sábado, 12 de outubro de 2019

UM VERÃO JAMAIS VISTO


Tece a sombra de um carvalho moreno que trasfega e passa
Com pernas de ébano expatriado, na mesma latitude opressa
A que não se quer, que ponto de desejo fora, não haveria como
Transudar poros de reticências na palavra jamais dita antes…

Não que se seja muito, não se é de quase tanto, mas apenas
Uma estação de trem que não existe, um ônibus que atrasou,
Um repente mal pronunciado em sua sequência de grande folclore!

Será o verão mais sério do que a enfermidade patibular de uma voz
Que por vezes urge reclamar de um tempo mais árido, sem ser bem
Aquilo do desejo de quase continuidade, naquele cascalho à beira-mar.

São tantos os mundos aparentes, tantas as pernas que giram, que voltam
A algo que um tempo selado revele a tessitura de um amálgama de ouro
Sobre um chapéu de sol, sobre um vento morno que ajeita os dias
Na passagem destes em torno de um si mesmo que remonte ao menos.

Gira, gira o sol e sua temperatura, de escalar que fosse em primavera
A revelar um sorriso pelo brilho dos dentes de cristal moreno
Em que uma negra ressalte a mesma beleza da primavera no vestido da flor!

Assim de ser-se um pouco mais, assim de sentir-se o suficiente do bastar
Se nos dite o tempo da estação que chega sem avisar a todos os que esperam
Na velocidade em que a dita flor primaveril aponte aos seus os seus quadrantes…

Navega o barco com o timão de perfeito rumo, a saber-se que alguém soube
Que há passagens por onde os pássaros resguardam seus fôlegos para onde
Bate na rocha e intempérie de uma chuva que – renitente – não se dá os ares.

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