Não
importa tanto se estamos conectados com o mundo inteiro, quando se perde por
vezes a nossa conexão com algo maior. Não seja de se fazer análise porquanto
alguém se arrogue estar em um modo absoluto, certo, sem o que se dizer do que
se possa exercer uma crítica... Mas quando vemos a enfermidade anímica de
muitos, incluso os que estão com situações privilegiadas em termos materiais, o
ganho em si não é necessariamente sintoma de realização. Quem dera pudéssemos
acreditar que não há nada além do plano material, mas isso logicamente é um
pensar unilateral, quando quer justificar o estar bem com uma situação de
serviços disponíveis, ou da contraparte de se lutar contra as religiões. O ano
foi 1965, aquele ano em que aportava no Ocidente Prabhupada, com todos os seus
livros, sabendo corretamente o idioma inglês que lhe abriria as fronteiras de
suas inúmeras e posteriores traduções, e algumas rúpias no bolso. Um ano sobremaneira
importante para um caminho que se abria em direção a uma consciência que vinha
para aflorar, em um mundo materialista e consumista em excesso, a bênção de
travarmos contato com um grande mahatma em pleno século vinte.
A questão
da religião passa por uma etapa de encontro com a realidade, com o suposto ato
de crítica, a fundamentação filosófica, isenta de uma postura vinculada
necessariamente com o poder. O poder já é a consciência de cada qual, e Krsna,
Deus, sabe que aquele que leva a vida simples com o pensamento elevado se eleva
qual uma graduação, em que o hedonismo não tece muitas flores nesse campo, pois
das flores eternas e transcendentais já se lhe dá a austeridade e a regulação dos
sentidos estes como parelhas de cavalos inquietos no mundo contemporâneo, onde
já estamos enfrentando o início da era do ferro (Kaliyuga). Há que se controlar
os sentidos inquietos, há de se ter uma vida mais contemplativa, sabendo que em
uma pequena folha de capim está a igualdade dos seres, sejam eles insetos,
bestas ou homens. Obviamente a forma de vida humana é que delibera no mundo,
tece, constrói, desfaz irresponsavelmente, ou toma boas e humanas atitudes com
relação ao planeta, mas a ciência transcendental revela que não somos apenas um
planeta no universo, e que sequer somos o corpo, pois a nossa verdadeira
identidade é espiritual. Por esse fato lógico é que a ciência transcendental
não possui fronteiras, nem no planeta nem no Cosmos. A se tratar das fronteiras,
como dizer que somos brasileiros, americanos, indianos ou franceses, se mais e
mais – como uma estranha contradição – as comunicações, em se tratando das
veias materiais, se tornam mais unas, mais cooperativas, mais prementes na
aproximação, onde uma tragédia em menos de um segundo já possui seu registro e
divulgação em torno do mundo? Se geneticamente não há diferença substancial em
nossa espécie, e que um homem e um cão possuem genes muito parecidos, assim com
todos os mamíferos?
Urge uma aproximação
com a Ciência Espiritual, como temática que vá além do disposto aparentemente
sem solução dos dilemas que o extremo materialismo vem implantando por todos os
lados, onde a tecnologia possa nos auxiliar nessa tomada de consciência, da
tolerância, do humanismo e do respeito ao planeta, na profética era de luz que
pregou Chaitanya Mahaprabhu há poucos séculos atrás, em virtude de seu
aparecimento como o avatara dourado: a encarnação de Deus como devoto,
disseminando a importância de se cantar os nomes de Krsna, em seu mantra
sagrado.
Uma
situação onde se digladiam diversas religiões Swami Prabhupada, o santo do
século XX, vem dispor ao conhecimento dos povos que não são diferentes os
nomeados deuses de diversas culturas, pois apenas nessa relação de entendimento
realmente estaremos religados com o Supremo Senhor, desde que não tomemos a
motivação das crenças em geral como pressuposto do ódio e do rancor, na ação
inóspita de querermos impor a certas culturas, já enfraquecidas e vulneráveis,
a salvação eterna a partir de um grupo alterno à realidade cultural dos povos
que mantém – já a duras penas – a sua identidade religiosa e existencial.
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