. Que viva a verborragia, pois estacionamos no modernismo antropofágico, mas ninguém está a fim de comer ninguém, a não ser um contato do face. Talvez não seja necessário pensar melhor a respeito, mas ficam as letras como uma conversa informal em que não registremos tópicos, ou não castrem o poeta. Não se passa um palavra literalmente, pois o que se prescreve talvez seja a parte que não caiba em uma linguagem de convenção... Posto que seja algum conhecimento sabermos que as letras encerram histórias na própria história de suas próprias letras. Um ciclo que pode ser quase estancado quando se pensa que algo possa ser feito para calar a voz da poesia, mas é justamente nesse muro de contenção cruento que a poesia ressurge como o platô de uma verdade em sua libertação. Não é uma questão teórica, mas a própria prática de que essa mesma poesia venha como um libelo sagrado, em que seus versos carreguem a esperança mesma àqueles que não têm o recurso suficiente para conseguirem em suas vidas a luz necessária à sua própria consciência, pois esta aflora enquanto soubermos de nossa ação, igualmente consciente.
            Igualmente consciente é sabermos que nada que se aprofunde mais do que a vulgaridade inconsequente seria mais válido do que o nada em nos encontrarmos na ótica dos que são desprovidos do mínimo... Esse mínimo recebe a atenção condizente quando sabemos da importância dessa ação. A letra pousa aos olhos de um leitor que a sente como uma estação que a leremos como pano de fundo à compreensão de uma mensagem válida, que seja. Apensa isso... Será um rumo que teremos que tomar a ver por onde anda uma situação que não desmereça a voz que se encontra com o tempo. Dessas vozes que não escutamos mesmo que as procuremos, saibamos que são como caminhos em que a poesia tece suas variantes, mesmo em modo de prosa. Isso é apenas  especulação inata que leva alguns a uma razão que conhece profundamente a questão de nossa liberdade.
            Esses conceitos não passam como algo a se considerar sumamente verdadeiro, pois entendem o eu como algo a se tergiversar, e é apenas um modo de atravessar letras no caminho, em verdade que se cruzem a que se possa concretizar algum – que seja – entendimento. 

sábado, 17 de outubro de 2015

KRSNA E SUAS LENTES

            Seria ousadia afirmar que Deus possui suas lentes, pois para isso torna-se um observador, mas na verdade suas lentes refletem o que está fora, dentro ou em qualquer conceito que ainda não podemos conceber, visto sua onipresença e onisciência serem tão espetaculares que o cenário de nossa inteligência não permite nem aos grandes semideuses conhecer de todo. Cabe a esse conhecimento sagrado a intenção devocional de um religioso mostrar que mesmo na refulgência da Natureza todos os seres podem não estar em comunhão, como acontece nesta Era a condição humana e de outros seres que habitam o planeta Terra.
            As lentes de Krsna estão mais próximas quando nos conectamos com Ele, e esse conectar-se não precisa de tecnologias, bastando para isso uma oração devocional, a se compreender que quando Prabhupada veio ao Ocidente não teve nenhuma posição sectária em relação a qualquer culto religioso nos termos de qualquer contestação que houvesse. Veio pregar a ciência de Deus: Consciência de Krsna. Basta a conexão, o canto devocional, o chamado Kirtan, o melhor sacrifício desta Era. Quando se canta ao Cristo, estamos conectados igualmente, essa é a comunhão necessária. No entanto, devemos poupar as vacas de servirem à luxúria de nossa língua, ou seja, não devemos matar um animal para saciar o desejo dela. Se acontecer isso, estaremos incorrendo em pecado grave, pois temos todos os alimentos, tais como grãos, frutos e sementes, legumes e folhas no mundo para evitar incorrermos em violência nos matadouros por aí afora. Essa é uma postura sagrada, pois se incorremos nesse pecado, devemos saber que o karma se acentua em nossas vidas. A intoxicação com álcool, drogas ou cigarros também não é permitida em uma vida religiosa, com a austeridade seguiremos mais profundamente nessa senda. Na verdade, não há outra circunstância se queremos abandonar o ciclo de nascimentos e mortes, pois bhakti é igualmente importante: a prática do serviço devocional. Nessa senda, devemos saber que para tornarmo-nos sábios é importante o conhecimento espiritual, e a leitura do fruto maduro do conhecimento védico, o Srimad Bhagavatam, é essencial. Podemos adorar a semideuses, como Indra, Shiva, Durga, Brahma, mas para regar a raiz é necessário cultivarmos diretamente da Pessoa Suprema a fonte de nosso objetivo devocional. Meditarmos na Superalma dentro do nosso peito é o propósito salutar. Controlarmos os sentidos, praticarmos meditação, igualmente, nos capacita a conhecer Krsna na prática. Suas lentes não são como as nossas, restritas a uma superfície quadrática, mas transcendem em qualquer direção, em qualquer espaço ou dimensão, sendo possível recriarmos caminhos sagrados em nossas missões, mesmo onde há maiores dificuldades.
            É nesse sentido que atravessaremos uma Era tão conturbada e que promete ser muito difícil, pois os agenciadores da catástrofe apostam muito alto em suas ganâncias e sedes de poder, tendo a ilusão de que estão em certos paraísos, mas caminham na verdade rumo ao inferno. Há planetas muito piores do que a Terra, como Patala Loka e outros planetas infernais para onde muitos já estão entrando. Em síntese, pensar na Natureza como uma deusa que veio a ensinar o homem como se portar no mundo é crer que tudo faz parte de uma igualmente mesma Natureza, um mesmo propósito, pois mesmos aqueles que estão equivocados dentro de seu atroz egoísmo devem saber que são como pérolas ensartadas no mesmo cordão, fazem parte de uma dimensão existencial que verte sobre a superfície da ignorância a especulação dos que buscam o ódio e a desavença. Essa é a questão principal, o motivo que alicerça a hipocrisia de estarem envenenando seus companheiros de espécie com agrotóxicos, por exemplo, para alimentarem, dentro de seus ganhos ilícitos no juízo divino, seus pares com comida limpa... De criarem imensas corporações multinacionais de matadouros com intenção de viver às custas da morte de outros seres. A lei diz: não matarás, e aquele que respeita uma insignificante formiga e vê igualdade entre um seixo e uma pepita de ouro é verdadeiramente sábio.

COMPOSIÇÃO COM NÚMEROS

Uma sala inquieta por saber de suas cadeiras respira sobre uma lona
Que em cada pé são quatro de dois vezes dois a si mesmos seremos mais.

Dos mais seremos mais um pouco, a saber, quando muitos fazem a conta.

Um ponto de dois recuado, a si mesmo perfaz o terceiro nas curvas...

Estranha geometria esta que nos assoberba o espírito contrito em ver
Que na dimensão própria de outras linguagens há um propósito de casar
O pensamento com a razão, Helena e Júlio César, Bhuda e a Aritmética.

Por tanto de outra razão, que solfejemos outro canto de primavera
Em que a Natureza dita singularidades de nossos versos ausentes...

Não é questão de termos seis tatuagens em nosso corpo de cristal,
Mas saber que o Sol nos pinte em seus prismas outras retaguardas.

Mal é saber de algo e ter certeza antes da hora, pois que o tempo
Já derrota a si mesmo quando descobrimos finalmente qual é o dia
Em que Bhrama respira, ou uma de suas noites em que Vishnu dá os ares
De uma semântica incompreensível do Quarto Veda, ao sábio Atharva
Que soletre de uma cura que não encontremos no espectro das sociedades.

Posto sermos mais ignorantes do que um asno e copularmos como cães,
A ponto de sermos distintos do que se previa na libertação solene
A própria algema que nos prende silenciosa no mundo material...

Silenciosos seremos em números, pois que contem cada sílaba, a saber,
Que é uma conta inumerável, pois na falsa modéstia do poeta oculto
Há muitos anos a mais de uma poesia pétrea e líquida como uma chuva
Que se pretende acompanhá-lo enquanto existir a Natureza Material...

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

COMPREENDENDO UM POUCO MAIS...

            Algo nos assombra o espírito por vezes quando nos assenhoreamos da virtude em conhecer seus desígnios. Por um tipo de ícone de um ser criador, há homens que possuem a necessidade da expressão, nem que o seja para deitar em terra – depois de largo pensar – a dúvida a respeito do que pode ser contestado. Por vezes este assombro é apenas um encontro com uma dura verdade que aparentemente suportemos, mas que reencontra com outras luzes no decorrer próprio de nossa história. A arte é resultado entre a ponte de um sofrer – quando há – e a expressão que o traduz e redime o artista. O artista é um ser criador, e pontuemos que o Criador é um artista sublime, pois dele o que temos de mais complexo é a criação da vida... Há muitas pessoas com limitações extensas em seu ser, em suas vidas. Haveria que se citar, como o nosso Michelangelo: o Aleijadinho, alcunhado assim, cuja história esquece de vivenciar a dimensão gigantesca de apenas um, por citar, que seja, de seus profetas, pois a lepra ainda assim os fez maravilhosos. A pedra sabão recriou-se em plasmar-se – nas mãos de um gênio – a escultura magistral.
            Haveria de ter-se uma lei que pautasse pela cidadania mais ampla do que circunscrever em rótulos os agrupamentos humanos, justamente quando a vulnerabilidade de excluídos geram preconceitos por vezes em nome da própria ciência que os rotula com suas interpretações, limitadas, parciais e equivocadas. A compreensão da dimensão do que sejamos – não enquanto ego – nos dá a plataforma a que possamos reerguer-nos a construir melhor o reconhecimento de nós mesmos. Talvez seja redundância, mas esquecemos com muita facilidade o que realmente tem conteúdo e despertamos a cada dia com o face new fashion em suas maquilagens de algo descartável como ditam que sejamos nas relações contemporâneas. Aponte-se a relação de poder em tudo e teremos um panorama cabal de como nos apresentamos perante o juízo que porventura nem possuímos de nós mesmos... Isso é reivindicar uma reforma do pensamento das civilizações, pois a ideia comparte nessa assertiva a existência necessária em qualquer nível, a se respeitar antropologicamente todas as culturas e suas variantes. Não basta uma única cidadania para todos, não basta darmos ferramentas erradas para depois insuflar o ódio nas derrotas, pois o princípio mesmo do Governo é doar-se a cada dia, e isso assusta veementemente uma oposição tão reacionária quanto a nossa. Justo, quando se fala em oposição no Brasil, chegamos a um ponto em que tudo o que ela representa é única e exclusivamente o interesse escuso, fraudulento e indecente de tentar tomar o poder. O modo que querem acionar é nevralgicamente pior do que o exemplo triste dos nossos conterrâneos continentais do Paraguai, pois querem imputar culpa naquilo que se fez em melhorias dos programas sociais. Ou seja, é uma questão de um paradoxo existencial, um nada político que os move ao pensarmos que ainda há muitos que desejam esse artifício golpista, sujo e inconsequente. Desde o início de nossa administração petista tudo o que se fez, já dentro de limites de restrições congressuais, foi dar mais ao povo, foi uma atenção muito maior do que nos governos anteriores. Tanto que a administração Luís Inácio LULA da Silva foi a mais aprovada pela população brasileira, em toda a sua história dos tempos republicanos, inclusive maior que a era Vargas. Se houvéssemos com maioria larga na Câmara e Senado durante todas as administrações petistas, creiam, já teríamos resolvido grande parte de nossas carestias sociais, como efetivamente ocorreu com massas que saíram do bolsão da miséria, graças a este Governo. No entanto, não houve maior contestação com relação às concessões da mídia, tornando-se esta muito forte, aliada com os periódicos impressos lacaios igualmente, pois manipulam a opinião sem mostrar nada que seja positivo do Governo Federal. Sempre houve pedaladas fiscais, e quanto à corrupção, apenas nesta administração da República abriu-se um cenário de investigação completa e penalização dos culpados no processo.
            Há que se manter uma linha acusatória em relação a quem deseja e participa desse golpe sujo contra a democracia da Nação Brasileira. Há que se mostrar as faces agourentas desse golpe, quem são e quais são aqueles que depõem contra o país. Já somos uma das maiores nações do mundo econômica e socialmente, e a descoberta de jazidas imensamente ricas de nosso petróleo talvez seja o verdadeiro motivo a que o nosso patriciado e nosso patronato queiram entregar nossas riquezas ao capital estrangeiro, não apenas ao imperialismo ianque bem como ao sistema financeiro internacional, que serve de bandeja de prata os seus licores coloridos de anis ao neoliberalismo cruento, que teria força redobrada em nosso continente latino-americano se derrubassem o nosso Governo Popular. Há que se resistir, companheiros, pois, como por vezes na enfermidade psíquica há alguém que de tanto ser manietado pode não voltar para um situação de estabilidade positiva, assim acontece igualmente com a saúde de um país: o que querem esses lacaios é instalar um câncer de espoliação e derrama nas entranhas do Brasil. Não podemos tolerar esse tipo de ação! 

AS CHUVAS DA PRIMAVERA

            São tantas as chuvas que não sabemos onde está o sol, e ignoramos sua presença, posto em um lugar no universo... Quem dera soubéssemos mais do sol, quem dera o fosse da água. Mas que a água não existe sem ele, e nós não existimos sem a Terra. Nossa presença é meramente espiritual, enquanto seres que estamos residindo em nossos corpos. Isso é um fato incontestável, pois assumimos vários corpos, desde nosso nascimento até o encerramento do ciclo de uma vida, que aqui neste mundo dura aproximadamente cem anos. Não há chuva fora de seu significado de existência, mas apenas prevemos o senão da Natureza quando embarcamos na sua voz suprema. E a primavera torna-se seu próprio canto, a se dizer que quando estamos aflitos devemos fazer brotar a primavera dentro de nosso ser...
            Grande seria o entendimento desse parágrafo que tanto dizemos e na verdade o mundo atual ignora como misticismo puro algo que perfaz ciência no simples fato de não podemos criar uma simples e insignificante formiga. Estas passeiam a trabalho em suas veredas de linhas e colunas dispostas, ou em superfícies onde não a encontramos e sequer as entendemos, pois mesmo que isso aconteça, só decorre do que achamos que seja mero comportamento. A Natureza nos espia em cada gota de chuva, em que nesta há bilhões de átomos, cada qual com o paramatma Supremo, em seu núcleo. Na verdade, que sejam palavras que alcancem como uma carta a que sejam pronunciadas para que trabalhemos no sentido de recriar esperanças, pois não há vida sem si própria, pois esta vem da mesma. Em um mundo de desavenças aceleradas pela ganância a desesperança torna-se evidente nas almas cruas de conhecimento. Que esta carta chegue, e isto se torna possível justamente em sabermos que mesmo na superfície da areia e seus códigos o mundo espiritual se torna possível, já que a máquina é esta mesma, feita de silício e plástico, mas que Krsna nos facilita a que coloquemos a sua parte, a sua verdade, a sua voz, dentro da devoção e do milagre do mesmo conhecimento que possuímos apenas para compartir...
            Possuímos aqui no sul uma manta de água subterrânea, que se alimenta da chuva, que faz brotar seus olhos nas florestas, e rios que espalham de seus húmus por todos os lados, o que nos faz pensar do espírito das águas, do milagre de uma primavera em que os trovões anunciam a voz de Deus. Verdadeiros sábios saberiam dizer melhor algo nesse sentido, mas muitos trabalhadores mostram em seu olhar a beleza de estarem conscientes do trabalho em que alimentam, constroem, ou participam do mundo em que estaremos mais em paz quando pensarmos mais – que seja – na ordem natural do Universo, e que seremos gigantes quando estivermos na plataforma da bondade. Pois que esta carta venha a esclarecer, através de um pingo de chuva, que este veio para germinar um trigo distante daquilo que esperamos, a comprar do pão tão maravilhosamente ofertado na vida em que teremos que crescer mais a não pensar que as lembranças do inverno em nossos corações sejam dissipadas ao descobrirmos que as estações sempre estiveram presentes em nossas vidas e nunca estaremos sozinhos se pensarmos que o próprio sol ou, na ausência aparente deste, a chuva, também são nossos companheiros!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

VERDADE EM SEU OCASO RARO

            Nem tão raro é o ocaso da Verdade, mas que esta sem si mesma tem no destino a cumprir um raro ocaso, uma situação em que não acreditamos mais em algo que não seja o nosso olhar apenas para nós mesmos... Esse egoísmo falso, ou mesmo sua tradução literal como simplificação, o ego falso, nos acompanha tão visivelmente absorto em Maya, justo em época que a deusa Kali participa intensamente dos destinos do mundo em sua Era... Kali tem força, e Durga torna-se seu espelhamento nesse duro embate espiritual onde o ser humano sequer sabe da dimensão de um devoto, pois os caminhos da religião no planeta são multifários, e quem aderna neste barco pode se perder, quando tem em vista esse ponto. Se tanto, companheiros de jornada, não há fracassos quando deixamos registrados nossos desejos, nem que o sejam como tatuagens que encontremos nos braços expatriados da mãe África, pois também é de América nosso dizer de pátria... Todo esse volume de terra que se pronuncia em qualquer lugar, a mostrar ao homem e suas manias de grandeza que não passamos de seres inquietos sobre uma superfície tênue que, comparada ao volume mesmo do mundo, dista a compreensão que sejamos donos deste... Apenas através de mudanças na estrutura cabal de nossos aprofundamentos culturais é que resguardaremos a paz para todos os seres que nele habitam. Não é permanecermos no ocaso de crítica mais verdadeira que evitaremos a derrocada de nossos esteios éticos e humanísticos, pois torna-se premente revisitarmos conceitos que sejam mais próprios, nem que o sejam de receitas mais antigas, a começar por movimentos de ordem das hortas comunitárias, como grande exemplo de atuação como pressuposto alternativo e via de outro modal econômico e relativo entre as gentes.
            Nas cidades, o fazer consciente se torna premente, pois que um operário saiba como lidar com o seu trabalho e amplie a sua consciência enquanto trabalho como qualquer outro, que este ergue efetivamente as colunas do entendimento fabril. Tudo remonta a um sonho de ver que em uma casa construída para o povo mais necessitado galga-se uma plataforma de mudança estrutural efetiva nas intenções verdadeiramente mais humana de um Governo. Este é um dos modais positivos e incontestáveis do que presumimos perante a própria ética das civilizações o significado de abrigar – através dos subsídios vitais – as famílias que possuem carências profundas de ordem material. Torna-se presente o testemunho constante e verdadeiro daqueles governos que se preocupam com essa carência, e é através dessas conquistas que mesmo a mídia e seus afamados fantoches jamais poderão ocultar da memória coletiva e individual de toda uma população, seja no Ocidente, com seus travos históricos recorrentes, ou no mundo Oriental, de onde seu pensamento revolucionário mostra as páginas de sua grandeza e conquistas sociais.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O MAR E O SER

O mar é ser enquanto respira quando as ondas abraçam as rochas
E quando estas retraem, na vazante, como um respirar sereno em tempo,
Ou no resfolegar intenso de uma ressaca, onde vemos o pleno manifesto.

Se houve da plenitude na existência nossa enquanto igualmente seres
Faz-se saber que a própria circunstância do tempo incandescente narra
As vésperas do que o mar trazia quando de seus reflexos sobre a areia.

O mar que seja ser, enquanto é simplesmente, ou mesmo em lutas de aves
Que disputam os peixes inquietos enquanto navegamos sobre os lençóis.

O mar torna-se sereno quando há o respeito merecido dos homens sobre ele,
E nem o mais exímio nadador pode cruzar a imensa fronteira inexistente.

De mar que se saiba, ao Mar do Norte, ao Cabo das Tormentas, estreitos
Que fossem em Gibraltar ou em outras equações para bons navegantes,
Serão os mesmos oceanos que vemos em uma pequena baía na orla serena...

Perto apenas seríamos algo a nos tornarmos ícones de nossa natureza,
Mas que mesmo esta o sabe das dimensões incontestáveis da amplidão.

Apenas saibamos um tanto a se saber mais um pouco, que do banhar-se
Nas águas de um mar de corais a face de uma mulher nos olha na paz.

A mesma paz que nos contenha, e que é mantida no verter literário,
Em uma página não escrita no próprio rumorejar de uma onda perdida
Ao que distemos das incertezas em acharmos que a espécie humana cede
Quando não se perdoa na intempérie de seus próprios erros em que outros
Passam por nossas vidas quais turbulências marinhas em que a Terra
Encerra em si mesma o pressuposto do próprio oceano no dizer do seu sal...

domingo, 11 de outubro de 2015

A ARTE NÃO MORRE

            A arte reside onde menos esperamos, nas filigranas das culturas, nos acervos – mesmo digitais –, na contraposição e resistência em relação às imposições de conceitos dito contemporâneos, no líquido do óleo e terebintina e em antigos suportes que não sejam estes midiáticos que a querem derrubar. Um rabisco é um pensamento expresso, uma linha de vernáculo pode ser um discurso atemporal, um gesto de uma caneta bic pode colocar em xeque, através da compreensão da lógica, a arquitetura de um sistema, pois o conhecimento das artes e entre elas a própria arquitetura pode contestar mitos e fazermos quebrar imposições por vezes ocultas através da abertura de entendimento da própria arte como ferramenta de conhecimento...
            Os meios se suplantam, e foi no surgimento do computador que surgiu a democratização dos mesmos meios que criam a arte utilitária: o design, a arquitetura, a arte visual encerrada nas dimensões dos pixels, haja vista, sem a textura do pincel, sem o brilho das tintas, sem a vivacidade da exposição no suporte mais tradicional e inquebrantável, que ainda é e sempre será o papel, as telas, o quadro. A compreensão dos mesmos meios tradicionais de uma geração ainda atuante e que tenha necessariamente se aprofundado na arte mais tradicional, que tenha compreendido o modernismo, o surgimento do impressionismo como quebra da ilusão naturalista, mas que tenha igualmente percebido a necessidade da arte como expressão máxima do ser humano como aproximação vital da própria natureza e engenho humano, dita que saibamos orientar as novas gerações. Quem nasce sob a acepção da realidade virtual, quem tem apenas contato da relação visual com o mundo dito da arte através dos computadores e seus derivados, vai limitar-se a ser cada vez mais confundido pelos meios facilmente mais manipuladores do mesmo sistema global que tentam compreender. O fenômeno da imagética torna sensível o ponto nevrálgico em que a ilusão de uma tecnologia sem precedentes faça os seres humanos crerem que a ciência pode criar um ser, ou que o próprio computador pensa como um ser, no que dista a realidade dessa circunstância, corroborado pelo fato vital que um computador pensa menos que uma barata, enquanto ser que inexiste, pois não possui alma, diferentemente do inseto. Com base nessa lógica é que devemos compreender a tecnologia e que as suas informações e captações não passam de um sintetismo de fluxos que adquirem a própria frieza da areia de sílica, matéria bruta da qual surgiu.
            Quem quer ver que se leia corretamente, e saberá nas entrelinhas da natureza que estar mais sintonizado com esta seja uma lei derradeira da compreensão do que é a ferramenta osso do filme 2001, Uma Odisseia no Espaço, e a espaçonave em seu salto. Resta saber que precisamos compreender o osso para depois tomarmos ciência de quem sabe construir uma espaçonave, e que a água que procuramos em outros planetas pode ser a revitalização da arte na Terra para que possamos revitalizar as nossas culturas, em uma contradição necessária a que paremos para pensar o que temos concretamente até então. Seremos sempre carne enquanto carne, e pó depois dela. Nossas vestimentas... Deixamos um legado que deva ser escrito por nossas mãos, e a literatura se mantém de pé e flexível como um gigantesco maço de bambus... Por falar nisso, na arquitetura do bambu, seus encaixes, seus copos, suas estruturas, existe mais conhecimento do que em muitos troncos computacionais de extremas complexidades, pois não devemos descartar que tudo o que é programado no ordenador passa pela organicidade do zero e um, do negativo, do positivo, e nada mais, com suas infinitas mas finitas combinações, pois para chegar a um aplicativo, por exemplo, estanca-se o ciclo produtivo. Voltando à arte da arquitetura, aliada a compreensão das letras, mostra-se o viés de nossas culturas que a arte subsiste tremendamente nas mesmas letras. Mas o uso indiscriminado das redes sociais remete a um subliminar fragmentário do pensamento em vibrações curtas de frequência e a exposição e aumento deliberado do falso ego. Um exemplo cabal é que, na verdade, a associação das letras: kkkkkkkkk, encerra um nada e ao mesmo tempo um feed back, ou, melhor dizendo no nosso idioma, uma resposta positiva. Será tão positiva assim? Ou não será, falando aos olhos do vidro que nos olha, apenas o recrudescimento da ilusão e uma perda de tempo, em que não programar o toque no cabelo de uma mulher ou de um homem seria quiçá mais vantajoso em termos de ternura sincera?
            Cabe a nós refletir sobre o tema, mas recorre, em termos gerais, que a arte e principalmente o retorno ao artesanato como base fundamental dos alicerces culturais e antropológicos de nossas culturas, são extremamente importantes, e sua existência, e compreensão, sua releitura consciente no fazer artístico, o exercício de lógicas outras que não sejam apenas a cartesiana, a compreensão da existência geométrica na Natureza para aprofundar a percepção do espaço e o sentido humanitário da divulgação solidária entre nações e culturas e o aprofundamento em se compartir conhecimento, seja de qualquer natureza e, finalmente, a criação e preservação de todos os nossos patrimônios, tornam-se condições a que passemos às gerações de nossos filhos a simples consciência de que podemos criar com um pedaço de tijolo um rabisco no muro, nem que seja de um quintal como o que temos em casa, ainda à disposição da expressão fundamental. 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

DO PENSAR, DO DISTANTE

Ao pensar que diste uma certeza, na medida em que a conclusão conclua
Uma linha de voz na frente a um conteúdo em um ato não digitalizado...

Dista sempre o não sabermos de tudo, no que passa é que nada saberemos
Quando passarmos a perceber a miríade de ondas na superfície do mantra
Que segue com importância cabal, mas que em diversas culturas
Pode ser apenas o escutar da pronunciada chuva em seu gotejar solene
Que escutamos em uma antiga calha de palmeira, ou mesmo no metal
Em que vemos hoje tão pronunciado – como superfície de lata – a ver
Que o gotejar pode ser de outra água, talvez mais sulfurosa, posto que
Já não temos mais a certeza se a grande cidade comporta água limpa...

Pensamos distantemente dos fatos, mas que compramos a água que a chuva
Traduz para nós qual sêmen de Deus, que tudo fertiliza, a tudo alimenta.

Já que estaremos digitalizando a própria Verdade, seria pretensão
Do poeta pensar que sete letras fossem o infinito em que os pixels
Não e jamais abraçarão em sua dimensão diminuta os seus limites.

Não há matéria que defina mais o olhar da percepção natural, seja homem
Ou qualquer espécie: se é que podemos chamar assim quem compartilha
Do mesmo modo o que chamam de habitats, e que os homens recriam únicos
Para seu próprio prazer, ao verem que a tristeza do pinguim e do leão
É fruto apenas de um habitat humano em que o homem o destrói ad eternum!

Para a segurança do planeta, ousemos filmar o que queimam, mesmo que
Certos mentores da destruição paguem preços altos para que se apaguem
Os filmes que tecem testemunhos do que para alguns é ganância e poder,
Enquanto para outros é espera silenciosa e passiva a ver tudo acabado.

Que ainda seja tempo de se dá-lo ao mesmo, já que entendemos que a selva
Começa onde a descobrimos, e o inferno está onde fizeram-na sumir...

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O ALQUIMISTA OURIVES

            Havia um homem, chamado Ademar, que possuía um ofício muito raro em sua aldeia; não que fosse importante citar o lugar, mas pode ser em qualquer continente. Era um homem solitário, mas amava qualquer volume, qualquer aresta, qualquer bicho, ou qualquer ser humano, pois tudo o sabia com isenção necessária. Não se considerava um produto da mítica das teles e recusava qualquer fama, em qualquer circunstância... Gostava das palavras algo um tanto tardio, mas nelas ancorava sua existência, seu grande navio, e quando as punha e as mexia zarpava, flutuava, navegando! Algo de soberbo lhe inflamava o imo, e vertia dessas raízes profundas que vicejavam seu espírito.
            Este homem não alimentava esperanças vãs, mas construía consciências como um ourives burila sua joia. Nas mais ermas, conseguia não impor suas ideias, mas vivenciar e compartir a história possível de cada ser. Seus fantasmas internos eram seus companheiros, e sabia deles como quem sabe das sombras de uma solidão de luz... Sua formação era alquímica e havia química em seu processo, pois navegava entre os seus como um igual e sua missão seria grandiosa, e o era sempre, pois não desistia de viver pensando como um adulto: comunitariamente. Era o seu foco, era o seu estar enquanto vertia na própria joia de uma consciência de trevas a luz necessária da experiência de seus próprios sofrimentos, suas penitências, seus sacrifícios, pelos que houvera inevitavelmente passado, mas que os resguardava como seu tesouro e patrimônio de sua existência enquanto Homem. Não havia método, apenas vivenciava as palavras que tocavam alegremente, como um dever cumprido em um prazer gigante o que lhe bastaria no seu próprio mundo, esse mesmo mundo que por vezes esquecemos que existe.
            Assistia alguns filmes quando de seus hábitos, pois sua aldeia era contemporânea do hoje, e seu local sabia do mar e sabia do concreto, e suas palavras sabiam da distância e da separação, bem como da união e da Verdade... Em seu mundo, não havia como não sofrer ao ver um próximo em dificuldades, mas possuía acuidade de guerreiro para perpetuar o sentimento que lhe aflorava a se construir caminhos onde se fizessem necessários, mas por vezes seus limites eram abraçados apenas por um olhar...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

UM QUARTO OCULTO DE SI MESMO

            Era uma quinta-feira. Despertei às dez para as cinco, conforme o relógio de pulso digital que nunca tirava de meu braço, nem para dormir. Era um dia a mim de chuva contínua, fraca, mas que incomodava para quem caminhava naquele bairro de orlas do mar... Um escape condigno, à apreciação contemplativa das rochas e suas aves. Comi algo e, quase na mesma hora de sempre, fui ao mar, teci exercícios de pernas e cerzi o alhear-se dentro de minhas supostas limitações, pois já contava com sessenta primaveras duras. A arte era a minha vida, mas não encontrava mais tempo em que nela aquela coubesse, a não ser em rabiscos rápidos e fragmentados e anotações de textos quase indeléveis para mim, e efêmeros para um irrisório leitor, de outros quaisquer. Por esse caminho da arte me parecia que andava por um foco, e a expressão escrita era a consonância desse mesmo focar-se em algo, pois havia para mim ter sido longa a vereda da pintura e agora me faltava a prata para comprar bons materiais, visto agora tê-la mais no entendimento digital, como as imagens em seu todo nos novos tempos de roupagens antigas como sombras que desprezamos no sol inclemente. Por estranho que parecesse, a arte se tornava um papel esboçado, e as palavras expressas um punhado de equações estatísticas, como um mapeamento de não encontrar-se, mas que as folhas que balançavam na árvore de minha fé supunham aproveitáveis para algo como acréscimo, uma tentativa de positividade... Dylan por tantas vezes em sua música falara dos ventos nas folhas, e eu apenas queria entender mais o assunto, como um sioux perdido na floresta de concreto!
            Quando, depois de alguns exercício de um tai chi personalizado, voltava para o meu quarto, encontrava a companhia de uma pintura, um telefonema dado em um dia anterior, um panorama de uma história que havia esquecido de escrever, tantos os amigos que eu não possuía e que jamais procuravam saber se ao menos eu vivia, mas que talvez vissem por outros cantos apenas mais um pássaro que se encontra no pano de fundo de um selfie. Eu gostava de meu quarto oculto de mim mesmo, mas que se tornava um lugar rico de existência, por onde sempre pensava a relação da liberdade com os espaços. Se me era concedido o direito cidadão, eu via a real dimensão desse contexto e desejava que todos compreendessem a importância disso em um mundo como o nosso, em um século como o nosso, nas relações entre seres que ao menos se pretendessem, como as nossas.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

AS LINHAS DO PENSAR

Quem dera o pensar fosse sereno como o cantar de um pombo
Em seus arrulhos do encontro, no serenar de seu voo por sob umbrais
Ou mesmo nos penedos de seus próprios contentamentos...

E o que pensamos, nada nos dirá como, se não pensamos apenas
Pois que o sentir e tudo é a vida em si, e nunca seremos máquinas
A partir do pressuposto de que o cérebro seja melhor do que as mãos.

As linhas que se cruzem, por vezes por abaixo em paralelas de espaço
A que não se cruzem fisicamente, mas que se toquem no bom senso
Em pensarmos que o melhor seja realmente a paz dessa equação...

Vivemos por vezes a mil, vertemos ações onde menos pensamos,
Do que por alguma razão imaginamos algo onde não existe nada
E criamos por existir um sólido e salutar pensamento.

Mas que pensar não seja a única coisa, pois sentir da Natureza
De outras coisas é crer que talvez em uma obra do espírito
Reside e preside a navegação sincera de nossas atitudes.

Seria vasta a linha de um pensamento único, mas não se encontraria
Sequer com outra no infinito das linhas de diferentes direções
Posto não ser mais do que uma ótica em que apenas olha o olho.

A ciência nos dá razões e certezas, mas se finda em si mesma
No que não encontramos, e quando pensamos que já estamos certos
A dúvida que aquela encerra termina com a hipótese de outro ressentimento.

Pensemos que pensamos, e pensar nunca é tarde quando temos
Uma veia qualquer de estudo, nem que o seja ao sabermos de um prumo
Em que alinhamos um tijolo e vamos prosseguindo aos de obra.

Voltemos à serenidade, quando soubermos que uma tempestade
Alimenta a bobina de vento, roda as pás do moinho, verte à hélice
A presunção de navegarmos no fascínio de um mar revolto!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O SOL DA PRIMAVERA

            Quem sabe se o sol nos olhe por detrás de seu nascente, como o próprio olhar de sua autoridade como astro que rege a Terra. Inquestionavelmente... Um grande fato estarmos à mercê de sua luz, desde que nem existíssemos enquanto planeta! Isso é real como a própria existência caudalosa dos oceanos e suas criaturas que, aliás, nas profundezas abissais não as conhecemos todas, em que pese não conhecermos ainda o nosso mundo em sua dinâmica e seus tempos por vezes dessincronizados. Esse tempo em que o marcamos, distante e diferente de outros países e seus fusos de suas longitudes... Isso é uma maravilha quando sabemos, nesta relação de tempo, esta mesma, relativa, em que o oceano dita a sua grandeza consequente. Esse mesmo oceano que talvez nos assuste em uma procela, mas que navega ele mesmo em seu próprio conhecer-se, visto ser uma massa que transporta quase o mundo inteiro... E perto do sol, mesmo que a humanidade não perceba este, seca com a proximidade inexistente, pois nunca e jamais haverá uma translação distinta de sempre. Mesmo quando seja o sentir da Primavera, quando os átomos revelam a existência do Supremo, mesmo quando saibamos de uma vez por todas que o Sol é o olhar de Krsna. Não há ocaso nesse prazer, não há gozo temporário, posto ser certeza em harmonia com o Todo, e as estrelas revelam em seu olhar diamantino o prazer infinito de quem as contempla. Ausente da luxúria, presente da Natureza... Que seja ainda maior essa consonância do verbo com a imensidão, pois é através da palavra que nos fazemos entender em qualquer critério ou dimensão humana, levando em conta para quem tem esse pendor a importância das Escrituras, sejam quais forem. Pelo menos é uma linha que se tece para demonstrar o respeito necessário às religiões como um todo, não apenas as maiores, mas igualmente como a aceitação da idolatria dita “primitiva” como reconhecimento cultural e direito civilizatório, em nações indígenas ou quaisquer. Posto sabermos de antemão que as crenças de que as florestas, os rios, as águas, as rochas e todos os seres possuem espírito logicamente nos fariam respeitar melhor o nosso entorno, o que torna a vida no planeta mais sagrada do que apenas crermos na ciência em administrar ecossistemas.
            Esperamos sempre algum sol de primavera. No entanto, talvez pensemos ser esse o único sol de nossas esperanças em um mundo melhor... Que se torne o mundo o nosso próprio caminho em estabelecer a compreensão ao próximo como algo distante dos atritos, como uma gaze que repousemos em uma ferida para que esta se cure. Como evitarmos contendas de dentro para fora, pois não há mais a menor possibilidade de guerras abertas ou morais neste nosso século onde a desdita já toma proporções alarmantes. Basta aos conflitos, basta à miséria, e teremos a paz quando o mundo tiver equacionado positivamente no sentido da construção de ser este mais justo e solidário, no ideal do comunismo espiritual, como prega Prabhupada no primeiro volume do Bhagavatam. Enquanto pensarmos que temos designações materiais das quais não podemos sublimar, como a naturalidade de um país, a cidadania inflexível, cor de pele, olhos orientais, ateísmo, judeus, muçulmanos, católicos, ou seja, enquanto não pensarmos que estamos além dessas designações enquanto seres, enquanto acreditarmos que não há espírito em outros seres afora a humanidade, não estaremos agindo com a conformidade religiosa ou mesmo filosófica, pois este é o cerne da Vida, e a primavera pode ser apenas um sorriso em nosso olhar...

domingo, 4 de outubro de 2015

POR VEZES DISTA O PARAMATMA

            O que dizer, se um leigo nessas questões das religiões orientais versa algo como se fora uma breve carta a que se escute um mantra, de se falar o mínimo para a própria compreensão? Não basta talvez que saiba – como religioso – que o Paramatma é o aspecto onipresente de Krsna, talvez como o Espírito Santo o É em outra religião. Mas essa separação entre crenças torna-se confusa para muitos, que creem apenas em seus nomes e seus ritos, ou em seus livros sagrados. A aproximação entre o pensamento oriental e o ocidental a mim sempre tornou-me a vida fascinante, justo por ter escolhido o Vaishnavismo como plataforma filosófica e espiritual de meu ser. Creio que o mesmo Paramatma, que é o Ser Supremo que temos dentro de nós, me indique as boas referências para a minha senda espiritual, e no entanto me faz ciente igualmente das questões da matéria, em que estaria sendo hipócrita se afirmasse que essas mesmas questões não me fascinam... Pois que seja, mesmo no materialismo, que alcancemos a plataforma da bondade, pois isso irmana no viés de qualquer proceder, e se for de luta, que lutamos por ela. Como se dá? Simplesmente no bom portar-se, na reivindicação por melhores e mais humanos dias, naquilo de nos sabermos menos egoístas e mais solidários.
            O Paramatma pode ser algo que não conheçamos, como efetivamente o é para muitos, de se falar um termo em sânscrito. Mas consideremos que há um Deus, um Criador, ou mesmo uma linha de filosofia onde encontremos nos reflexos de alguma referência algo de se prover da bondade em nosso espírito, pois não é semeando a violência e nem se preparando para contendas que alguns dentro de sua ignorância creem inevitáveis que faremos deste um mundo melhor. Seja a contenda de fundo religioso ou qualquer outro. Esse é o caminho para a Paz, esse é o troco que daremos a quem nos insuflar o ódio, a intriga, a inveja, a ira e a cobiça, entre tantos outros pecadilhos altamente convenientes para quem fabrica as armas: uma questão mais antiga e no entanto recorrente se queremos aplastar interesses escusos, negociatas nefastas e contendas de ordem sectária ou quaisquer que vierem.
            Se para alguns dista o espírito da Paz, saibamos que este existe, em todos os níveis, e que acreditar que estejamos no Juízo Final é apenas fazer o jogo daqueles que não encontram a salvação dentro de suas atitudes, resguardados os méritos da intenção religiosa e presumindo a inocência dos povos que sofrem pelo egotismo e ganância desenfreados.

sábado, 3 de outubro de 2015

A CLARA COR DA ÁGUA

Água que forma, que corre em manancial, alimento da Terra
Que sai e brota como olho e diamante supino de força,
Que gere tudo e desprezamos sua existência no gole de guerras...

Água que circunscreve fronteiras, que transporta, que verte
Por vezes de Shiva o caudaloso Ganges, e em Netuno
O oceano de navegadores que redescobrem o planeta.

Água que és tantas que não encontramos seu codinome
Nem que o seja no respirar de um peixe perto da pétala de um coral
Ou no que disse o Cristo ao olhar de suas flores as vestes dos lírios!

Pois que és tudo e todos, e bendizemos que existas sempre,
Agora tesouro e patrimônio, sempre solapado e boicotado
Pelas sujeiras de uma espécie em franca involução...

Que saias de teus propósitos, agora que és força da Natureza
E se mostra inquieta dentro de seus reflexos e rebeldias
No que despe de catástrofes as suas próprias defesas.

Que a água tem cor serena quando respeitada, cor de verde água,
Ou as cores da paz azul, mas que nas tempestades sem cor
Se vê as cores turvas de suas forças reticentes do poder.

Nem sempre és água, posto terra também e assim o somos
Dentro da vestimenta da matéria, e que sejamos igualmente espíritos
A compreender que sem ti padecemos todos os nossos erros!

O vento soletra teus planos, quando cais como chuva nos quadrantes
E erguemos muralhas para conter-te, e desabam montanhas
Em cima dos mesmos lençóis que conseguimos deturpar...

És guarani no sul, seara seca no norte, és precioso no continente mãe
Em que sabemos que torcem mais pelos diamantes do que na vida
Do que muitos que deram sua vida solapada no sangue da escravidão.

És pungente em seus planos, geras energia, fracassas os sonhos do nadador,
Afundas embarcações titânicas, usam-te como veia de batalhas
E ainda assim o homem crê ser teu dono como no descarte de um ás de ouros...

Sabemos da água onde existes, que tomam por liderar a corrida
Por onde houver-te, já há planos dos países ricos em te mapear
Por onde existas que sejas nas mãos que crispam seus dedos de abutres.

Mal sabem que em Marte não há mais da água da Terra, em que paraísos
Só existem na profecia gasta de um fundamentalismo cíclico
Em que este mesmo barco em que estamos haverá por navegar muito mais.

És motivo de desavenças, és de uma hipocrisia em que te criam
Recriando os falsetes de poderes em que te anunciam
Ao que se moram melhor quando defronte a si existe uma praia linda!

Basta, que já mostraste a tua cor clara e sutil a quem te respeita
Como elemento vasto e permanente e que não se falte
Se por descasos administrativos se falta a quem não lhe soube valer...